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Apenas o Butantan pode negociar a CoronaVac para o Brasil, diz Sinovac

"No Brasil, apenas o Instituto Butantan, nosso parceiro exclusivo, pode comprar a CoronaVac", reforçou a Sinovac em nota - José Aldenir/TheNews2/Estadão Conteúdo
"No Brasil, apenas o Instituto Butantan, nosso parceiro exclusivo, pode comprar a CoronaVac", reforçou a Sinovac em nota Imagem: José Aldenir/TheNews2/Estadão Conteúdo

Do VivaBem*, em São Paulo

18/07/2021 17h01Atualizada em 18/07/2021 18h28

Responsável pelo desenvolvimento da CoronaVac, a farmacêutica Sinovac Biotech reforçou hoje que apenas o Instituto Butantan está autorizado a negociar a vacina para o Brasil. A manifestação acontece dois dias depois de a Folha de S.Paulo revelar que, em março deste ano, o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, negociou com intermediários a compra de 30 milhões de doses do imunizante.

"A CoronaVac é desenvolvida, produzida e distribuída pela Sinovac. No Brasil, apenas o Instituto Butantan, nosso parceiro exclusivo, pode comprar [negociar] a CoronaVac. Temos trabalhado muito com o Instituto Butantan para fornecer vacinas a preços acessíveis para o povo brasileiro", afirmou a farmacêutica em nota.

Qualquer informação divulgada por qualquer empresa sem a autorização da Sinovac não tem validade jurídica. Em caso de publicação de notícias falsas, nos reservamos o direito de tomar todas as medidas, incluindo legais e de busca por soluções e responsabilização.
Sinovac Biotech, em nota

Segundo revelado pela Folha, Pazuello recebeu representantes da World Brands Distribuição em 11 de março. Na ocasião, gravou um vídeo para anunciar o interesse na compra das doses da CoronaVac. Uma pessoa identificada como "John" se manifestou em nome da empresa.

O preço da dose oferecido pela empresa seria quase três vezes maior que o do Butantan, ainda de acordo com o jornal. A companhia cobraria US$ 28 por dose da CoronaVac — ou R$ 155, na cotação da época. O preço do Butantan era de R$ 58, convertidos.

"Saímos daqui hoje com o memorando de entendimento já assinado e com o compromisso do Ministério [da Saúde] de celebrar o contrato para podermos receber essas 30 milhões de doses no mais curto prazo possível para atender a nossa população", diz Pazuello na gravação.

Pazuello se contradiz

Pazuello pediu demissão do Ministério da Saúde três dias depois do vídeo, que hoje é um dos documentos analisados pela CPI da Covid. A gravação contradiz o próprio general, que, ao depor à comissão, afirmou que não cabia ao ministro negociar a compra de vacinas.

"Sou o dirigente máximo, não posso negociar com empresa. Quem negocia com empresa é o nível administrativo, não o ministro. O ministro jamais deve receber uma empresa", disse Pazuello à CPI, em 19 de maio. (Veja no vídeo abaixo)

Na sexta-feira (16), o ex-ministro divulgou uma nota negando ter negociado vacina: "Enquanto estive como ministro, em momento algum negociei vacinas com empresários, fato que já foi reiteradamente informado na CPI e em outras instâncias judicantes."

Condenação por fraude

Dono da World Brands, que teria oferecido 30 milhões de doses da CoronaVac a Pazuello, o empresário Jaime José Tomaselli foi um dos três condenados pela Justiça Federal de Itajaí (SC), em maio de 2014, por participar de conluio que fraudou documentos de importação de produtos.

Segundo decisão do juiz Marcelo Micheloti, notas fiscais de importação de "carrinhos de controle remoto, embalagens em cartela de papel com plástico e lâmpadas fluorescentes" eram falsamente emitidas em nome de uma das empresas de Tomaselli, a Marfim. Mas os produtos eram adquiridos por outra firma, para "ocultar a real adquirente e ludibriar a fiscalização estatal".

Tomaselli foi condenado a 1 ano e 6 meses de prisão. A pena foi transformada em pagamento de R$ 54 mil em multa e prestação de serviços comunitários. A decisão foi mantida pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4.ª Região). Um recurso e um habeas corpus foram negados pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).

(*Com Estadão Conteúdo)