'Não é verdade que quanto mais vacina, mais proteção', diz epidemiologista
Carla Domingues, epidemiologista e ex-coordenadora do PNI (Plano Nacional de Imunização) disse que, em meio às discussões sobre uma possível aplicação de uma terceira dose das vacinas contra a covid-19, há uma confusão comum de que quanto mais vacina tomar, mais protegido estará o indivíduo. Segundo ela, isso é um mito.
"Tem esse mito de que quanto mais vacina você tomar mais você vai estar protegido. Não é assim. Depende do tipo de plataforma que você está utilizando, de como essas vacinas reagem no organismo. Estou vendo gente procurando tomar a terceira dose aleatoriamente, achando que vai estar mais protegido sem estudos clínicos", afirmou durante o UOL Debate na manhã desta segunda-feira (19).
Carla reforçou a importância de estudos para determinar se uma terceira dose será realmente eficaz. "A gente precisa de estudos para mostrar se a terceira dose vai ter benefício adicional, ou se eu aplicar uma vacina diferente com outra plataforma o meu organismo vai reagir mais fortemente, vai criar uma resposta mais robusta do que simplesmente dar uma dose da mesma plataforma. Os estudos são fundamentais, não adianta a gente sair à galega buscando vacinas sem estudos, porque possivelmente tem um grande investimento e ele possivelmente será pouco efetivo".
Para a epidemiologista, estados que já estão dizendo que vão dar uma terceira dose é uma definição intempestiva e equivocada.
"Não é simplesmente dizer que 'achamos que a CoronaVac tem uma baixa resposta, porque acreditamos que a eficácia de 50% não é adequada, então, vamos decidir uma terceira dose'. Possivelmente, uma terceira dose não vai estimular o organismo para produzir mais anticorpos, não vão ter eficácia de 70% porque tomou a segunda dose. Possivelmente, uma terceira dose vai manter o mesmo nível de anticorpos", explica.
3ª dose da AstraZeneca
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou hoje a realização de estudo clínico para aplicação de uma terceira dose da vacina AstraZeneca contra a covid-19 em voluntários que receberam as duas doses iniciais, com o intervalo de quatro semanas.
O estudo deve avaliar a segurança, eficácia e imunogenicidade (se a vacina é capaz de produzir resposta imune) da dose de reforço.
A Anvisa informou que a terceira dose da vacina contra a covid-19 será aplicada entre 11 e 13 meses após a segunda dose. "Trata-se de um estudo de fase 3, controlado, randomizado, simples-cego, ou seja, em que só o voluntário não saberá o que tomou: se uma dose da vacina ou de placebo", afirmou a agência em nota.
Poderão participar como voluntários pessoas entre 18 e 55 anos, que estejam altamente expostos ao coronavírus, como profissionais de saúde. Não serão incluídas gestantes e pessoas com comorbidades.
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