53% dos brasileiros acham importante oferecer apoio a quem tem depressão
Quatro em cada 10 brasileiros tiveram sintomas de ansiedade ou depressão durante a pandemia, segundo uma pesquisa do Datafolha, de agosto, sobre saúde mental. Dos 2.055 entrevistados em 129 municípios das cinco macrorregiões do país, 44% afirmaram que tiveram problemas psicológicos.
Entre eles, 28% apontaram que tiveram diagnóstico de depressão ou outra doença relacionada à saúde mental durante a pandemia de Covid-19, enquanto 46% afirmaram que algum familiar ou amigos próximos tiveram depressão nesse período.
Mas a conscientização dos brasileiros sobre o tema depressão ainda é deficiente. 53% dos entrevistados consideram muito importante oferecer suporte a quem esteja passando pela doença, e 10% não souberam agir diante de um conhecido com depressão. Essa dificuldade de lidar com a situação é um pouco maior entre os homens e pessoas que não são economicamente ativas.
Segundo a pesquisa, os mais afetados foram as mulheres (53%), jovens entre 16 e 24 anos (56%), pessoas economicamente ativas (48%), pessoas com alta escolaridade (57%) e aqueles sem filhos (51%).
Além do aumento dos casos de depressão, os sentimentos de sobrecarga, medo e angústia durante a pandemia também se agravaram. Cerca de 55% das pessoas concordaram que se sentiram sobrecarregadas de tarefas e 57% afirmaram ter vivenciado medo e angústia nos últimos meses.
"O prolongamento do período da pandemia misturado à incerteza com relação ao futuro, uma rotina com restrições de circulação, o medo da morte, o luto e a falta de convívio entre familiares e amigos fez com que aumentassem os sentimentos de ansiedade, tédio, pânico e solidão durante este período, o que pode ter levado a esses dados preocupantes", observa a neurologista e diretora médica da Viatris, Elizabeth Bilevicius.
Rede de apoio é fator importante no tratamento
Ter o apoio de familiares, amigos e colegas de trabalho não impede o surgimento de doenças mentais, mas ajuda no tratamento. Dos que passaram por ansiedade ou depressão durante a pandemia, 62% tinham pessoas com quem contar, e 14% não teriam ninguém para dar suporte. Quase todos (96%) concordaram que a rede de apoio favorece a recuperação.
A depressão pode ser tratada, e seus sintomas, controlados. Para isso, é fundamental que o paciente assuma o papel de protagonista da sua vida e busque ajuda profissional e também junto às pessoas com as quais convive e confia.
"O primeiro passo é admitir que está doente, que precisa de ajuda. É muito comum a negação do problema nesses casos. A partir daí, é importante se abrir com pessoas da sua confiança e estabelecer um diálogo limpo e construtivo, uma vez que a rede de apoio é um complemento fundamental à abordagem clínica. Sabemos que quem conta com esse suporte costuma ter mais adesão ao tratamento", reforça a presidente da ABRATA, Marta Axthelm.
A pesquisa faz parte da campanha "Bem Me Quer, Bem Me Quero: O diálogo sobre depressão e ansiedade pode salvar vidas", realizada pela Abrata (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos) e pela Viatris, empresa global de saúde, para o Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio.
Como ajudar alguém com depressão
A empatia —tanto dos médicos como de pessoas próximas ao paciente — é essencial para que as pessoas com o transtorno se sintam acolhidas e apoiadas, e o ato de se colocar no lugar delas pode fazer uma grande diferença no tratamento.
Mesmo não sendo profissional, o apoio das pessoas próximas, de forma simples, pode ajudar no dia a dia de pessoas que convivem com o transtorno. Veja como cinco formas de ajudá-las:
1. Reconheça os sinais
O primeiro passo para ajudar alguém depressivo, quando esta pessoa ainda não revelou a doença, é ficar atento aos sinais. O indivíduo com o transtorno tende a mostrar desânimo, raciocínio comprometido, expressões de tristeza, isolamento, pouco cuidado com aparência e higiene pessoal, perda de interesse, falta de energia.
2. Exercite a empatia
Não é necessário ter vivido uma depressão para se colocar no lugar do outro. A recomendação dos especialistas é que você demonstre que compreende que a pessoa está sentindo dor emocional mesmo sem poder afirmar que "entende pelo que ela está passando".
3. Fuja das respostas óbvias
"Fique bem"; "vai passar"; "por que você não tenta sair de casa"... Por mais bem-intencionadas que essas frases possam ser, proferi-las a alguém durante um quadro depressivo não ajuda no transtorno. Em vez disso, além de recomendar ajuda profissional, busque ser o que a pessoa precisa, seja isso um bom ouvinte, companhia no dia a dia ou até um "oferecedor" de abraços.
4. Fale abertamente sobre a doença
A depressão deve ser um tema falado sem tabus. Mostrar-se aberto e sem preconceitos ajuda para aqueles que sofrem do transtorno vejam em você alguém com quem eles podem conversar confortavelmente sobre o que estão passando.
5. Procure os familiares ou pessoas mais próximas
O ideal é buscar seus entes queridos, alguém com relevância para o paciente, para que a situação possa ser investigada. O mesmo vale para alguém próximo que nega ingressar na terapia: vale recorrer a outros parentes, amigos ou parceiros românticos para tentar levar a pessoa ao melhor tratamento possível.
Centro de Valorização da Vida
Caso você esteja pensando em cometer suicídio, procure ajuda especializada como o CVV (Centro de Valorização da Vida) e os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade. O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.
* Com informações de reportagem publicada no dia 14/11/2018.
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