Covas diz que não há vacinas atrasadas: 'Reponsabilidade é do Ministério'
Diretor do Instituto Butantan, que produz a vacina contra covid-19 CoronaVac, Dimas Covas afirmou que não há atraso de entrega por parte de sua organização. O calendário, inclusive, está mais rápido e em agosto foi realizada a maior entrega de doses.
"O Butantan não tem dose atrasada", afirmou durante entrevista para a apresentadora Fabíola Cidral e para o médico Gonzalo Vecina no UOL News. "O Butantan adiantou o cronograma e na primeira quinzena (de setembro) terminaremos o contrato com Ministério da Saúde", disse. O fechamento do contrato será possível porque todas as doses serão entregues em setembro, em vez de outubro, como previamente acordado.
O dirigente do instituto disse que, se há atraso, a culpa é do governo federal. "A responsabilidade é do Ministério da Saúde, que tem sistematicamente cometido equívocos. Os estados também têm feito vacinações sem previsão adequada, há mais de um fator envolvido", falou.
"Que eu saiba é pontual, São Paulo não tem atraso. Pelo contrário, adiantou a vacinação da terceira dose", completou. Essa disparidade entre planejamento de estados e com o governo federal foi alvo de crítica por parte de Covas.
Segundo ele, o PNI (Programa Nacional de Imunização) está fragilizado. "O enfrentamento da covid não foi planejado adequadamente, as aquisições de vacinas foram tardiamente definidas. Causou ansiedade nos estados, que saíram à procura de vacinas", explicou.
Relação com governo federal
Para remendar a relação entre estados e o país, Covas acredita ser necessário uma "restauração do pacto federativo, uma luta diária que não pode ser perdida". O diretor do Butantan disse ter dúvidas se o Ministério da Saúde tem conhecimento das questões e da necessidade de defesa do SUS (Sistema Único de Saúde).
Perguntado sobre a suposta perseguição do governo federal contra a CoronaVac, Covas disse não haver nada declarado, mas as manifestações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e, recentemente, do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, deixam margem para essa interpretação.
São declarações que levam a questionar a vacina e cria um exército de produtores de fake news. A CoronaVac tem sido alvo preferencial de ataques desde o ano passado, quando Bolsonaro disse que não compraria 'vachina', infelizmente tem esse componente. Deveríamos estar preocupados com vacinar a população e ficar discutindo qual vacina é melhor, nesse momento, não tem nenhum sentido".
Sobre a terceira dose, Covas acredita que é uma resposta ao medo da variante delta. "Ainda não observamos aumento de casos, internações e mortes, isso mostra que talvez a realidade no Brasil seja diferente de Israel e Reino Unido. A pergunta é se isso se manterá ou terá ressurgência de casos, embora talvez não tenhamos tanta gravidade e aumento de casos", afirmou.
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