Jovens estão desenvolvendo tique; pandemia e TikTok podem ser causas
Quadros relacionados à saúde mental, como depressão e ansiedade, foram intensificados desde o início da pandemia de covid-19, principalmente nos mais jovens. Mas o que tem chamado a atenção da comunidade científica é o aumento de tiques nas crianças e adolescentes, inclusive nas já diagnosticadas anteriormente. O motivo seria o estresse causado pelo "novo" cenário e também a exposição nas redes sociais.
O assunto vem sendo estudado por pesquisadores de diferentes partes do mundo. Um artigo publicado no periódico BJM, em 6 de março deste ano, mostra que há uma "nova onda" de pacientes com essas queixas: as adolescentes que relatam um início repentino de tiques motores e fônicos (quando emitem som).
Segundo os autores do artigo, esse é um subtipo raro e incomum de tiques dentro da Síndrome de Tourette —doença que causa tiques incontroláveis. "Normalmente, os tiques da infância começam por volta de 5 e 7 anos e mostram um curso crescente e decrescente de tiques predominantemente motores, afetando mais comumente meninos em uma proporção de 4 por 1", escreveram os cientistas do Reino Unido.
Neste mesmo artigo, há o relato de um caso de uma menina de 14 anos, que começou a apresentar tiques (motores e fônicos) em novembro de 2020 e que envolviam "voltas complexas" da cabeça com movimentos no pescoço e movimentos agitados das mãos, junto com ruídos.
De acordo com o artigo, a menina teria uma predisposição a tiques e alguns traços de TEA (Transtorno do Espectro Autista), o que necessitaria de maior investigação. Mas ela também admitiu pesquisar em vários sites sobre a Tourette, além de enviar vídeos mostrando os tiques no TikTok.
Pesquisadores citam relação de tiques com uso do TikTok
Em outro estudo, pesquisadores de oito clínicas especializadas na Síndrome de Tourette, no Canadá, Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Austrália, notaram essa "pandemia paralela" em jovens de 12 a 25 anos, do gênero feminino —a tal Geração Z.
De acordo com a pesquisa, publicada no dia 13 de agosto deste ano no periódico Movement Disorders, os casos apresentam um rápido início desse comportamento.
Os cientistas afirmam ainda que os pacientes, além de experimentarem o estresse causado pela pandemia, também citaram "a exposição a influenciadores nas redes sociais (principalmente TikTok) com tiques ou Síndrome de Tourette".
Na rede social, há diversos vídeos que falam sobre os toques, com a palavra "tic tok" ou pela hashtag "#ticdisorder". Segundo os pesquisadores, essa exposição poderia incentivar o início dos sintomas.
"Em alguns casos, os pacientes identificaram especificamente uma associação entre essas exposições à mídia e o início dos sintomas, embora com algumas das crianças mais novas, o uso da rede social só tenha sido confirmado após um 'questionamento cuidadoso'", escreveram os pesquisadores.
De acordo com o estudo, o objetivo é ajudar os médicos a reconhecer os pacientes com esse transtorno e ensiná-los a diferenciar dos jovens com a "nova síndrome" em relação aos pacientes com Tourette.
Entretanto, há um outro ponto de vista
Pesquisadores de outro estudo resolveram comparar os "tiques do TikTok" com os tiques de uma pessoa com Síndrome de Tourette. A conclusão foi que, embora ambos tenham características parecidas, eles não são iguais.
"Acreditamos que este seja um exemplo de doença sociogênica [da sociedade] em massa, que envolve comportamentos, emoções ou condições que se espalham espontaneamente por um grupo", escreveram os autores do estudo, publicado no periódico Movement Disorders.
Em todos os artigos, médicos e pesquisadores explicam sobre a importância em trazer mais informações do tema, com objetivo de ajudar os especialistas e, principalmente, os jovens, sobretudo neste momento ainda de pandemia e de maior exposição nas redes sociais.
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