Afasia progressiva primária: conheça síndrome que Alicinha Cavalcanti tinha
Nesta segunda-feira (2), morreu a promoter Alicinha Cavalcanti, de 58 anos, que realizava o tratamento contra uma afasia progressiva primária desde 2015. A informação foi confirmada em publicações das apresentadoras Marília Gabriela e Astrid Fontenelle, amigas de Alicinha.
"Foi supercombativa em sua luta contra a infelizmente invencível Afasia Progressiva Primária. Lutou e lutou até hoje pela manhã", escreveu Marília. "Perdi hoje minha amiga mais sapeca e deliciosa. Mulher forte. Mulher amorosa", destacou Astrid, ao mostrar uma foto em que apareceu com Alicinha, uma das promotoras de eventos mais famosas do Brasil.
A afasia progressiva primária, também conhecida pela sigla APP, é uma síndrome neurodegenerativa, considerada rara, que acomete a parte frontotemporal do cérebro —até por isso, faz parte das demências frontotemporais. Geralmente, a APP ocorre entre 45 e 65 anos.
"A característica de uma doença degenerativa é que a tendência é sempre de piora, com ou sem tratamento", explica Danillo Vilela, neurocirurgião e mestre em Ciências pela USP (Universidade de São Paulo). No caso da afasia progressiva primária, a pessoa apresenta a perda progressiva e predominante da linguagem, ou seja, a comunicação vai ficando mais difícil.
Não há cura e nenhum medicamento específico para a APP. Os remédios utilizados servem para controlar os sintomas, além das atividades de reabilitação, como fisioterapia e fonoaudiologia —todas medidas paliativas.
Mas ninguém morre de um quadro de demência. O problema, na verdade, são as complicações da doença. "Com a progressão do quadro demencial, a pessoa vai perdendo a capacidade de autocuidado. Ela precisa da sonda de alimentação, fica acamada e tudo isso aumenta risco de processo de infecção e, consequentemente, do comprometimento de alguns órgãos", diz Vilela.
Qual a relação com a ELA?
De acordo com a Folha de S.Paulo, além da APP, a promoter também tinha o diagnóstico de ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica), que, diferente da afasia, afeta a região da medula espinhal, causando um grande comprometimento físico e não mental —mas ambas são degenerativas.
"Com o tempo, na ELA, a pessoa também vai perdendo a capacidade de falar e também apresenta dificuldades para engolir", explica o médico. Além disso, é uma doença que atinge pessoas mais jovens, antes dos 50 anos.
Também diferente da afasia, a ELA possui um medicamento específico que auxilia no tratamento, com valor de alto custo, mas que ajuda apenas a retardar a progressão da doença, e não a sua cura.
Ambas doenças, a ELA e a afasia progressiva primária, envolvem mutações genéticas, mas têm causas desconhecidas.
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