Ex-panicat relata efeitos colaterais de anabolizantes; quais são os riscos?
A ex-panicat Lizi Benites, conhecida na época por Piu-Piu, contou sobre o tempo que passou como assistente de palco do programa "Pânico na TV". A modelo disse que usava anabolizante para "ser chamada de gostosa".
O relato foi feito durante entrevista ao canal TicaracatiCast, comandado pelos humoristas Bola e Carioca, no YouTube, nesta quinta-feira (1º). "Eu tomei anabolizante. Foi uma briga, mas tomei. Caiu cabelo, a cara encheu de espinha, mas o corpo estava ok. Me deu vários efeitos colaterais", contou.
A vontade de usar anabolizantes, através de agulha ou comprimidos, partiu dela. "Ninguém nunca falou para mim. Foi eu mesma, eu lutava contra isso. Eu achava que eu precisava me enquadrar naqueles padrões", contou a ex-panicat.
O que são os anabolizantes? Todo mundo pode usar?
Quem é do mundo fitness ou de esportes amadores de alto rendimento provavelmente já ouviu falar do assunto —com os nomes de "reposição hormonal", "as bombas" ou anabolizantes mesmo, que são medicamentos de substância de origem hormonal ingeridos ou injetados, como os hormônios esteroides, que são a testosterona e os derivados dela, como a oxandrolona e o estanozolol, além do GH, hormônio do crescimento.
Por contribuírem com o aumento de performance física, ganho de massa muscular e, consequentemente, perda de gordura, são utilizados por quem busca um atalho para acelerar os resultados no treino. Mas apesar de ser um tema tratado naturalmente e recomendado por muitos influenciadores no Instagram e até alguns médicos, o uso de anabolizantes não é recomendado para qualquer pessoa.
Os especialistas indicam em situações nas quais há, de fato, uma necessidade de reposição, como crianças com falta do hormônio de crescimento ou para homens com doenças genéticas que não conseguem produzir naturalmente a testosterona.
Quais os riscos do uso de anabolizantes?
São muitos. A ingestão de algumas substâncias pode ser altamente prejudicial à saúde. De acordo com a endocrinologista e metabologista Andressa Heimbecher, colaboradora do Grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), os perigos podem ser um pouco diferentes entre os sexos e dependendo do hormônio escolhido.
Nos homens, quando o hormônio atinge níveis muito altos, como é o caso de quem toma anabolizante, aumenta-se o risco de doenças cardíacas, cai o nível de colesterol HDL (considerado como protetor), sobrecarrega o fígado, podendo levar a quadros de hepatite, e ainda aumenta a irritabilidade e agressividade dos indivíduos.
Nas mulheres, alguns dos efeitos do excesso do hormônio aparecem em pouco tempo, como pele mais oleosa, acne, queda de cabelo e crescimento de clitóris. Os mesmos perigos em relação à intoxicação hepática e riscos cardíacos também se aplicam a elas.
Inclusive, o hormônio do crescimento (GH) pode acelerar alguns tipos de câncer, segundo Heimbecher. "Quando se trata do GH, não sabemos até que ponto ele pode acelerar alguns tipos de câncer. Se uma das suas células tem a mutação de um DNA que a transformaria em um câncer, mas ela está controlada pelo sistema imunológico, quando recebe uma dose de hormônio de crescimento, essa célula tem a tendência de se proliferar", informa a especialista*.
Além disso, o hormônio de crescimento tem outros efeitos colaterais, como o crescimento de mandíbula, pés e mão, da cartilagem do nariz e orelha, e até de órgãos como tireoide e coração.
É possível reverter os danos?
Depende, os efeitos são dependentes de dose e tempo de uso —quanto maiores, maior o risco de efeitos colaterais. "Mas, apesar de sabermos que os efeitos imediatos são revertidos com a suspensão do uso, ainda não se sabe o quão negativo serão os efeitos negativos em longo prazo", indica Heimbecher.
* Com informações de reportagem publicada no dia 18/01/2019.
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