Com covid, Tarcísio Meira passa por diálise contínua; entenda procedimento
Desde sexta-feira (7), o ator Tarcísio Meira, 85, está internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) após diagnóstico de covid-19. A esposa, Glória Menezes, 86, também foi infectada pelo vírus, mas está em um quarto, com "boa recuperação".
(Atualização 12/08: o ator Tarcísio Meira morreu nesta quinta-feira (12), vítima de complicações da Covid-19).
Vacinado, o artista apresenta um quadro mais grave do que o da mulher. Ele está intubado e, segundo o boletim médico do Hospital Albert Einstein (SP), passa por uma diálise contínua (ou hemodiálise contínua), um procedimento que, por meio de uma máquina, tem o objetivo de filtrar as toxinas presentes no sangue — cumprindo, então, a função dos rins.
Segundo Henrique Carrascossi, nefrologista no Hospital Estadual de Américo Brasiliense (SP) e coordenador do Instituto do Rim Carrascossi (SP), no caso da covid-19, um dos órgãos mais afetados, depois do pulmão, é o rim. "Nos pacientes que evoluem, de forma muito grave, para a disfunção dos rins, temos a opção da hemodiálise, que faz a limpeza do sangue, com a retirada de toxinas do organismo, e que o rim não está fazendo", diz.
Dentro da hemodiálise, há diversas formas de tratamento. A mais "convencional", de acordo com Carrascossi, é aquela na qual as pessoas fazem nas clínicas, três vezes na semana, sem estar internada, por exemplo. Dependendo do paciente e, principalmente, se ele estiver internado com quadro grave, o mais indicado pode ser a hemodiálise contínua, igual ao ator.
"A diferença para essa em relação à hemodiálise convencional é que ela é realizada em um tempo maior. Normalmente, a hemodiálise é feita de 4h a 5h por dia. A contínua é feita durante 24h ou em 18h, por exemplo, com intervalos. Tudo vai depender do local e da avaliação médica", explica o nefrologista.
E a "vantagem" do tratamento é exatamente essa: remover as toxinas devagar, de uma forma mais lenta e "fisiológica". Portanto, ser menos agressivo para o paciente. "É mais utilizada quando o paciente está num estado grave e que não suportaria a hemodiálise tradicional", conta o especialista.
Procedimento apresenta riscos? E onde deve ser feito?
Em situações como essa, há riscos de infecção porque ocorre a manipulação do sangue do paciente, além de riscos de queda de pressão e de arritmia cardíaca. Mas tudo isso é feito, sempre, com supervisão médica e apenas dentro de uma UTI.
Inclusive, esse tratamento não é disponibilizado em qualquer local. Segundo o médico, dificilmente os hospitais públicos têm a máquina para realizar a diálise contínua disponível. O procedimento ocorre mais frequentemente em hospitais particulares de grande porte, caso do Hospital Albert Einstein, onde o ator está internado.
Mas esse procedimento só é feito em casos de covid? Não, a hemodiálise em si é feita em qualquer quadro de insuficiência renal aguda, ou seja, quando o órgão deixa de executar suas funções. A "contínua" é comumente utilizada em casos de infecção generalizada, a sepse, por exemplo.
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