Topo

Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Doria acusa Saúde de enviar só metade das doses da Pfizer a SP

Arquivo; O governador de São Paulo João Doria durante coletiva - Divulgação/Governo de São Paulo
Arquivo; O governador de São Paulo João Doria durante coletiva Imagem: Divulgação/Governo de São Paulo

Henrique Salles Barros, Lucas Borges Teixeira e Stella Borges*

Do VivaBem, em São Paulo

04/08/2021 12h55Atualizada em 04/08/2021 17h15

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), acusou hoje o Ministério da Saúde de enviar apenas 50% do lote de doses da vacina Pfizer/BioNTech programadas para o estado ontem. Segundo ele, a administração estadual recebeu 228 mil doses a menos do previsto.

Em coletiva no Palácio dos Bandeirantes, Doria acusou o governo federal de perseguição e disse que não houve nenhuma justificativa para a redução no envio. O UOL procurou o Ministério da Saúde, mas não teve resposta até a última atualização.

Aquilo que deveria ter sido entregue, não foi. O número representa 50% a menos do que o governo do estado São Paulo tem o direito regularmente a receber dentro do Programa Nacional de Imunização. [...] É uma decisão arbitrária do Ministério da Saúde e representa quebra do pacto federativo.
João Doria, governador de São Paulo

O governador também publicou um post nas redes sociais acusando o ministério de boicotar o estado, que está com a vacinação "mais avançada".

Segundo o consórcio dos veículos de imprensa do qual o UOL faz parte, São Paulo tem a maior proporção de vacinados: 58,73% de seus habitantes já receberam a primeira dose do imunizante contra a covid-19. Os dados são coletados junto às secretarias estaduais da saúde.

O Vacinômetro do governo, informa que 37 milhões de doses foram aplicadas até o começo desta tarde, sendo:

  • 26,9 milhões como primeira dose,
  • 9,4 em segunda dose e
  • 1 milhão com dose única.

O pacto federativo estabelece que cada estado recebe o número de doses proporcional à sua população. São Paulo, ente mais populoso da federação, fica com 22,6% do total de vacinas destinadas ao Brasil.

O governador mostrou um ofício enviado ontem ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, questionando a decisão e solicitando imediata entrega das demais doses. O documento é assinado pelo secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn. Leia aqui o ofício, na íntegra.

Esta Secretaria do Estado da Saúde requer o envio complementar de pelo menos 228.150 doses da vacina da Pfizer em até 24 horas, considerando a relevância e a urgência que a matéria se reveste e a fim de evitar prejuízos à população destes Estado.
Ofício enviado pela Secretaria de Saúde de São Paulo ao Ministério da Saúde

Segundo o governo paulista, ainda não houve resposta do governo federal ao ofício.

O governador ainda avaliou que isso pode causar impacto no calendário de vacinação de crianças e adolescentes no estado, previsto para começar em 18 de agosto. O imunizante da Pfizer é o único entre os autorizados no Brasil com indicação para menores de 18 anos.

Compra e distribuição de vacinas

Na semana passada, o Butantan pediu o aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para aplicar CoronaVac em menores de 18 anos, mas ainda não há definição sobre o tema.

O contrato estabelecido pelo ministério com a Pfizer não permite que estados comprem doses do imunizante. "Não podemos comprar vacinas da Pfizer. Se pudéssemos, nossa decisão seria comprar vacinas, independentemente da maldade que o governo federal tenciona fazer com São Paulo", disse Doria.

O UOL tentou confirmar a acusação com o Ministério da Saúde e questionou se a defasagem ocorreu em algum outro estado e o motivo, mas não teve resposta até a última atualização desta reportagem.

Passaporte sanitário

O coordenador do centro de contingência para o coronavírus em São Paulo, Paulo Menezes, disse que o governo trabalha com a possibilidade de adoção de um passaporte sanitário no estado, mas apenas para o futuro. A medida seria uma forma indireta de exigir a vacinação da população, condicionando a entrada em determinados locais e a realização de algumas atividades à imunização contra covid-19.

"Nós estamos discutindo como fazer e quando implantar porque hoje a situação é que, com os protocolos vigentes, conseguimos manter uma situação de bastante segurança sanitária [...] A questão do passaporte se coloca para um momento posterior, nos próximos meses. Estamos amadurecendo como lidar com isso e como efetivar, se for o caso", disse.

*Colaborou Fábio Castanho.