Pós-covid-19: sequelas afetam a memória e o raciocínio, mostra estudo
A covid-19 afeta diversos órgãos e, consequentemente, pode deixar sequelas nos pacientes —umas mais leves e outras mais graves. Isso tem sido uma das grandes preocupações dos especialistas, que enfatizam a importância de estudar esses impactos de longa duração.
Esse é o caso de um estudo publicado em 22 de julho de 2021, na EClinicalMedicine, que contou com a participação de 81.337 pessoas. Conduzido pelo renomado Imperial College London (Inglaterra), a pesquisa sugere que o cérebro é um dos órgãos mais atingidos por sequelas, deixando os pacientes com um déficit cognitivo, isto é, com problemas de memória, dificuldade de raciocínio, resolução de problemas, entre outros.
Os participantes fizeram uma avaliação online como parte do Great British Intelligence Test. Esse é um teste cognitivo clinicamente validado que envolve uma série de desafios cerebrais curtos, além de um questionário.
Do total de pessoas, 326 já haviam tido covid-19, confirmada por teste, mas não haviam sido hospitalizadas. Já outras 192 foram hospitalizadas com covid-19 grave.
Os resultados foram coletados para avaliar sua capacidade cognitiva, que foi então comparada com a amostra geral para identificar os efeitos remanescentes da infecção.
Déficits foram confirmados
Depois de controlar fatores como idade, sexo, educação, língua materna, lateralidade, entre outros, os pesquisadores descobriram uma diminuição nos déficits cognitivos naqueles que haviam contraído covid-19 anteriormente.
Além disso, os resultados foram agravados nas pessoas que desenvolveram a forma mais grave da doença. Por exemplo, aqueles com sintomas respiratórios tiveram uma pontuação pior no teste do que os que não tiveram problemas respiratórios.
Os pacientes que estavam anteriormente em um ventilador tiveram um déficit de 0,47, enquanto aqueles sem ventilador tiveram um déficit de 0,27. Para se ter uma ideia, o déficit médio experimentado por pacientes com AVC (Acidente Vascular Cerebral) é de 0,24. Quanto maior o déficit, mais problemas cognitivos o paciente tem.
Embora possa haver muitas razões para esses resultados, os pesquisadores exploraram vários fatores de confusão, incluindo condições pre-existentes e quaisquer sintomas de covid-19 em curso. No entanto, eles descobriram que o controle desses fatores não alterou os resultados.
No Twitter, a professora Christina Pagel, diretora da Unidade Operacional Clínica da University College London, explicou os resultados.
"Os déficits cognitivos permaneceram quer os sintomas em curso existissem ou não, e também não dependeram do tempo desde o início. Isso parece sugerir que é um efeito de longa duração. Também não depende de problemas de saúde preexistentes".
Os pesquisadores ressaltam que os resultados obtidos devem ser analisados com cautela, já que problemas cognitivos podem ser desencadeados por inúmeros fatores.
No entanto, o estudo aponta um impacto significativo e duradouro em pacientes de todas as idades, o que mostra a necessidade de mais pesquisas relacionadas.
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