Saúde pede mais doses de CoronaVac, mas Butantan irá vender a outros países
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) critica a CoronaVac, vacina contra a covid-19. o ministério da Saúde pediu ao Instituto Butantan mais 30 milhões de doses do imunizante. Pelo menos por ora, o laboratório paulista não se comprometeu a entregar as novas doses ao governo federal.
Em entrevista ao UOL, o presidente do Butantan, Dimas Covas, explicou que o governo federal foi um dos últimos compradores a fechar contratos pela aquisição das vacinas, um em janeiro e outro em fevereiro deste ano.
O Butantan irá cumprir a entrega do último acordo e, depois, afirma Covas, o laboratório irá privilegiar contratos que foram fechados ainda em 2020 com outros países e com o estado de São Paulo.
"Há um pedido do ministério [da Saúde] de fornecimento adicional de 30 milhões de doses que ainda não sinalizamos. Não vamos garantir [o contrato] porque temos outros compromissos com o próprio estado de São Paulo, que fez encomenda de 30 milhões de doses, e com outros países que já deveríamos estar atendendo, como Argentina, Uruguai, Bolívia, Paraguai e Colômbia", disse.
Esse pedido da Saúde aconteceu em meio às críticas de Bolsonaro à vacina e ao rumor de que o governo federal poderia deixar de comprar a vacina do Butantan, que é desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech.
Estamos no Brasil e tivemos que atender o Brasil primeiro, mas temos outros compromissos. Temos que pensar no global."
imas Covas, presidente do Instituto Butantan
Para Dimas Covas, esse suposto desembarque do ministério da compra da CoronaVac é "história mal contada".
"Em nenhum momento houve manifestação do ministro [da Saúde, Marcelo Queiroga], ou de seus auxiliares que cuidam da vacina, de que caberia interrupção da aquisição. Houve com certeza um mal entendido de uma fala do ministro durante a CPI [da Covid-19]".
O episódio a que o presidente do laboratório paulista se refere aconteceu no primeiro depoimento de Marcelo Queiroga à comissão de senadores, em 8 de junho. Na ocasião, Queiroga disse que "seria um posicionamento mais adequado do ministério da Saúde apostar na Butanvac do que na CoronaVac".
A Butanvac é um imunizante contra o novo coronavírus também produzido pelo Butantan, mas que ainda nem começou a fase de testes em humanos.
Questionado sobre uma possível quebra de contrato do governo federal, Dimas Covas rebateu que o Butantan não depende dos contratos com ministério da Saúde.
"O Butantan não depende do ministério da Saúde. Em termos de demanda da vacina, neste momento, nós temos demanda para mais de 60 milhões de doses. Temos outros compromissos inclusive anteriores ao ministério da Saúde".
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