Covid: Cidades atrasam registro de ao menos 1 a cada 3 vacinas aplicadas
Os municípios brasileiros registram com atraso pelo menos uma em cada três vacinas aplicadas contra a covid-19 no sistema de informações do PNI (Programa Nacional de Imunizações), do Ministério da Saúde.
O dado consta em um boletim especial da pasta, publicado no dia 24 de junho, em que o ministério faz um balanço dos quatro primeiros meses de vacinação no país. Foram relatadas dificuldades das secretarias municipais em cadastrarem as informações em tempo oportuno de cada dose dada. O prazo para esse registro é de até dois dias.
Segundo o documento, até o dia 14 de junho, das 73,6 milhões de doses registradas, apenas 47,2 milhões (64% do total) foram registradas oportunamente, ou seja, até dois dias depois da aplicação da vacina.
Entre os estados, o atraso de registro das doses variou entre 31,4%, no Amapá; e 98,5%, em São Paulo. Em seis unidades da federação (Amapá, Amazonas, Pará, Acre, Distrito Federal e Rio de Janeiro), esse índice esteve sempre abaixo de 50%.
Esse foi o principal argumento de secretarias municipais de saúde para negarem a suspeita de imunização com a AstraZeneca tendo a validade vencida. Reportagem da Folha de ontem mostrou que 29 mil vacinas dadas a brasileiros poderiam estar com prazo ultrapassado.
Para o cálculo de "oportunidade de registro", como chama o Ministério da Saúde, foram consideradas as datas de aplicação da dose e de entrada da informação na Rede Nacional de Dados em Saúde.
"Foi classificado como registro oportuno aquele que esteve disponível na RNDS até dois dias da vacinação. Em relação aos dados inoportunos foram desagregados em três estratos: 3 a 7 dias; 8 a 14 dias e 15 dias ou mais."
Percentuais de registro após a aplicação da vacina
- Até 2 dias - 64%
- Entre 3 e 7 dias - 15%
- 8 a 14 dias - 10%
- 15 dias ou mais - 11%
Os números do boletim especial do Ministério da Saúde também revelam que existem muitos pontos de vacinação sem internet. "Os dados relativos a informatização e conectividade mostraram que 28.404 (88,64%) são serviços informatizados e destes 26.262 (92,46%) tem conectividade com internet."
Mais uma vez há diferenças regionais, com Distrito Federal tendo 100% de conectividade nas salas, e Roraima com apenas 26%.
"Há uma concentração de municípios com menor percentual de acesso à conectividade nos estados das regiões Norte (Pará, Amazonas, Roraima e Acre) e Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará, Alagoas, Sergipe, Bahia e Pernambuco). Nesses, o percentual de salas de vacinas com acesso à internet ficou abaixo de 80%", diz o documento.
Em nota, os conselhos nacionais de secretários municipais (Conasems) e estaduais (Conass) de Saúde informaram que há erros do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações em vez de aplicação de doses vencidas. "Desde o início da Campanha de Vacinação apresenta instabilidade no registro dos dados", dizem as entidades.
O boletim também revelou que 3,8 milhões de pessoas estariam em atraso da segunda dose da vacina. Os números, porém, também podem ser incompletos pela falta de envio de dados por parte das secretarias.
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