Filha de Tâmara Contro tem 'fobia de pessoas' na pandemia; entenda
A influenciadora Tâmara Contro fez um desabafo nas redes sociais sobre o desenvolvimento da filha Marieva, de 1 ano e seis meses. A mulher de Projota disse que a pequena desenvolve "uma espécie de fobia social" por não ter contato com outras pessoas durante o período de isolamento causado pela pandemia do novo coronavírus.
"Marieva nasceu na semana que começou a quarentena no Brasil, e a gente seguiu com a quarentena durante todo esse tempo praticamente. Foram pouquíssimas brechas que a gente deu e se permitiu viver algo que não seja ficar dentro de casa. Então, Marieva desenvolveu praticamente uma fobia social. Ela tem medo das pessoas, essa é a realidade", disse.
O caso da menina não é exceção. No início da pandemia, pesquisadores do NCPI (Núcleo Ciência Pela Infância), órgão financiado por instituições nacionais e estrangeiras, já alertavam que a mudança da rotina durante a pandemia pode repercutir de forma negativa no desenvolvimento infantil, especialmente entre crianças até seis anos.
É justamente nessa fase que as interações positivas e o ambiente favorável às descobertas trabalham para o desenvolvimento das habilidades sociais que a criança vai adquirindo. Nesse sentido, o distanciamento social —necessário para controlar os casos de internações e mortes pelo vírus —podem fazer surgir algumas dificuldades funcionais e comportamentais nas crianças.
Alguns estudos feitos no início da pandemia, por exemplo, apontaram que as crianças estavam mais dependentes dos pais, com problemas de atenção e de sono, falta de apetite e agitação.
Mas o que é fobia social?
Embora a influenciadora tenha usado a expressão "fobia social" para descrever o incômodo da filha, esse não é exatamente o diagnóstico da menina. O quadro é caracterizado por um medo excessivo relacionado às interações sociais e às situações do contexto social. Por exemplo: medo de falar em público ou de fazer contato visual com outros colegas no trabalho. Nesse caso, a angústia vem pelo receio do julgamento que os outros farão, causando grande prejuízo emocional para o indivíduo.
No caso de Marieva, por ser muito pequena, é incomum que exista um diagnóstico desse tipo. "Dificilmente fechamos isso em crianças justamente por estarem em fase de desenvolvimento", afirma a psicóloga Gabriela Luxo, mestre e doutora em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo.
Segundo ela, a melhor forma de descrever o que acontece com a menina e tantas outras crianças nascidas e que estão crescendo durante a pandemia é realmente uma mudança brusca de rotina que acabou gerando perdas para o desenvolvimento. "As crianças estão encontrando poucas pessoas e vivendo em espaços pequenos, dentro de apartamentos", afirma. "É normal, então, que agora comecem a se sentir inseguras ao conhecer mais gente e descobrirem espaços abertos", acredita.
Como ajudar a criança?
Luxo afirma que o mais importante neste momento é ter em mente que a criança precisará de uma reeducação para se inserir na sociedade. "Os pais precisam ter paciência pois não será algo resolvido do dia para a noite", explica.
Levar a criança para espaços abertos, em que é mais segura a exposição, e tentar aumentar a interação com outras pessoas (desde que seja possível e seguro) são atitudes que podem ajudar neste momento. "Os pais podem também mediar essas interações, ensinar a criança a interagir e oferecer aconchego quando eles se sentirem ansiosos", diz a especialista.
Se os pais notarem que o medo é excessivo e provoca sofrimento na criança, é importante buscar ajuda especializada. "O pediatra que acompanha a criança é um grande aliado e pode propor uma abordagem multifatorial, com o envolvimento de outras especialidades, para ajudar no aprendizado", afirma.
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