Rio inicia hoje vacinação em massa contra a covid-19 no Complexo da Maré
O Rio de Janeiro inicia hoje a vacinação em massa de toda a população adulta jovem, a partir dos 18 anos, do Conjunto de Favelas da Maré, que ainda não recebeu doses da vacina contra a covid-19. A campanha, que termina no próximo domingo (1º), será feita com o imunizante da AstraZeneca, produzido pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
A iniciativa integra estudo inédito da Fiocruz para mapear o impacto da vacinação na população da comunidade, tendo em vista as peculiaridades presentes em territórios de favelas e periferias. Os pesquisadores propõem uma avaliação que vai além do levantamento da efetividade direta das vacinas na proteção contra o vírus e suas variantes.
A meta é antecipar a vacinação de 31 mil pessoas. Junto com as demais faixas etárias, que, conforme o calendário do município, já tinham recebido a vacina, elas passam a ser monitoradas por grupos de pesquisa. A efetividade da vacina vai levar em consideração os critérios de idade, sexo, tipo de vacina ministrada, tempo de infecção após a vacinação, tempo até a segunda dose, ocorrência de casos graves e prevenção de óbitos.
"Olhar o impacto da vacinação numa grande comunidade já seria algo inédito", afirma o coordenador do estudo, o infectologista Fernando Bozza, da Fiocruz. "Agora, pensar que isso será realizado na Maré, que tem uma dimensão populacional superior a 96% dos municípios do País, é algo único, que nos permitirá um mapeamento com características singulares."
O Complexo da Maré é o maior conjunto de favelas do Rio de Janeiro, onde vivem cerca de 140 mil pessoas.
Além de testar a efetividade da imunização, a pesquisa vai levantar aspectos da doença em si. Serão pesquisadas características como a dinâmica de transmissão do vírus no território, a vigilância das suas variantes e o acompanhamento de possíveis efeitos adversos da vacina.
Para calcular a proteção que a vacina conferirá à população do complexo, será feita testagem em massa. Além disso, todos os resultados positivos serão encaminhados para a realização do sequenciamento genético. Isso permitirá identificar a variante do vírus e entender, por exemplo, se algumas cepas são mais eficientes do que outras para burlar a imunização.
"Comparativamente ao restante da cidade, a comunidade da Maré vacinou muito pouco, porque a população ali é muito jovem; apenas 5% dos moradores têm mais de 60 anos", destaca o coordenador do estudo. "Vamos aprender também como mobilizar esses jovens e adultos jovens para a imunização, numa comunidade conflagrada, com três grupos armados em conflito, com todas as dificuldades que a gente conhece."
Depois de vacinadas, duas mil famílias (cerca de 8 mil pessoas) serão acompanhadas de perto por seis meses. A meta será entender melhor a dinâmica da disseminação do vírus dentro das casas. Os pesquisadores querem saber como se dá a transmissão na família e, principalmente, se as crianças e adolescentes estarão protegidas com a imunização dos adultos.
"Um dos objetivos do estudo é entender a dinâmica da transmissão e a proteção indireta que esse grupo pode adquirir uma vez que a família esteja imunizada", explica Bozza. "Queremos entender se a vacinação em massa da população adulta inibe a circulação do vírus de forma a proteger também as crianças e adolescentes (que não serão vacinados)."
Atendimento
Para a vacinação em massa nos quatro dias, a prefeitura do Rio mobilizou também a subprefeitura do local, a Secretaria Municipal de Educação e toda a rede de 45 escolas da Maré, para garantir a mais ampla cobertura vacinal.
Estarão disponíveis 121 postos de vacinação, incluindo as sete unidades de saúde da comunidade e sedes de associações de moradores. O funcionamento desta quinta-feira a sábado será das 8h às 17h. No domingo, o atendimento vai até as 12h. Pelo menos 1.600 pessoas estão envolvidas.
Os dois primeiros dias serão destinados à vacinação antecipada de adultos jovens entre 18 e 34 anos e, no sábado e domingo, pessoas de outras faixas de idade que ainda não receberam a vacina, bem como a aplicação da segunda dose para quem estiver com o calendário previsto para estes dias. Os pesquisadores estão preocupados com as pessoas que não estão voltando para tomar a segunda dose.
Embora não estejam dentro do público-alvo da imunização, o grupo — composto por crianças e adolescentes — também integra a pesquisa. Segundo o coordenador, é preciso entender se a vacinação em massa da população adulta inibe a circulação do vírus de forma a proteger também as crianças e os adolescentes.
* Com informações do Estadão Conteúdo e Agência Brasil
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