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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Caroço no seio nem sempre é câncer de mama, pode ser fibroadenoma

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Samantha Cerquetani

Colaboração para VivaBem

02/08/2021 04h00Atualizada em 18/08/2021 11h31

Um dos maiores medos das mulheres é apalpar os seios e sentir um caroço na região durante o autoexame. No entanto, apesar de assustador, o surgimento de um nódulo (ou mais) nas mamas, muitas vezes não significa um câncer. Pode ser um tumor benigno, como é o caso do fibroadenoma.

De acordo com Maira Caleffi, mastologista e presidente da Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama), mulheres jovens em idade reprodutiva estão mais propensas a ter o problema de saúde.

"O fibroadenoma é um tipo de tumor mamário benigno, sendo mais comum em mulheres com menos de 35 anos. O sintoma mais frequente é o surgimento de um nódulo, geralmente indolor, móvel e bem delimitado, que apresenta crescimento lento", explica.

Segundo ela, até 25% das pacientes podem não ter sintomas. O tamanho médio do tumor é de 2 a 3 cm, mas pode alcançar até 7 cm. O fibroadenoma pode surgir apenas em uma mama ou nas duas ao mesmo tempo.

Também há casos de nódulos que surgem nas axilas, quando há tecido mamário na região.

O termo fibroadenoma vem da junção das palavras "fibroma", que significa um tumor feito de tecido fibroso, e "adenoma", um tumor de tecido glandular.

Sendo assim, costuma ser um nódulo sólido, duro, que se movimenta sob a pele, além de ser suave ao toque. Normalmente são indolores, mas pode aparecer um leve desconforto quando a mulher está perto de menstruar.

Por que acontece?

Jovem mulher negra - iStock - iStock
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A causa do fibroadenoma ainda não é conhecida, mas acredita-se que esteja associada aos hormônios reprodutivos, já que surgem durante a idade reprodutiva da mulher, geralmente entre 20 e 40 anos. Também é mais frequente em quem usa anticoncepcionais hormonais.

"O problema tem alguma relação com os receptores estrogênicos (hormônios), pois podem aumentar de tamanho durante a gestação. E é comum que diminua, desapareça ou ainda calcifiquem na pós-menopausa", explica Valéria Coutinho, mastologista do HULW-UFPB (Hospital Universitário Lauro Wanderley da Universidade Federal da Paraíba).

Tipos de fibroadenoma

Na maioria das vezes, o nódulo é simples e não precisa ser motivo de preocupação.

Mas há diversos tipos de fibroadenoma e é importante ficar de olho em qualquer alteração nas mamas e se consultar com um mastologista, que é o especialista em mamas.

A seguir, veja detalhes dos tipos.

  • Simples: são os mais comuns e tem um aspecto mais uniforme. Podem ser múltiplos, ou seja, aparecer vários ao mesmo tempo ou desaparecer e voltar após algum tempo. Surgem em uma ou ambas as mamas.
  • Complexos: apresentam alterações como crescimento de células e podem se tornar malignos, aumentando as chances de um câncer de mama.
  • Gigante: crescem rapidamente e atingem de 10 a 15 cm. Não são tão comuns.
  • Juvenil: ocorre em mulheres mais jovens, antes dos 20 anos, geralmente após dois anos da primeira menstruação. Nesses casos, surge uma massa palpável única, móvel e indolor. Também apresenta crescimento rápido e causa assimetria na mama.

Como é feito o diagnóstico

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Geralmente, o diagnóstico é realizado após uma consulta de rotina com um ginecologista ou mastologista. O fibroadenoma pode ser identificado com um exame físico, ou seja, quando as mamas são apalpadas. Porém, é mais comum que apareça após um ultrassom mamário ou mamografia.

De acordo com Caleffi, a biópsia é indicada para mulheres em faixas etárias mais elevadas ou para afastar o risco de câncer de mama. Sendo assim, a região é anestesiada e o médico retira uma pequena amostra do nódulo para enviar a um laboratório para análise.

"Após a comprovação do diagnóstico, realizamos o acompanhamento do nódulo com exame físico (palpação) e ultrassom semestralmente por cerca de um ano e meio", completa.

Tratamentos indicados

Inicialmente, o ideal é apenas acompanhar o nódulo por meio de exames de imagens. Não há medicamentos que reduzam o problema.

"Em alguns casos, o especialista pode optar por uma aspiração a vácuo do tecido guiado por ultrassonografia (mamotomia). É um procedimento simples e semelhante a uma biópsia", explica Coutinho.

Na maioria das vezes, a cirurgia não é indicada, uma vez que os nódulos tendem a desaparecer com o tempo ou não causam desconfortos. Mas, em alguns casos, ocorre a intervenção cirúrgica para retirada do fibroadenoma.

Nesses casos, leva-se em conta a idade da mulher, o tamanho do nódulo (se aumentou durante os meses de acompanhamento), se há dor persistente ou ainda se a paciente deseja ficar mais tranquila e descartar o risco de um câncer. O procedimento pode ser realizado com anestesia local ou geral.

Três fibroadenomas sem sintomas

Em 2016, Priscila Della Bella, 36, assessora de imprensa, sentiu um nódulo no seio que a incomodava quando dormia de bruços. Ao realizar um ultrassom e uma mamografia, foi constatado que ela tinha fibroadenoma nas duas mamas.

"Sentia um desconforto e optei pela cirurgia para retirada de nódulos. Foi bastante simples, voltei para casa no mesmo dia e não tive complicações pós-cirúrgicas. Fiquei apenas com uma cicatriz nas aréolas", conta.

No entanto, é comum que o fibroadenoma volte depois de algum tempo. Foi o que aconteceu com Della Bella. "Fui alertada sobre esse risco, mas agora faço apenas acompanhamento para ver se os novos nódulos cresceram. Atualmente, tenho três fibroadenomas sem sintomas, que foram diagnosticados em exames de rotina".

O fibroadenoma pode virar câncer de mama?

Sim, mas são casos raros. Na maioria das vezes, um fibroadenoma simples não aumenta o risco de desenvolver um câncer de mama.

De acordo com a Febrasgo (Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia), apenas 0,1 a 0,3% dos casos apresentam risco de malignidade.

"No entanto, estudos apontam que as mulheres que apresentam o tipo de fibroadenoma complexo costumam ter mais riscos de desenvolver um câncer de mama no futuro. A biópsia e as características do nódulo podem ajudar a diferenciar um do outro", afirma Eloisa Pinho, ginecologista e obstetra do Hospital São Luiz (SP).

Câncer de mama, mulher negra - iStock - iStock
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Vale destacar que o nódulo que caracteriza o câncer de mama possui características diferentes do fibroadenoma: o formato é irregular e não é definido, além de ser maleável e ficar fixo em um local.

Apesar de não apresentar sintomas na fase inicial, o câncer de mama pode ser notado ao surgirem alterações nos mamilos ou saída de secreções, por pequenos nódulos nas axilas e mudanças no formato e coloração do seio: mais retraído ou avermelhado.

As especialistas consultadas por VivaBem destacam a necessidade de realizar exames anuais como ecografia mamária (ultrassom) e mamografia para checar se há algum problema de saúde.

Também é importante conhecer bem o formato e anatomia das mamas, os fatores de risco ou predisposição genética e sempre ficar atenta a possíveis alterações.