10 coisas que você queria saber sobre sexo, mas tinha vergonha de perguntar
Hoje é Dia do Sexo e provavelmente você, como qualquer pessoa, deve ter alguma dúvida sobre o assunto. Afinal, a sexualidade humana é tão variada e plural que existem muitas possibilidades para curtir o momento a dois (ou mais), certo?
Pois bem, VivaBem elaborou uma lista com 10 dúvidas comuns que muita gente gostaria de esclarecer e fazer a um especialista, mas que, por falta de coragem ou excesso de vergonha, acabou guardando para si. Confira:
1. Afinal, existe frequência ideal?
De acordo com um estudo feito pela Universidade de Toronto, no Canadá, o ideal seria transar uma vez por semana. Por outro lado, a prática sexual não significa que a pessoa seja mais satisfeita. Uma pesquisa realizada na Universidade Carnegie Mellon (EUA) concluiu que o ato sexual, sozinho, não é responsável por aumentar o nível de felicidade.
A verdade é que não existe um número mágico de relações sexuais que seja considerado normal ou mais recomendado. O importante é que o casal esteja alinhado e ambos consigam aproveitar quando acontecer.
Colunista de VivaBem, o médico Jairo Bouer, especialista em sexualidade, lembra que uma maior frequência é mais comum especialmente no início do relacionamento —mas isso não é regra. "Tem quem fique satisfeito com uma transa por semana mesmo no começo, ou uma vez ao dia. E tudo bem", explica. "A grande questão é achar um meio-termo, uma frequência que seja boa para os dois, pois se é ruim para um, é ruim para ambos".
2. Faz mal fazer muito sexo?
Quando feito com proteção e respeitando o(a) parceiro(a), o sexo é prazeroso e faz bem à saúde. No entanto, quando o ritmo das transas é alto, os órgãos sexuais podem acabar sofrendo um pouco.
Isso porque o "excesso de uso" pode provocar irritação, desconforto e até um processo inflamatório tanto no pênis como na vagina. De acordo com Jairo Bouer, a troca de bactérias que acontece naturalmente durante a transa também favorece o aparecimento de infecções urinárias em pessoas com tendência ao problema, já que esses microrganismos podem acabar entrando em contato com a uretra no ato.
3. Faz mal engolir sêmen?
Não. Daniel Suslik Zylbersztejn*, médico do Departamento de Sexualidade e Reprodução da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), explica que o esperma (ou sêmen), fluído produzido pelas glândulas vesícula seminal e próstata, por si só não oferece risco —mas também não existe comprovação científica de que traga benefício.
"O líquido é composto por uma série de substâncias, como proteína, frutose, vitaminas e minerais, além do espermatozoide, e nenhuma delas é prejudicial. O problema é quando o homem está infectado com alguma IST (infecção sexualmente transmissível)", afirma.
Neste caso, se a outra pessoa tiver uma lesão ou mesmo uma microfissura na boca ou na orofaringe, ao engolir o esperma —ou apenas ficar com ele na boca —, fica suscetível a contrair enfermidades como HPV, sífilis, clamídia e gonorreia. O que acontece é que os machucados funcionam como porta de entrada para os microrganismos. Por isso, é indispensável o uso de preservativo.
4. Sexo na gravidez é permitido?
Segundo os médicos, se a gravidez não for de risco, o sexo está liberado do primeiro ao último trimestre. Transar é ótimo para a autoestima, controla a ansiedade, aumenta a produção de anticorpos, libera endorfina (um hormônio que gera sensação de bem-estar e ajuda a ter um sono mais profundo) e fortalece a musculatura da vagina.
E o melhor: durante a gestação, transar pode ser ainda mais prazeroso. É que nesse período aumentam-se os níveis de estrogênio e progesterona (hormônios femininos responsáveis por preparar o corpo da mulher para a gestação), como a lubrificação vaginal e o fluxo sanguíneo da região pélvica, o que predispõe excitações com maior frequência e orgasmos mais intensos.
5. Posso transar durante a menstruação?
Do ponto de vista fisiológico, não tem problema algum em transar durante o período menstrual. Tudo depende da intimidade e da escolha do casal. Mas a presença do fluxo exige alguns cuidados básicos para evitar perrengues que vão desde uma gravidez não planejada até a contaminação por doenças, por exemplo. Por isso, é fundamental usar preservativo.
6. A libido diminui mesmo no pós-parto?
Sim. Os especialistas recomendam o chamado resguardo sexual entre quatro a seis semanas após o parto —mas isso é uma estimativa, já que a mulher pode retomar as transas quando se sentir pronta. Fisiologicamente, o pós-parto é uma fase de baixa libido por conta da quebra brusca dos hormônios —incluindo a testosterona —, justamente para que o corpo da mulher volte ao seu estado pré-gravidez e possa, também, dar atenção ao recém-nascido.
7. É possível fraturar o pênis durante o sexo?
Por mais incrível que isso seja, sim, é possível. Ainda que incomum, a fratura peniana, como é conhecida (visto que o pênis não tem osso), pode levar a sérias consequências, se não receber tratamento imediato.
As fraturas penianas geralmente ocorrem quando o pênis "escapa" durante a penetração e se choca contra uma superfície mais dura, curvando-se excessivamente, o que leva a um aumento da pressão interna. Isso pode causar um "rasgo" na estrutura do órgão.
De acordo com Fábio Vilar*, chefe do serviço de urologia do Hospital das Clínicas da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), após fraturar o pênis, o paciente deve buscar a emergência de imediato para reduzir a possibilidade de sequelas como disfunção erétil e/ou deformidades no órgão. Segundo o especialista, a maioria dos homens vai necessitar passar pela cirurgia quando ocorrer uma fratura.
8. Faz mal ficar sem sexo por muito tempo?
Do ponto de vista físico, não. Ficar sem transar por longos períodos não causa qualquer alteração nos órgãos sexuais em si. Tanto os órgãos masculinos como os femininos se mantêm funcionando normalmente e ficam no aguardo de uma próxima interação. Deixar de transar não vai dificultar ter orgasmos, por exemplo.
No entanto, do ponto de vista psicológico, aí sim vemos alguns prejuízos. Aqui, a tendência é que alguns sintomas, como estresse e a ansiedade, sejam intensificados. Isso porque o sexo também tem uma função relaxante e antidepressiva, já que hormônios e neurotransmissores liberados durante o ato em si e o orgasmo ajudam a controlar esses e outros sintomas ligados à depressão.
9. Sexo é indispensável em uma relação amorosa?
Depende. Entre especialistas, é consenso que a atividade sexual é o que caracteriza o relacionamento de um casal. Se duas pessoas se relacionam e não fazem sexo, essa dupla pode ser de companheiros, amigos, sócios, mas não um casal. Por outro lado, nem todos os indivíduos necessitam da mesma frequência ou intensidade sexual, o que significa que duas pessoas podem estar juntas e terem necessidades diferentes quanto ao sexo. Dessa forma, o diálogo passa a ser ainda mais importante na dinâmica do casal, a fim de buscar um meio-termo satisfatório para ambos.
10. Existe vício em sexo?
Sim. Para a OMS (Organização Mundial da Saúde), esse vício é conhecido como transtorno do comportamento sexual compulsivo. Ele foi incluído na nova versão da Classificação Internacional de Doenças, a CID-11, que deve entrar em vigor em 2022.
O diagnóstico de vício em sexo não depende da quantidade de vezes em que um indivíduo se masturba ou transa por dia, mas da perda do controle sobre o desejo. "Não podemos confundir dependentes de sexo com indivíduos com alta libido. O vício é quando o indivíduo não consegue adiar a vontade. É um comportamento intenso e persistente que causa prejuízo, porque a pessoa deixa de fazer outras atividades, inclusive profissionais, em função do sexo", explica o professor de psiquiatria Danilo Baltieri*, que se especializou em transtornos sexuais durante seu doutorado na USP (Universidade de São Paulo).
Não há cura para o vício em sexo, mas há como controlá-lo. O tratamento é realizado por psiquiatras, que receitam medicação para ajudar a controlar a busca excessiva por sexo —em geral, antidepressivos com propriedades ansiolíticas. Em paralelo, o recomendado é que o paciente passe por sessões de psicoterapia.
* Fontes consultadas em entrevistas publicadas em 22/01/2020, 27/07/2021 e 06/04/2021.
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