Anunciar vacinação de adolescentes não faz sentido agora, diz SBIm
Para a SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), "não dá para entender" o motivo de o governo de São Paulo ter anunciado hoje que pretende começar a vacinar adolescentes a partir do final de agosto. Neste momento, porém, o Ministério da Saúde ainda não liberou a imunização para esse público.
"É o tipo da informação que não vai ajudar em absolutamente nada. Por isso que talvez seja informação só de cunho político", avalia Juarez Cunha, presidente da SBIm. "É algo que vai acontecer daqui a um mês e meio. Por que anunciar agora?"
Apesar de a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ter aprovado o imunizante da Pfizer para uso em pessoas com idade entre 12 e 17 anos, o Ministério da Saúde diz que o tema "está em discussão". Hoje, só podem ser vacinadas pessoas com 18 anos ou mais, respeitando a ordem de prioridade, dos mais velhos para os mais novos.
Desconforto para o PNI
Para Cunha, o governo de São Paulo deveria aguardar uma posição do PNI (Programa Nacional de Imunização) sobre a vacinação de adolescentes antes de fazer o anúncio. "Você anunciar isso acaba gerando um desconforto até para o próprio PNI e para os outros estados que não anunciaram", diz Cunha. "A gente acaba tendo uma politização."
"Acho que é fundamental uma posição do PNI junto com os estados, não uma posição individual de cada estado", comenta.
Além de aguardar o PNI, o presidente da SBIm acredita que a gestão de João Doria deveria esperar a proximidade do fim da vacinação de pessoas com mais de 18 anos para indicar um calendário para vacinar adolescentes. "Você poderia anunciar isso quando atingir aquela população ou uma semana antes."
O que vai acontecer agora? Todos os estados vão querer anunciar a mesma coisa ou forçar o PNI a anunciar isso
Juarez Cunha, presidente da SBIm
"Anúncio político"
No mês passado, a cidade do Rio de Janeiro também anunciou um calendário de vacinação para adolescentes. O prefeito carioca, Eduardo Paes (PSD), e Doria têm trocado mensagens nas redes sociais dizendo que vacinarão suas respectivas populações primeiro.
"Um anúncio um mês e dez dias antes [no caso paulista], na verdade, acaba sendo só um anúncio político", diz Cunha, que também reforça que não se sabe hoje qual será o cenário do país no final de agosto quanto à vacinação.
Cunha reforça que a SBIm acredita que, em algum momento, adolescentes e crianças deverão começar a ser vacinados, e também projeta que isso poderá ser alcançado perto do mês de setembro.
Ele também pontua que, de acordo com o quantitativo contratado pelo ministério, haverá doses suficientes para vacinar os menores de idade ainda este ano.
Porém, ele diz que esses anúncios, de São Paulo e do Rio, atrapalham a comunicação sobre vacinação contra o novo coronavírus no país, que já não tem um bom histórico. "Quando tem informações que são diferentes do que o PNI preconiza, só se traz mais desconfiança para a população", comentou.
Acho que a gente tem que ter uma estratégia única e que seja respeitada por todos
Juarez Cunha, presidente da SBIm
"Isso acaba gerando um ruído porque são notícias que circulam por todo o país. E você tem diferentes decisões dos diferentes estados. Isso atrapalha a campanha", diz. "É sempre muito ruim quando algum estado faz uma orientação diferente do que o PNI está fazendo."
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