Ana Vilela fala sobre depressão e haters de 'Trem-Bala': 'É algo que afeta'
"Segura teu filho no colo, sorria e abrace seus pais enquanto estão aqui. Que a vida é trem-bala, parceiro, e a gente é só passageiro prestes a partir." Muito provavelmente você já ouviu um trecho da música "Trem-Bala", da cantora Ana Vilela, 23. O que talvez você não saiba é que, mesmo após cinco anos do lançamento do som, ele ainda cause "desconforto" em algumas pessoas, principalmente aos haters da internet.
Em um relato feito pelo Twitter, Ana pediu que as pessoas não mandassem publicações falando sobre a música. "Eu tenho depressão e não gostaria de ouvir comentários de mais alguém, além da minha própria cabeça, dizendo que meu trabalho é um lixo", escreveu.
Em entrevista ao VivaBem, a cantora disse que, desde o começo da pandemia, quando as crises de pânico e ansiedade pioraram, ela foi diagnosticada com depressão. "Comecei a fazer terapia e ela indicou que eu fosse a uma psiquiatra. Fui diagnosticada com depressão. Estava com diversos problemas pessoais e profissionais, além da pandemia em si", conta.
Desde que começou a trabalhar com música e viu "Trem-Bala" explodir, em 2016, a artista já estava sentindo ansiedade e chegou a fazer terapia por um tempo, mas mais recentemente, as crises pioraram. Ana relata ter dificuldade em lidar com os haters da internet. É algo que, para ela, não faz o menor sentido.
"É muito louco que as pessoas se incomodem tanto só porque a música toca muito. A crítica sempre é essa", diz. "Agora, quando a crítica vai para 'sua gorda, escrota, não aguento mais esse tipo de música', aí vira um problema sério, algo que afeta a gente. Todos somos humanos e há um limite neste 'grau de frieza', não dá para aceitar".
Para a cantora, ainda é difícil de entender esse tipo de coisa, como o ódio das pessoas que recebe na internet. "A gente nunca aprende, de fato, a lidar com isso. Nunca fica normal", desabafa.
Na pandemia, o trabalho da artista ficou muito focado na produção de conteúdo para internet, então, esse acesso ao ódio gratuito de alguns internautas ficou mais evidente. Antes, quando sentia o carinho dos fãs nas ruas e nos shows, os haters passavam despercebidos.
O amor dos fãs compensa
Por outro lado, neste tempo distante do carinho "ao vivo" dos fãs, Ana conta ter uma proximidade muito positiva com eles. Nas horas mais difíceis, eles são parte fundamental para as coisas ficarem mais fáceis de lidar. "Ajuda muito na saúde mental", diz.
"Ao estreitar os laços com os fãs, tive essa blindagem também. Eles me deixam confortável, me protegem e estão sempre ali para ouvir minhas ideias malucas", conta.
Ela tem grupos com seus admiradores no WhatsApp e em outros aplicativos. Por lá, eles conversam sobre qualquer assunto. Ana conta que é por eles que segue fazendo suas músicas. "Sempre falo que, por mais que a gente tente, a sensação é de que nunca vamos conseguir retribuir esse amor. Sou muito grata em tê-los."
Família, amigos e entretenimento
Além do tratamento com psicóloga e psiquiatra, a cantora explica que há algumas atividades que contribuem para seu bem-estar mental, como ver séries e vídeos engraçados no YouTube, cantar e, é claro, a companhia de amigos e familiares.
Ana conta que tudo isso ajuda a "tirar a cabeça de certos lugares". "Sempre falo com meus amigos, que também têm ansiedade, que ver séries já assistidas antes ajuda demais porque você já sabe o que vai acontecer. Tenho minhas 'confort' [confortáveis] séries, como 'How I Met Your Mother' e 'Grey's Anatomy'", diz.
Para distrair, também conta com o violão e a música. Ela escreveu algumas canções neste período mais difícil da depressão, mas prefere mexer nas letras futuramente. "No processo de criação, quando há um momento de dor ou algo que incomoda, é normal que as primeiras letras saiam mais agressivas, ríspidas e duras. E você pode ir moldando aos poucos".
Ela prefere que as músicas não cheguem desta forma aos fãs. Nas próprias palavras dela, quer transformá-las em algo com mais carinho.
Ninguém está só
Ana considera fundamental o debate sobre a depressão, além de outras doenças que afetam a saúde mental. "É mostrar para as pessoas que elas não estão sozinhas, que elas precisam, sim, de ajuda, e que isso é mais comum do que elas imaginam", diz a cantora, integrante da campanha da startup Polen sobre Setembro Amarelo. O projeto tem o objetivo de desmistificar problemas relacionados à saúde mental com relatos de diversos artistas.
Além disso, reforça a importância em procurar ajuda e tratamento. "Sei que pode ser difícil desembolsar um valor para isso [terapia], mas há muitos órgãos competentes que realizam trabalhos voluntários. Enfim, procurem ajuda e tratamento."
Centro de Valorização da Vida
Caso você esteja pensando em cometer suicídio, procure ajuda especializada como o CVV (Centro de Valorização da Vida) e os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade.
O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.
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