Ela engordou e emagreceu demais até encontrar equilíbrio com alimentação
Já imaginou saborear cachorro quente, pizza, doces, refrigerante e não engordar? A empresária Beatriz da Silva Lopes Moreira, 33, era assim, ela comia sem restrições e os números na balança não mudavam. Casada e com dois filhos, Lara, de 10 anos, e Lucca, de 5, sua alimentação era somente baseada no prazer. Mas Bia, como é conhecida nas redes sociais, viu seu corpo mudar depois da sua segunda gravidez, quando engordou quase 20 kg (ultrapassou os 70 kg com 1,65 m) e não conseguiu voltar ao peso de antes com facilidade. Ao tentar lidar com o problema, desenvolveu um distúrbio de imagem e emagreceu demais. Segundo ela, seu quadro beirou a anorexia. Veja a seguir sua história em conquistar o equilíbrio.
"Eu sou muito criticada por não forçar os meus filhos a comerem legumes. Lembro que a minha mãe colocava o chinelo ao lado da mesa e falava: 'Come senão apanha'. Sei que pensava estar fazendo bem, mas cresci não gostando de legumes e verduras. Quando comecei a ter mais um pouco de independência e fui trabalhar, passei a comer somente o que me dava prazer. Se eu fosse ao self-service, fazia um prato com lasanha, pastel, salgadinho e churrasco. Como não engordava, então estava tudo bem na minha cabeça. Era comum, no meu café da manhã, parar em uma lanchonete e pedir um salgado e refrigerante. Essa era a minha rotina.
Trabalhei ao lado de um shopping e no almoço ia direto para a praça de alimentação. O dia que que me alimentava de forma mais saudável era quando comia lasanha, porque pelo menos montava um prato de comida, e não comia apenas um lanche. Mas depois sempre comia um sorvete ou uma barra de chocolate. No jantar, chegava cansada e não queria cozinhar. E advinha o que eu fazia? Parava na barraquinha do x-tudo e do cachorro quente em frente a minha casa.
Nunca contei caloria. O meu manequim ficava entre 38 e 40, olha que beleza. Mas nas duas vezes que engravidei, mudei um pouco. Passei a consumir quentinhas de arroz, feijão, carne. Só que minha avó falava sempre que era para comer por dois, já que estava alimentando uma criança dentro de mim. Na primeira gravidez, tudo bem. Depois que minha filha nasceu, consegui ainda ficar mais magra, mesmo comendo besteira. Já no meu segundo filho, eu estava trabalhando em um hospital e escutei uma pergunta que nunca esqueci. Uma enfermeira engravidou junto comigo e questionou se eu tinha procurado uma nutricionista. Eu sei que é feio falar isso, mas como eu não tinha problema de peso, não pensava na saúde. Pensava que se na primeira gestação comi de tudo e emagreci, por que iria me privar dessa vez? Vou é ser feliz, isso sim.
Acho que devo ter engordado até uns 20 kg, mas realmente só me importei quando vi que não estava mais conseguindo perder peso. Passei a não me reconhecer mais no espelho. Comprava roupa pensando na Bia que sempre fui, mas quando vestia, ficava uma gordura pulando do lado, a barriga marcando na frente. Comecei a parar de tirar foto e não queria mais comprar roupa. Só usava as mesmas de quando estava grávida. Eu então liguei o botão da vida saudável, sabendo que não seria fácil, que teria que me acostumar com uma rotina totalmente diferente.
Eu fui de 8 ao 80. Fiz a dieta low carb. Estipulei perder 10 kg em um ano e acabei eliminando esse peso em seis meses. Foi quando achei que o céu era o limite e poderia tudo que desejasse. O resultado disso? Menos 20 kg em um ano. Só que comecei a ter distorção de imagem. Sempre olhava no espelho e me sentia gorda. Acho que a linha é muito tênue entre emagrecer com equilíbrio e ter algum transtorno. Eu fiquei com medo de comer carboidrato a tal ponto que provava o arroz que estava fazendo para os meus filhos e cuspia. Queria ver se estava bom, mas não engolia com medo de engordar. Cortei todas as frutas do meu cardápio.
Descobri que tinha um endometrioma que me impedia de me exercitar. Então perdi o peso só mesmo com dieta e por isso tinha que ser rígida. Sei que depois de um ano, já com 50 kg e operada desse endometrioma, queria ganhar músculos e entrei para academia. O problema é que continuei na dieta radical e pegava pesado na musculação. Perdi ainda mais peso. Foi então que fui a um aniversário de família e tiraram uma foto minha. Quando vi aquela fotografia me assustei e percebi que estava doente.
Mais uma vez passei a não me reconhecer. Conversei com meu marido e ele disse que já tinha percebido, mas quando tentava me alertar, eu falava que tinha que eliminar só mais dois quilos sempre. Cheguei aos 48 kg.
pelo IMC (índice de massa corporal), Bia estava abaixo do peso. O corpo magro deixa de ser saudável e o organismo fica mais vulnerável a infecções.
A partir de então iniciei um novo processo de alimentação. Ele inclui mais raízes, alimentos integrais e vi que meu corpo estava mais torneado, peguei massa muscular. Agora a palavra é equilíbrio. Se comer uma pizza em uma festa, procuro não furar a dieta durante o dia, tudo é uma questão de compensar. Tudo sem neura, a minha vida mudou, hoje tenho outra relação com a comida".
Transtorno alimentar merece atenção
O que começa como vontade de perder um pouco de peso, muitas vezes se transforma em compulsão. De acordo com o Ambulim (Programa de Transtornos Alimentares), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, os transtornos alimentares são doenças psiquiátricas que se caracterizam por padrões de comportamentos alimentares inadequados que podem afetar tanto o consumo como a absorção dos alimentos.
A anorexia, distúrbio com o qual Bia acredita ter flertado, tem seu diagnóstico pautado no baixo peso corporal, que se mantém pela utilização de recursos extremos como longos períodos de jejum, exercícios físicos excessivos, vômitos voluntários, uso de laxantes, diuréticos ou moderadores de apetite, no intuito de forçar uma perda de peso maior.
"Tais comportamentos inadequados são mantidos devido ao medo intenso de ganhar peso ou engordar", segundo o Ambulim. "Comumente pode haver distorção da imagem corporal ou outras perturbações na vivência do peso e forma corporal ou ausência de crítica quanto a gravidade do baixo peso".
O tratamento geralmente é medicamentoso (ansiolíticos e antidepressivos) e psicoterápico, e pode durar de um a três anos. Em alguns casos, a anorexia e a bulimia exigem acompanhamento médico por toda a vida.
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