Após ouvir do médico que morreria em 3 meses, ele fez dieta e secou 130 kg
Com mais de 235 kg, Rafael Cândido, 30 anos, tinha vários problemas de saúde relacionados à obesidade. Após ouvir de um médico que não viveria por muito tempo, o comunicador decidiu ficar na cama esperando a morte chegar. Mas ela não veio e, cansado de ficar parado, o mineiro decidiu dar um basta na situação. A seguir, Rafael conta como conseguiu emagrecer:
"A minha mãe se separou do meu pai quando eu tinha 3 anos de idade. Ela tinha que trabalhar para sustentar nossa família e eu e minha irmã ficávamos sozinhos em casa o dia inteiro. Só comíamos besteira e comecei a engordar ainda criança. Com 13 anos, eu já pesava 100 kg e era obeso.
Até tentei fazer exercícios para emagrecer, mas como não via resultados desisti e fui ganhando mais peso. Em 2015, tive uma inflamação em um vaso sanguíneo da perna e fiquei acamado. O médico receitou corticoides para conter o problema e o uso do remédio me fez ganhar ainda mais peso. Três anos depois, eu já estava com 234 kg —e a partir daí deixei de me pesar.
Eu comia de tudo absurdamente em excesso. Levantava de madrugada desesperado para comer —e não era um lanchinho, não. Fazia um pratão de comida, fria mesmo, de tanto desespero para me alimentar.
Sou muito amigo da Nany People e, quando ela participou do reality "A Fazenda" (Record), deixou de fazer alguns eventos em minha cidade, Poços de Caldas (MG). Eu já tinha trabalhado no rádio e criei uma personagem, a Gordanitta, para assumir o lugar da Nany em apresentações de humor.
Passei a fazer muitos eventos e a personagem me levou a vários lugares, como o "Programa do Ratinho". Em agosto de 2018, um dos produtores do SBT disse que não me chamaria mais pois tinha medo que eu morresse na estrada, por causa da obesidade e dos problemas de saúde que eu tinha. Ele alertou que eu precisava me cuidar, pois era nítido que eu já quase não estava conseguindo caminhar.
Isso foi um baque, porque a personagem estava crescendo e a obesidade começou a me impedir de fazer algo que gostava muito, que era estar nos palcos.
Fui atrás de um cirurgião-bariátrico para operar, mas durante a bateria de exames foi detectado que eu já estava com insuficiência renal. O médico falou diretamente para a minha mãe, comigo do lado:
Olha, daqui dois a três meses ele vai ter os rins paralisados e só vai restar o transplante ou sessão de hemodiálise. Mas, na situação em que se encontra, não aguentará nenhum dos dois. Ele vai morrer
Eu também estava com problemas respiratórios, coração inchado, hipertensão, pré-diabetes, gordura no fígado (esteatose hepática). Ou seja, praticamente com o pé na cova mesmo.
Procurei um outro médico para fazer a bariátrica, mas ele alertou que nenhum especialista ia colocar a mão em mim para fazer a cirurgia, pois eu tinha tantos problemas de saúde que era quase certo que morreria durante ou depois da operação.
Naquele momento, senti que perdi a única ferramenta que poderia me salvar da obesidade, que era a cirurgia. Já tinha perdido trabalho, parei toda a minha vida, não podia nem pegar a estrada. Entrei em depressão, tive crises de ansiedade e comecei a ter cólicas renais.
Minha vida passou a ser ficar na cama, esperando a morte chegar. Todas as manhãs eu acordava decepcionado porque via que não tinha morrido —e minha mãe sofrendo com aquela situação.
Após os três meses que o médico tinha me dado, eu já estava brigando com Deus por não morrer: 'Vou ficar aqui sofrendo mesmo, até quando?', reclamava em minhas orações.
Precisava de ajuda da minha mãe para me vestir e logo não conseguiria nem tomar banho ou me limpar sozinho depois de fazer as necessidades no banheiro. Vendo todo o sofrimento da minha mãe —e meu por não morrer logo—, comecei a pesquisar sobre alimentação saudável na internet.
Coloquei num papel a dieta que deveria seguir para emagrecer. Nada muito complexo. Passei a comer mais verduras e legumes, como repolho e abobrinha, e reduzi o consumo de arroz, macarrão, açúcar e todos os outros carboidratos refinados.
Também comecei a caminhar na praça perto de casa, com meu cachorro. Dava voltas pequenas porque a minha locomoção era muito limitada.
Em janeiro de 2020, um mês depois dessas mudanças, já tinha emagrecido 16 kg. O começo foi muito difícil, achei que não teria resultado, mas ver que perdi peso foi uma dose de ânimo, algo inexplicável. Só quem vive isso sabe qual é a sensação.
A partir daí comecei a ter uma alimentação ainda mais regrada, a fazer caminhadas maiores e, mesmo com dificuldade, passei a subir os seis lances de escada do meu prédio (eu chegava em casa roxo, quase morrendo).
No segundo mês, perdi 21 kg. Baixar de 200 kg me deu muita força. Parei com os remédios para os rins, mas comecei a ter cálculos e vivia no hospital. Isso dificultou um pouco a dieta. Mas segui firme e perdi mais 15 kg. Já conseguia caminhar de 60 a 90 minutos todas as noites em uma avenida e passei a usar calças tamanho 68.
Senti que as caminhadas noturnas me ajudavam a controlar a ansiedade e a evitar a compulsão alimentar de madrugada.
Após 17 meses nessa luta diária, foram 130 kg eliminados. Hoje peso 104 kg e uso a numeração 50. Isso porque tenho muito excesso de pele, em torno de 15 kg a 20 kg. Vou fazer a cirurgia reparadora agora no mês de setembro.
O amor que sinto pela minha mãe foi capaz de me fazer sobreviver e vencer o decreto de morte que me deram. Não tem outra explicação. Eu emagreci por causa dela.
Após perder peso, encontrei o médico que me atendeu lá no início e ele falou assim: 'Eu não acreditava que você seria capaz de emagrecer. Achei que iria morrer. É surreal o que você fez, porque perder peso é possível, mas não é todo mundo que consegue Parabéns pela dedicação e esforço!'."
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