Em quatro meses, mortes por covid caem 46% em São Paulo, diz governo
O governo de São Paulo anunciou hoje uma redução de 46% no número de mortes causadas pela covid-19 no estado entre os meses de março e julho deste ano.
Segundo o governador João Doria (PSDB), a proporção dos pacientes que morriam após serem internados era de 31% em março. Agora, é de 19%.
Na coletiva de imprensa, realizada hoje no Palácio dos Bandeirantes, na zona sul da capital paulista, a secretaria de Saúde apresentou dados que apontam queda na média diária de óbitos queda desde meados do mês de abril, quando o número atingiu o pico com média de 813 óbitos por dia. Hoje, essa média está em 373 mortes.
O mesmo movimento de regressão foi visto na média de casos, que caiu 10,7% em comparação com última semana, e de internações, que também diminuiu 14% em comparação à semana anterior.
A demanda por leitos clínicos também reduziu em todo o estado à medida que a vacinação contra a covid-19 avança. Na segunda-feira, a taxa de ocupação de leitos de UTI covid-19 era de 66,2% e na Grande São Paulo era de 60,9%. Hoje, o índice de ocupação no estado é 65% e, no ABCD paulista, de 60,2%.
O governo atribui a melhora nos números à vacinação. "É resultado dos altos índices de cobertura vacinal. E principalmente entre os idosos acima de 70 anos, que já tomaram a primeira e a segunda dose da vacina", afirmou Doria, que completou dizendo que, deste universo, 80% dos idosos tomaram a vacina CoronaVac, que vem sendo acusada erroneamente de ser ineficaz contra a covid-19.
Os números, considerados "robustos", são motivo de confiança pela equipe de combate à pandemia no estado. "São quatros semanas consecutivas em queda, em níveis próximos ao início de março", afirmou o secretário de Saúde, Jean Gorychteyn.
Temos redução nas nossas internações tanto nas UTIs como também nas nossas enfermarias. estamos internando pessoas com quadros menos graves e, com isso, fazendo com que esse impacto no número de internações seja reduzido."
Jean Gorinchteyn, secretário de Saúde de SP
Durante o anúncio, Doria afirmou ainda que, amanhã, serão entregues mais 200 mil doses de vacinas produzidas pelo Instituto Butantan. Com as 800 mil entregues na manhã de hoje, o lote final será de um milhão de doses. A partir de agora, o laboratório fará entregas às segundas, quartas e sextas.
"Até o final de agosto, vamos entregar 100 milhões de doses da vacina do Butantan para a vacinação no Brasil. E aí, completamos [o contrato] 30 dias antes do prazo previsto", afirmou Doria.
Otimismo
A coletiva de hoje foi mais uma em que Doria, em sua primeira fala, chamou atenção para as "boas notícias". Há duas semanas, principalmente ancorado às antecipações do calendário de vacinação contra a covid-19 no estado, ele tem seguido essa estratégia. Em novo anúncio no último final de semana, o estado prometeu vacinar todos maiores de 18 anos até 20 de agosto.
Na capital paulista, dona do maior número de habitantes do estado, o clima é diferente. Integrantes da prefeitura de São Paulo relatam um receio pela falta de doses a cada redução do calendário.
Um dia depois do novo anúncio pelo governo de São Paulo, o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), cobrou mais doses de vacina do estado. Em notas oficiais, a secretaria municipal de Saúde disse que estava "prevista" a vacinação de pessoas com 36 anos nesta semana.
Esse conflito começou ao final de junho, quando a capital sofreu um apagão de doses de vacina em quase todas as unidades de saúde após uma antecipação do calendário pelo governo do estado. Nunes e membros do governo Doria trocaram acusações sobre a responsabilidade da falta de imunizantes.
Já o governo do estado, em público, tem negado falta de alinhamento do calendário com a capital. O secretário de Saúde do estado, Jean Gorinchteyn, falou hoje em "diálogo muito próximo" com a prefeitura.
"Todas as doses que são enviadas são comunicadas nas 24h [anteriores] para que possa ser feita a distribuição logística no próprio município. Dessa forma, é natural que um município que tenha uma densidade populacional muito grande tenha uma preocupação operacional. Não teremos problemas de doses de vacina em nosso estado", prometeu.
Após ser questionado, João Doria, que participou presencialmente da coletiva de imprensa, também relatou que está com sintomas de resfriado e coriza. Ele já foi vacinado com duas doses contra a covid-19. Procurada, a assessoria de imprensa do governador ainda não respondeu se ele fará teste para covid-19 e cumprirá isolamento.
Longe da normalidade
O coordenador-executivo do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo, João Gabbardo, disse que apesar dos esforços empregados pela gestão estadual, São Paulo ainda está longe da normalidade.
De acordo com Gabbardo, até o final de setembro 86% da população já estará vacinada e o estado terá um maior controle da pandemia. "É muito provável que a partir daí possamos flexibilizar algumas atividades que hoje não são possíveis", disse o coordenador-executivo.
Jovens ainda não vacinados podem estar transmitindo a covid-19 para outros grupos de faixa etária, segundo a liderança do centro de contingência. Com isso, a expectativa é que a normalidade será adquirida de forma gradual no estado. Segundo Gabbardo, a administração do entende que ela está "diretamente relacionada" com o processo de vacinação.
Quando, no dia 20 de agosto, nós tivermos com 100% da população acima de 18 anos já vacinada, isso significará que teremos 80% da população do estado de São Paulo vacinada. 20% da população tem menos de 18 anos
João Gabbardo
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