Perder de 5% a 10% do peso já melhora a saúde; confira alguns benefícios
Muita gente que começa um processo de emagrecimento acredita que só dá para comemorar quando a perda de peso é muito grande ou o objetivo final é alcançado. Ledo engano.
Com as mudanças de hábitos e poucos quilos a menos, pessoas obesas ou com sobrepeso —que têm IMC (Índice de Massa Corporal) a partir de 25— já podem sentir os efeitos positivos do emagrecimento. A seguir, mostramos os principais.
Redução da inflamação e melhora do humor
Segundo Patrícia Savoi, médica nutróloga, especialista pela Abran (Associação Brasileira de Nutrologia), quando uma pessoa obesa ou com sobrepeso emagrece, mesmo que seja 5% do peso corporal, é possível notar uma diminuição no processo de inflamação sistêmica do organismo, que é causado pela gordura que se acumula nos tecidos e, em longo prazo, leva à disfunção de vários órgãos —incluindo pâncreas, fígado e coração.
"O cérebro também é um dos beneficiados com isso e passa a funcionar melhor. Assim, o nível de neurotransmissores como a serotonina e a dopamina (que melhoram o humor, ajudam a reduzir o estresse e promovem bem-estar) podem ser impactados de forma positiva", afirma Savoi.
Esse empurrãozinho na saúde mental pode facilitar a manutenção de uma alimentação balanceada e a regularidade na prática de atividades físicas: "A pessoa que está de bom humor e menos estressada tende a se sentir mais disposta, além de deixar de recorrer a doces e outros alimentos calóricos para ter sensações de prazer e felicidade. Tudo isso descomplica o processo de emagrecimento", diz Giuseppe Stefani, professor de nutrição na Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul).
Melhora da glicemia
Para quem sofre com diabetes tipo 2 (doença associada à obesidade), uma redução de cerca de 10% no peso corporal melhora o metabolismo e faz cair o nível de açúcar do sangue (glicemia), de acordo com José Luiz de Brito Alves, professor de nutrição humana e clínica na UFPB (Universidade Federal da Paraíba). Isso porque o excesso de gordura costuma aumentar a inflamação nos tecidos do pâncreas, que é o órgão responsável por sintetizar (produzir) a insulina no nosso organismo —hormônio que leva a glicose para dentro das células, onde a substância é usada como combustível.
"Quando perdemos gordura e aumentamos nossa massa muscular —processo que fica mais fácil quando se alia dieta equilibrada e exercícios físicos regulares—, é natural que o nível de glicose melhore, pois os músculos têm melhores condições para captar esses açúcares no sangue", explica o especialista.
Diminuição da pressão arterial e do colesterol
A 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial —um documento que reúne pesquisas sobre a saúde cardiovascular no Brasil, elaborado pela SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia)— aponta que, para cada 5% de perda do peso corporal, a pressão arterial pode diminuir entre 20% e 30%.
"Se a pessoa sofre com pressão alta, o cardiologista vê esta queda nos números e já pode começar a diminuir alguns remédios. Essa retirada traz mais um pouco de qualidade de vida para o paciente", diz Brito Alves.
Sem dizer que a redução de peso, ainda que pequena, também promove uma diminuição significativa no perfil de LDL, que é o chamado colesterol ruim. O LDL favorece o acúmulo de placas de gordura nos vasos sanguíneos. Em excesso, essas placas restringem a circulação do sangue e, por consequência, aumentam o risco de infarto e AVC (acidente vascular cerebral). "Já há estudos que apontam que o risco para doenças cardiovasculares cai em até 85% com a perda do excesso de peso", completa a médica nutróloga Patrícia Savoi.
Qualidade do sono é turbinada
Assim como acontece com o sistema cardiovascular, o sistema respiratório também fica sobrecarregado quando o indivíduo tem sobrepeso. Um dos maiores problemas, neste sentido, é a ocorrência da apneia do sono —uma condição que leva a interrupções da respiração durante a noite e prejudica a qualidade do sono.
"Durante esses quadros de parada da respiração há um aumento da atividade do sistema nervoso simpático. Em linhas amplas, essa atividade faz crescer a pressão dentro dos nossos vasos sanguíneos e, consequentemente, eleva o risco de eles se romperem", comenta o professor da UFPB.
Nos casos severos, a apneia do sono influencia no descontrole da hipertensão e aumenta o risco de morte por parada cardíaca ou AVC. Perder alguns quilinhos, dessa forma, não só garante um sono de melhor qualidade, como reduz o risco de morte precoce.
Não tenha pressa: os riscos de emagrecer muito em pouco tempo
Como você viu, uma pequena perda de peso já promove benefícios à saúde. Por isso, não há motivos para investir em dietas radicais que prometem emagrecimento rápido, mas colocam seu organismo em risco.
"Todo processo muito abrupto traz efeitos negativos porque o nosso cérebro não entende o que está acontecendo. A possibilidade de ocorrer um rebote —a pessoa retomar aquele peso perdido em pouco tempo ou até superar os quilos que pesava antes— é muito grande", pondera o professor Stefani.
Savoi alerta que dietas muito radicais, que restringem grupos alimentares, podem gerar um déficit de vitamina e minerais, levando a uma queda na imunidade e favorecendo o risco de doenças como anemia, entre outras. Além disso, o emagrecimento muito rápido pode provocar flacidez na pele. Já o efeito sanfona (perde e ganha de peso) piora a composição corporal (a pessoa reduz a massa magra e aumenta a massa gorda) e eleva o risco de diabetes e morte precoce.
Pesquisas da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica) apontam que, em até três anos após o processo de emagrecimento, é comum que o indivíduo retome entre 30% e 50% do peso perdido.
Portanto, o melhor é implementar mudanças graduais no estilo de vida —com alimentação adequada e exercícios físicos regulares— para que o organismo tenha tempo de ajustar suas demandas energéticas e você consiga manter esse novo estilo de vida para sempre.
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