Redução de intervalo entre as doses das vacinas de Pfizer e AstraZeneca, imunidade de rebanho "impossível" e vacinação de crianças com CoronaVac, por enquanto, rejeitada: leia as notícias mais relevantes da semana sobre a pandemia do coronavírus.
Intervalo menor entre doses faz sentido?
Nesta semana, o ministro da Saúde Marcelo Queiroga disse que, caso os calendários de vacinação sigam como previsto, o intervalo entre as doses da vacina Pfizer deve ser reduzido de 90 para 21 dias —que é o indicado na bula da fabricante.
Em São Paulo, o governador João Doria (PSDB) também anunciou que iria reduzir esse intervalo. Além disso, o governo disse ainda que pode reduzir o intervalo de aplicação da AstraZeneca se receber mais doses do governo federal.
No mês passado, a estratégia já foi adotada por outros estados, com ambas as vacinas. O Distrito Federal, por exemplo, antecipou a segunda dose desses dois imunizantes para 60 dias.
Se por um lado, a mudança de intervalo da Pfizer é vista com bons olhos, já que os estudos foram feitos com base nos 21 dias e não com os 90, a alteração da data da segunda dose da AstraZeneca não é considerada adequada.
Para Cláudia Valente, alergista, imunologista e membro do Departamento Científico de Imunização da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia), a estratégia "não faz sentido". "Os grupos que tiveram melhor resposta, nos estudos de fase 3 [da AstraZeneca], foram aqueles que fizeram intervalo de 12 semanas [3 meses]. Esse é o ideal. Se você antecipar a segunda dose, você não terá a resposta imune adequada", diz.
A médica explica ainda que o mais importante, neste momento, é que as pessoas completem a vacinação, ou seja, tomem a segunda dose quando chegar a hora. "Vacinar adulto é complexo, alguns querem escolher a marca e outros até recusam. Nosso percentual de pessoas 100% vacinadas ainda é baixo."
A mistura entre vacinas diferentes, inclusive, também foi assunto nesta semana quando o Ministério informou que pessoas que tomaram a AstraZeneca poderiam receber a segunda dose da Pfizer em casos de exceção, quando não for possível administrar a segunda dose da vacina com um imunizante do mesmo fabricante, seja por contraindicações específicas ou por ausência daquele imunizante no país, além das grávidas.
Imunidade de rebanho "impossível"?
A variante delta anda preocupando os cientistas. Com a flexibilização total do comércio, a previsão é que os casos voltem a subir em setembro —mesmo com a vacinação em ritmo mais acelerado.
De acordo com especialistas de algumas das principais universidades europeias, com base nos dados disponíveis até agora, a tão sonhada imunidade de rebanho, que consiste em atingir um ponto em que há uma quantidade suficiente de pessoas imunes ao vírus, interrompendo a transmissão comunitária, é vista como algo "impossível" por causa da variante delta.
Isso porque com a chegada da delta, uma pessoa infectada é capaz de passar o vírus para cerca de seis ou sete indivíduos. Com isso, explicam os cientistas, a imunidade de rebanho precisaria de cerca de 85% da população protegida, mas apenas se a vacina ou a recuperação após um quadro de covid-19 prevenissem completamente as infecções pelo vírus —o que não está acontecendo.
De acordo com a imunologista da Asbai, o Brasil está longe de atingir a imunidade de rebanho, pois os níveis de vacinados com as duas doses ou dose única ainda estão baixos.
"Estamos vendo países com maiores percentuais de vacinados, como Israel e Reino Unido, com casos de covid-19 voltando a subir. Então não podemos relaxar e precisamos continuar com a vacinação e vigilância. Com essa cobertura vacinal, estamos longe da imunidade de rebanho", afirma Valente.
Mesmo assim, as vacinas seguem sendo o mais indicado para o momento. Os imunizantes são seguros, mas não impedem que uma pessoa seja infectada. O principal objetivo é evitar que mais pessoas adoeçam, sejam internadas e, consequentemente, morram. Além disso, quanto mais gente vacinada, menores são as chances de termos novas mutações do vírus.
Vacinação em adolescentes
Nesta quarta-feira (18), a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) rejeitou o uso da CoronaVac em crianças e adolescentes de 3 a 17 anos por unanimidade. Para a relatora Meiruze Freitas, o Instituto Butantan precisa produzir mais dados sobre eficácia e segurança da vacina para o público-alvo.
No momento, os adolescentes estão sendo vacinados com o imunizante da Pfizer, único autorizado pela Anvisa. Nesta semana, em diversas capitais brasileiras, os adolescentes com 16 e 17 anos com comorbidades começaram a receber a primeira dose da vacina.
Na semana que vem será a vez dos mais novos. Em São Paulo, por exemplo, adolescentes de 12 a 15 anos com comorbidades, deficiência, grávidas e puérperas podem receber a vacina a partir da segunda-feira (23).
A vacinação desse grupo em especial é importante, pois é onde a disseminação do vírus é maior, segundo o infectologista Marcos Boulos que citou como uma possível iniciativa buscar esses adolescentes ativamente nas escolas. Portanto, se você é pai, mãe, tia, tio, avô ou avó de adolescentes, leve-os para se vacinar.
"Coronavírus: o que você precisa saber" é um boletim produzido pela equipe de VivaBem com uma análise rápida das notícias mais relevantes dos últimos dias sobre a pandemia de uma forma simples e prática para todo mundo entender.
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