Queda de braço entre Ministério da Saúde e São Paulo sobre 3ª dose, mortes em queda, variante delta, de novo, e o novo "passaporte da vacina": fique por dentro das notícias mais relevantes da semana sobre a pandemia do coronavírus.
3ª dose vira "ringue" entre Ministério da Saúde e SP
A aplicação da 3ª dose em idosos e imunossuprimidos já tem data para começar: a partir do dia 15 de setembro. O anúncio foi feito essa semana pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Também a partir desse dia, o ministério diz que vai reduzir o intervalo da aplicação da segunda dose dos imunizantes de Pfizer e AstraZeneca das atuais 12 semanas para 8.
Em entrevista ao UOL News, a secretária extraordinária de enfrentamento à covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana Leite, anunciou que a aplicação da dose de reforço no Brasil será feita "preferencialmente" com a vacina da Pfizer.
Ela acrescentou que também poderão ser usadas outras vacinas de vetor viral, como Janssen e AstraZeneca, excluindo completamente a CoronaVac, que é um imunizante de vírus inativado.
Já em terras paulistas, o secretário estadual de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, classificou a decisão como "abominável". O governador João Doria afirma que, nos paulistas, será aplicada a dose de reforço com a vacina que "estiver disponível no momento", inclusive a CoronaVac.
Pesquisadores se mostram temerosos com a decisão de dar a 3ª dose de CoronaVac para idosos. Julio Croda, infectologista da Fiocruz e professor da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul), citou, no Twitter, um estudo recente que mostra como a eficácia do imunizante chinês é menor para maiores de 50 anos para criticar a decisão de SP.
"Concordo com o Ministério da Saúde no que diz respeito a utilização de Pfizer nos idosos e imunossuprimidos. Essa população apresenta menor resposta em termos de anticorpos neutralizantes e precisamos de uma vacina que possa induzir uma maior resposta", escreveu.
Doria ainda desafiou o órgão federal e disse que a 3ª dose em SP será para os maiores de 60 anos e começa no dia 6 de setembro, ou seja, antes da data federal. Briga política ou verdadeira e genuína preocupação sanitária? Talvez um pouco dos dois.
Discussões à parte, o fato é que alguns estudos têm apontado a necessidade de uma dose de reforço, mas com essa queda de braço entre o Ministério e o governador de São Paulo, os paulistas terão que aguardar um pouco mais para saber qual imunizante irão receber.
No UOL Debate de segunda-feira (23), Margareth Dalcomo, pesquisadora da Fiocruz, ressaltou que a 3ª dose precisa ser aplicada em paralelo com a vacinação atual e em detrimento da vacinação de adolescentes e crianças.
"Ainda colocaria um outro grupo, lembrem-se dos profissionais de saúde, os primeiros que foram vacinados, e hoje nós temos visto muito medo, muita insegurança. As pessoas estão expostas a cargas virais altas dentro de hospitais o tempo inteiro. A imunidade conferida de 6 meses atrás para esse grupo está caindo", alerta Dalcomo. Ninguém falou nada ainda sobre 3ª dose nos profissionais de saúde. Vamos aguardar.
Mortes estão caindo, mas momento requer cautela
O Boletim do Observatório Covid-19, da Fiocruz, do dia 25 de agosto, mostra que a incidência diária de novas mortes por covid-19 no país teve queda de 1,5% ao dia na última semana e chegou a 770 vítimas diárias.
Mas não dá para comemorar, tampouco relaxar as medidas sanitárias básicas, já que, por outro lado, o número de casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) no Brasil parou de cair, mostra o último Boletim InfoGripe, de ontem (26). A incidência da síndrome é um parâmetro de monitoramento da pandemia de covid-19, uma vez que o Sars-CoV-2 é responsável por 96,6% dos casos virais de SRAG registrados desde 2020.
Inclusive há que se manter alerta porque a variante delta segue em circulação: um novo estudo coreano mostrou que pessoas infectadas com a delta têm uma carga viral 300 vezes maior do que aquelas com a versão original do vírus. Proteja-se e cuide-se.
Pfizer será produzida no Brasil
Em meio ao caos, uma boa notícia: a farmacêutica norte-americana Pfizer anunciou que vai produzir sua vacina contra a covid-19 no Brasil em parceria com o laboratório Eurofarma, que produz medicamentos genéricos.
O imunizante produzido no Brasil será distribuído em toda a América Latina. Será que já vemos uma luz no fim do túnel? Especialistas avaliam que sim.
A expectativa é que o laboratório brasileiro tenha capacidade para produzir mais de 100 milhões de doses por ano, que devem começar a ser entregues em 2022.
E como anda o passaporte da vacina?
Essa foi uma novidade que surgiu nos últimos dias. Inicialmente, a Prefeitura de São Paulo disse que seria obrigatório tomar vacina contra a covid-19 para entrar nos estabelecimentos da cidade. A pasta informou que iria lançar um passaporte de vacinação que deveria ser exigido no comércio, serviços e eventos em geral a partir das próximas semanas.
Mas isso não durou muito tempo, nem mesmo um único dia, já que a prefeitura recuou e disse que a exigência só será direcionada a eventos com grande público. Para o comércio em geral, a solicitação da vacinação completa para entrar no local será opcional. Essa ação passará a valer a partir do dia 30 deste mês.
Já a cidade do Rio de Janeiro afirmou que exigirá a comprovação obrigatória da vacinação contra a covid-19 para o acesso e permanência do público no interior de alguns estabelecimentos, realização de cirurgias eletivas e inclusão ou manutenção no programa Família Carioca, de transferência de renda.
A prefeitura já chegou, inclusive, a publicar dois decretos hoje estabelecendo os critérios do "passaporte", que começa a valer em 1º de setembro. O comprovante de imunização pode ser da primeira dose, segunda dose ou de dose única, dependendo do cronograma oficial de vacinação no município. A exigência exclui bares e restaurantes.
Nessa sexta-feira (27), o ministro da Saúde se manifestou contra a medida. Segundo ele, o povo brasileiro "é livre" para poder escolher os métodos de combate ao coronavírus.
"Não ajuda em nada. Somos contra isso. O povo brasileiro é livre, queremos que as pessoas exerçam de acordo com sua consciência", opina.
No UOL Debate de segunda, as especialistas entrevistadas se mostraram totalmente a favor de tal medida: "A gente sempre tenta conscientizar as pessoas através da ciência, dos dados, das coisas mais transparentes possíveis, mas a gente vê que muitas vezes o que realmente funciona é quando você faz medidas restritivas, daí, sim, mexe no dia a dia das pessoas, que se veem quase que obrigadas a ir atrás da vacinação para poder frequentar os lugares", disse Rosana Richtmann, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia.
"Coronavírus: o que você precisa saber" é um boletim produzido pela equipe de VivaBem com uma análise rápida das notícias mais relevantes dos últimos dias sobre a pandemia de uma forma simples e prática para todo mundo entender.
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