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Minha mãe foi vacinada contra a covid-19. Já é seguro abraçá-la?

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Imagem: iStock

Lívia Inácio

Colaboração para VivaBem

05/07/2021 04h00

No dia em que a mãe se vacinou contra a covid-19, Maria Rita Alves Dalledone, 29, fotografou tudo. Da chegada ao hospital ao momento da injeção, a estudante de psicologia cobriu cada cena do evento, com direito a stories no Instagram e fotos enviadas para o grupo de WhatsApp da família. A notícia chegou como um alívio a todos, já que Rita de Cássia Alves, 61, é hipertensa, condição que a enquadra no grupo de risco da doença.

Apesar da emoção compartilhada publicamente, nem a mãe nem a filha afrouxaram os protocolos de segurança. Continuam se vendo pouco e de máscara, usando álcool gel e se isolando o quanto podem. "Vamos seguir assim até a pandemia acabar", diz Maria Rita. Mas será que isso é realmente necessário?

A resposta é: sim. Segundo a bióloga Patrícia do Rocio Dalzoto, professora da UFPR (Universidade Federal do Paraná), só vai ser possível relaxar o distanciamento social e o uso das máscaras depois que o país vacinar em torno de 75% da população com a primeira e a segunda doses —quando, teoricamente, será atingida a chamada imunidade coletiva (ou imunidade de rebanho). Hoje, apenas 12% dos brasileiros já concluíram as duas etapas.

Mas se a vacina é segura e eficaz, por que você ainda não pode abraçar sua mãe como antigamente, mesmo depois de ela ter sido vacinada? A especialista lista duas grandes razões.

A primeira é que, embora uma pessoa imunizada tenha menos chances de desenvolver um quadro grave de covid-19, essa possibilidade ainda existe, sobretudo em meio a mutações do vírus, que tende a se tornar mais forte e virulento enquanto não se imuniza toda a população.

"Por enquanto, as fórmulas usadas conferem proteção contra as variantes conhecidas. Mas não podemos prever o que acontecerá se outras continuarem a surgir", ressalta Dalzoto.

O segundo ponto é a transmissão. A bióloga explica que, entre 15 e 20 dias após a segunda dose, a pessoa já produz anticorpos neutralizantes capazes de impedir a entrada do invasor nas células. Mas isso não quer dizer que não seja possível transmiti-lo a outras pessoas.

Edson Teixeira, imunologista e professor do Departamento de Patologia e Medicina Legal da UFC (Universidade Federal do Ceará), acrescenta que não necessariamente se elimina o vírus assim que se tem contato com ele. Então, todo cuidado é pouco nessa fase de transição pela qual o mundo passa.

Muitas pesquisas têm apontado que a imunização é capaz de reduzir a transmissão, mas não de impedi-la completamente. Um estudo publicado pelo governo inglês, por exemplo, que avaliou os efeitos das vacinas Pfizer e AstraZeneca, mostrou que, três semanas após a segunda dose, infectados tiveram quedas na transmissibilidade que chegavam a 49%. Ainda assim, não dá para descartar a possibilidade de contágio.

Quais cuidados ainda são necessários?

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Imagem: Getty Images

Como a transmissão do vírus ainda ocorre, é preciso tomar os mesmos cuidados habituais entre as pessoas não vacinadas: uso de máscara (de preferência o modelo PFF2), constante higienização das mãos (lavando com água e sabão ou utilizando álcool em gel), isolamento social e medidas de distanciamento.

Isso porque as pessoas vacinadas transmitem o vírus da mesma forma que as ainda não imunizadas: o coronavírus pode ser disseminado pelas mãos e por gotículas proliferadas no ar a partir da fala, do espirro e da tosse, conforme explica o professor Marcelo Pillonetto, da Escola de Medicina da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) e microbiologista do Laboratório Central paranaense.

Teixeira lembra que a pandemia é um problema de ordem comunitária e não individual. Por isso é necessário cumprir acordos coletivos para que todos possam abraçar pessoas queridas o quanto antes. A vacinação é o primeiro passo dessa trilha, mas não é o único cuidado a se tomar agora.

"Já caminhamos muito. Se tivermos só mais um pouquinho de paciência, em breve estaremos festejando", acredita.

Maria Rita não vê a hora desse momento chegar. Responsável por organizar as festas da família, ela já tem vários planos para uma grande ceia de Natal.

"Se não for neste ano, será no ano que vem. Vai ser emocionante reunir todo mundo e dar aquele abraço que a gente espera há tanto tempo", afirma.