Risco de apneia cresce a cada centímetro a mais de cintura em mulheres
Embora pouco comentada, a apneia do sono é muito recorrente. Estudos indicam que a condição afeta de 33 a 35% da população brasileira. Ela ocorre quando as vias aéreas ficam obstruídas, dificultando a passagem de ar e acabam em paradas respiratórias. Sim, a pessoa para de respirar por um curto período de tempo durante o sono.
E trata-se de uma doença séria, que aumenta o risco de hipertensão, diabetes, depressão, AVC, infarto, entre outras. A obesidade e o envelhecimento podem contribuir para o surgimento do distúrbio, mas conforme a circunferência abdominal nas mulheres aumenta, isto é, gordura localizada, após a menopausa o risco de apneia sobe para até 18%, como mostrou um estudo realizado por pesquisadores do Instituto do Sono.
De acordo com Helena Hachul, médica ginecologista, pesquisadora do Instituto do Sono e uma das autoras do estudo, isso ocorre porque após a menopausa o metabolismo fica mais lento. "Então, se você continuar comendo da mesma forma, o ganho de peso é inevitável e a repercussão vem em diversos níveis", diz.
Além das doenças mais perigosas, a apneia pode causar ronco, cansaço durante o dia, irritabilidade, redução da memória e sonolência. Todos esses fatores levaram os pesquisadores a estudar, especificamente, a prevalência em mulheres.
Como foi feito o estudo?
- Foram selecionadas 500 mulheres entre 20 e 80 anos da cidade de São Paulo. A intenção dos especialistas era observar a prevalência da doença, de acordo com o peso e o estágio reprodutivo;
- Cada paciente compareceu uma vez ao Instituto do Sono para realizar exame de polissonografia, sangue, preencher questionários, tirar as medidas de acordo com cintura/altura, medir o IMC (Índice de Massa Corporal) e a circunferência do pescoço e da cintura.
Em seguida, os pesquisadores avaliaram qual dos fatores da obesidade estavam mais associado a apneia obstrutiva do sono. Nas mulheres na fase de pré-menopausa, a razão cintura-altura estava mais ligada ao distúrbio. Já no grupo de pós-menopausa, a circunferência da cintura foi mais associada à doença, desde o grau leve até o severo.
"A obesidade, em especial o acúmulo de tecido gorduroso na região cervical e abdominal, é fator de risco para a apneia durante o sono", afirma Hachul.
A especialista destaca que o assunto, hoje, é ainda mais preocupante, pois, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) estima-se que existam 650 milhões de adultos obesos e 1,9 bilhão de adultos com excesso de peso no mundo.
Relação da apneia versus obesidade
De acordo com a pesquisadora, há várias hipóteses para explicar a relação entre a obesidade e a apneia do sono. Entre elas está a redução do volume da caixa torácica e a consequente queda no volume respiratório. Supõe-se ainda que o acúmulo de gordura nas paredes das vias laterais superiores estreitaria a faringe.
A perda da força muscular das vias aéreas superiores provocada pelo depósito de tecido adiposo no músculo e a diminuição do tamanho das vias aéreas superiores também são fatores citados como responsáveis pela correlação.
Quais foram os resultados da pesquisa?
A cada centímetro a mais na circunferência abdominal, ou seja, de gordura, cresceu em 6% o risco de apneia obstrutiva do sono de moderada a grave em mulheres na pré-menopausa. No entanto, para o grupo da pós-menopausa, o risco chegou a 18%.
"Depois da menopausa, nós começamos a ter um aumento de peso maior na região abdominal, tanto que muitas mulheres perdem aquela silhueta e ficam com uma barriguinha, e isso tem um efeito mais negativo na apneia", diz Hachul.
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