Bolsonaro diz que vai definir com Queiroga nova recomendação sobre máscaras
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que irá pedir ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, uma data para que o uso de máscaras como proteção contra a covid-19 deixe de ser obrigatório no país.
Em entrevista à Rádio Nova Regional, do Vale da Ribeira (SP), Bolsonaro lembrou que já havia pedido um estudo ao ministro sobre o tema e repetiu que, com a maior parte da população vacinada ou que já teve covid-19, as máscaras não seriam mais necessárias. Tal afirmação contraria a avaliação de especialistas.
"Eu pedi um estudo para o Ministério da Saúde e hoje vou me reunir com o Queiroga para nós darmos uma solução para esse caso. A ideia é o seguinte: pela quantidade de vacinados, pelo número de pessoas que contraiu o vírus, nós tornarmos facultativo, orientarmos que o uso da máscara não precisa ser mais obrigatório. Essa nossa ideia que talvez ganhe uma data a partir de hoje para recomendação do Ministério da Saúde", disse Bolsonaro.
Grande parte dos especialistas recomenda a continuidade do uso de máscaras, principalmente em ambientes fechados, mesmo com o avanço da vacinação. A pessoa imunizada tem menor possibilidade de contrair e ter efeitos graves da doença, mas pode transmitir o vírus caso seja infectada. Além disso, diferente do dito por Bolsonaro, uma pessoa pode ser reinfectada pelo coronavírus.
Países como Estados Unidos e Israel retiraram a obrigatoriedade do uso de máscaras para vacinados ao longo do primeiro semestre, mas a medida não é consenso na área médica mesmo com a imunização avançada. A disseminação da variante delta, por exemplo, fez o governo americana recuar em parte das medidas e recomendar, no final de julho, o uso de máscaras em áreas de alto risco de contaminação.
O Brasil hoje chega próximo a 60% da população com ao menos uma dose da vacina, mas apenas cerca de 26% foi totalmente imunizada. No momento, estados como o Rio de Janeiro se preocupam com o avanço da variante delta, considerada mais transmissível e com indicativos de ter uma capacidade maior de infectar vacinados.
Como lembrou o próprio presidente, no entanto, a obrigatoriedade do uso de máscaras é uma decisão que envolve também estados e municípios. O governador João Doria (PSDB-SP), por exemplo, já disse que em São Paulo manterá a obrigatoriedade até o final do ano.
Em declarações recentes, Queiroga já indicou que pode atender ao desejo de Bolsonaro com uma recomendação para o fim do uso obrigatório de máscaras no Brasil, que na prática dependerá da decisão de cada estado ou município.
Ataque à CoronaVac
Bolsonaro ainda voltou a atacar as vacinas, dizendo que ainda não experimentais, o que não é verdade, e atacou a vacina chinesa CoronaVac —sem citá-la nominalmente —, afirmando que mesmo pessoas com duas doses estão ficando doentes e que o instituto Butantan, que fabrica a vacina no Brasil, e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) "terão que responder sobre isso".
Até agora, os dados mostram que a CoronaVac tem sido eficaz em prevenir casos graves e mortes, mas o alto grau ainda de circulação de vírus no Brasil não impede a contaminação, e pessoas idosas e com comorbidades correm risco de agravamento, mesmo vacinadas.
Na última semana, Bolsonaro já havia distorcido uma frase de Doria para atacar a CoronaVac e defender o uso de remédios ineficazes para o combate da covid-19.
*Com informações da agência Reuters.
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