Falar de incontinência urinária pode ser mais difícil que expor depressão
A incontinência urinária é quando ocorre a perda involuntária da urina, ou seja, quando há um escape do xixi a "conta-gotas" ou antes mesmo de chegar ao banheiro. Para muitos brasileiros, falar sobre o assunto é mais difícil do que conversar sobre a depressão, segundo uma pesquisa da empresa sueca Essity, feita pela United Minds, com dados coletados pelo Cint Instituto de Pesquisas.
No relatório, 20% dos brasileiros colocaram a incontinência urinária no topo da lista de tópicos que geram desconforto ao serem discutidos, atrás de depressão (18%) e menstruação (17%), por exemplo.
O relatório revelou também que as mulheres se sentem ainda mais desconfortáveis para comentar sobre a questão: 24% das participantes afirmaram sentir dificuldades ao discutir sobre incontinência urinária, contra 16% dos homens entrevistados considerando o assunto incômodo.
Estigma sobre a incontinência urinária
Enquanto tabus relacionados à depressão e à menstruação diminuem com a idade dos entrevistados, o estigma quanto ao tema da incontinência urinária aumenta com o passar dos anos.
Segundo a pesquisa, 22% dos respondentes entre 61 e 80 anos mencionaram o desconforto ao discutir a incontinência, enquanto temas como menstruação e depressão apresentaram menos citações, com apenas 9% e 10%, respectivamente.
O levantamento foi feito com mais de 15 mil pessoas, via questionário online em janeiro de 2020, no Brasil e em outros 15 países, como África do Sul, Alemanha, Austrália, Brasil, China, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Índia, Itália, México, Reino Unido, Rússia e Suécia.
Existem tratamentos para incontinência urinária; veja
Há cura em grande parte dos casos e a incontinência é tratada a partir da avaliação individual do paciente. Por isso, é importante que as pessoas busquem ajuda médica para que o quadro não se agrave.
Na incontinência do tipo de esforço (quando a pessoa faz força para tossir, correr ou pular e "vaza" a urina), o tratamento se inicia com fisioterapia do assoalho pélvico, para casos leves. Para situações moderadas e severas, o tratamento é cirúrgico, com procedimento minimamente invasivo chamado Sling — o protocolo tem eficiência em mais de 95% dos casos.
Para incontinência urinária do tipo bexiga hiperativa, ou urge-incontinência (quando o paciente tem uma vontade muito forte e abrupta de fazer xixi e não consegue segurar), o tratamento é medicamentoso. Existem remédios, por via oral, chamados anticolinérgicos que fazem com que a bexiga pare de ter contrações urgentes.
Em casos onde o uso de remédio não traz resultados, existe tratamento com aplicação de toxina botulínica intravesical, através de um procedimento no hospital, no centro cirúrgico, de grande eficácia. O único problema é que são necessárias aplicações periódicas —semestrais ou anuais.
Para a incontinência masculina, consequente da cirurgia radical para câncer de próstata, o tratamento é fisioterapia do assoalho pélvico, para casos leves. Existe alternativa cirúrgica de acoplação de esfíncter artificial ou Sling masculino, para casos moderados ou intensos.
Dependendo da avaliação médica também é possível fazer terapia comportamental contra a incontinência urinária. Ela baseia-se em intervenções educativas, em mudanças nos hábitos de vida e no comportamento do paciente que possa influenciar positivamente na melhora dos sintomas.
Você pode prevenir a incontinência urinária
Para incontinência urinária do tipo do esforço, a melhor forma de evitar o quadro envolve fazer atividade física regular, evitar a obesidade e, no caso de agravamento relacionado à menopausa, procurar um ginecologista para acompanhamento. O uso de creme de vaginais com progesterona pode ajudar no último quadro.
Para incontinência urinária do tipo urge-incontinência ou aquela relacionada a bexiga hiperativa que acomete mais mulheres, a recomendação é evitar alimentos que irritam a bexiga, como o café, a pimenta e outros molhos picantes.
Com relação à prevenção da incontinência urinária masculina, o ideal é buscar técnicas cirúrgicas cada vez menos agressivas quando existe um problema com a próstata. No caso de cirurgia de prostatectomia radical, a cirurgia do tipo robótica tem bons resultados, por ser menos agressiva e preservar melhor a área de tratamento.
* Com informações de reportagem publicada no dia 03/11/2020.
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