Grávidas que tomaram AstraZeneca podem receber vacina diferente na 2ª dose
O Ministério da Saúde anunciou hoje que gestantes e puérperas (mulheres que deram à luz a menos de 45 dias) que foram imunizadas com a 1ª dose da AstraZeneca poderão receber um imunizante diferente na segunda aplicação. De acordo com a pasta, elas deverão receber "preferencialmente" a 2ª dose da Pfizer. Quando não for possível, poderão completar a imunização com a CoronaVac.
A pasta reforçou que a mudança de fabricante entre as doses das vacinas não é recomendada para todos. A exceção, válida apenas para mulheres grávidas ou que estejam no puerpério, tem o objetivo de acelerar o avanço da cobertura vacinal contra a covid-19.
Caso a vacina da Pfizer não esteja disponível, acrescentou a pasta, as gestantes podem tomar a CoronaVac, apesar de esta vacina ter um intervalo entre doses de 28 dias, bem menor do que o adotado para os imunizantes da AstraZeneca e da Pfizer (12 semanas).
"Aquelas gestantes que se vacinaram com a vacina AstraZeneca, principalmente no início da gravidez, elas podem, sim, fazer a intercambialidade. O que é isso? Tomar uma outra vacina distinta desta. Lembrando que essa intercambialidade é apenas recomendada para questões de exceção", disse em coletiva Rosana Leite de Melo, secretária extraordinária de enfrentamento à covid-19.
É importante que elas [grávidas e puérperas] se vacinem, façam essa intercambialidade, preferencialmente com a vacina da Pfizer. (...) [Mas] Nós vivemos num país extremamente grande, com algumas dificuldades em municípios distantes. Nós sabemos que, por questões de acondicionamento deste imunizante [Pfizer], muitas vezes não se consegue levar até lá. Na excepcionalidade, ela poderá usar a CoronaVac, que mostra uma boa efetividade.
Rosana Leite, do Ministério da Saúde
A secretária ainda enfatizou que a intercambialidade não é aplicável para os demais públicos — ou seja: à exceção das gestantes, quem tomou AstraZeneca na primeira dose deve tomar a mesma vacina na segunda. "Ainda não é permitida a intercambialidade nos casos normais. Quando isso acontecer, ele deve ser tratado como um erro vacinal e notificado no eSUS", afirmou.
A recomendação pela intercambialidade de vacinas para gestantes já havia sido publicada em nota técnica do Ministério da Saúde na semana passada. Assinado por Rosana, o documento afirma que existem dados "indicando boa resposta imune em esquemas de intercambialidade" e informações que apontam uma "segurança favorável".
Estados e municípios já adotavam intercambialidade
O novo esquema vacinal para grávidas e puérperas já vinha sendo adotado em alguns estados e municípios antes mesmo da autorização do Ministério da Saúde. Em São Paulo, por exemplo, o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB) anunciou na última quarta-feira (21) a possibilidade de intercambialidade de vacinas para este público.
A medida passou a valer na sexta-feira (23) para todas as grávidas e mulheres com até 45 dias de pós-parto que tomaram a primeira dose da AstraZeneca e que agora podem tomar a segunda dose da Pfizer.
Na cidade do Rio de Janeiro, a prefeitura autorizou ainda no fim de junho a aplicação da vacina da Pfizer na segunda dose para gestantes que tomaram a da AstraZeneca na primeira. Na ocasião, o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, reforçou que a intercambialidade pode acontecer desde que haja avaliação médica dos riscos e benefícios.
"Seguindo a recomendação do nosso comitê: as gestantes que tomaram a primeira dose da vacina AstraZeneca poderão, mediante avaliação dos riscos e benefícios com seus médicos, realizar a segunda dose com a vacina da Pfizer 12 semanas após a primeira dose", explicou ele nas redes sociais.
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