8 coisas para saber sobre a vacina da Sinopharm
No fim de julho, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recebeu o pedido de uso emergencial para uma das vacinas contra covid-19 do laboratório chinês Sinopharm. O imunizante BBIBP-CorV foi desenvolvido em parceria com o Beijing Institute of Biological Products e já possui aprovação da OMS (Organização Mundial da Saúde) em relação à eficácia contra a doença.
O imunizante é um dos dois fabricados pela Sinopharm que estão sendo usados na China. Uma subsidiária da empresa, em Wuhan, se uniu ao Wuhan Institute of Biological Products e desenvolveu outra vacina. A WIBP-CorV tem eficácia de 72,8%, de acordo com um estudo publicado no periódico JAMA. No entanto, o produto ainda precisa do aval da OMS e, por enquanto, está sendo utilizado apenas no país asiático e de forma limitada nos Emirados Árabes Unidos.
A BBIBP-CorV tem uso aprovado no Bahrein e nos Emirados Árabes Unidos; e uso emergencial autorizado em mais de 40 países incluindo Argentina, Bolívia, Tailândia e Filipinas. Conheça mais sobre essa vacina da Sinopharm:
1. Tecnologia de "vírus inativado"
Assim como a CoronaVac, vacina desenvolvida pelo laboratório também chinês Sinovac, a vacina da Sinopharm utiliza a tecnologia do vírus inativado em sua composição. Nela, o patógeno é cultivado e multiplicado em uma cultura de células e depois inativado por meio de calor ou uso de produto químico, impedindo que ele se multiplique e provoque a doença.
Uma vez em contato com o nosso corpo, esse vírus é capaz de provocar um estímulo para que o sistema imunológico o reconheça como invasor e comece a produzir anticorpos para combater o microrganismo se entrar em contato com ele novamente.
2. Duas doses
Como praticamente todas as vacinas atualmente disponíveis para combater a covid-19, a vacina da Sinopharm também utiliza o regime vacinal de duas doses para conferir a proteção desejada. O intervalo entre elas pode ser de três a quatro semanas.
Vale lembrar que, após a aplicação, o corpo precisa de cerca de 15 dias para produzir uma resposta imune adequada.
3. Eficácia acima dos 70%
A OMS afirma que um estudo de fase 3 (quando a vacina é testada em milhares de indivíduos) realizado diversos países atestou que a eficácia da vacina da Sinopharm é de 79% contra casos sintomáticos da covid-19, 14 dias ou mais após a aplicação da segunda dose do imunizante. A eficácia contra hospitalização também ficou em 79%.
No entanto, a entidade aponta que o estudo clínico não foi desenhado para demonstrar a eficácia do imunizante contra casos graves da doença em pessoas com comorbidades, grávidas ou acima dos 60 anos. Além disso, mulheres estavam em minoria no estudo, o que tornou os dados sobre segurança "limitados".
4. Grávidas não foram avaliadas, mas podem se vacinar
Mesmo sem testes específicos para esse grupo, a OMS autorizou que a vacinação fosse realizada com a vacina de Pequim —desde que os benefícios da imunização sejam maiores do que potenciais riscos. Ou seja, se a mulher vive em uma área em que o número de casos está alto, as chances dela ter complicações com a doença são maiores do que se receber o imunizante.
A autorização não veio do além. A tecnologia do vírus inativado já é conhecida há anos da indústria farmacêutica e já se provou ser eficaz e segura para gestantes em vacinas de outras doenças, como a da gripe.
5. Informações limitadas sobre efeitos em indivíduos com mais de 60 anos
O estudo clínico realizado com a vacina de Pequim incluiu poucos participantes com idade acima dos 60 anos. Por isso, a OMS afirma que, embora não possa antecipar nenhuma diferença no perfil de segurança da vacina quando aplicada em adultos mais velhos e em grupos mais jovens, os países que optarem por vacinar pessoas acima dessa idade devem manter um monitoramento constante de possíveis efeitos adversos.
6. Armazenamento em refrigeradores comuns
De acordo com o governo chinês, a vacina da Sinopharm podem ser armazenadas em refrigeradores comuns a temperaturas entre 2 e 8°C.
7. Proteção efetiva contra as variantes
Um estudo feito com a BBIBP-CorV apresentou uma resposta imunológica satisfatória para a variante Delta (B.1.617.2), considerada a mais perigosa atualmente e que se espalha com grande velocidade pelo mundo. A pesquisa foi realizado pela Universidade de Sri Jayewardenepura, no Siri Lanka, em conjunto com a Universidade de Oxford (do Reino Unido).
A análise afirma que a resposta criada pelo imunizante é semelhante àquela desenvolvida após a infecção natural pelo vírus. Em outro estudo, a resposta da vacina foi ligeiramente menor em contato com a variante Beta (B.1.351, encontrada inicialmente na África do Sul), mas ainda provou-se suficiente.
Os estudos, no entanto, são considerados preliminares e ainda precisam passar por uma revisão de outros cientistas para serem validados.
8. Efeitos colaterais comuns são considerados leves
De acordo com dados da OMS, os efeitos mais comuns relatados com a vacina da Sinopharm são febre, dor de cabeça, fadiga e dores no local da aplicação —bastante similar aos efeitos comumente relatados pelas outras vacinas autorizadas para uso. As informações aparecem também em um estudo pequeno publicado no periódico The Lancet.
No entanto, houve relatos de dois eventos graves: fortes náuseas e um caso de encefalomielite disseminada aguda, uma doença inflamatória rara que atinge o sistema nervoso geralmente após uma infecção viral ou vacinação. Houve também um caso de trombose.
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