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Inspiração pra fazer da atividade física um hábito


Família em movimento: conheça atividades para fazer com os seus filhos

gilaxia/iStock
Imagem: gilaxia/iStock

Fernanda Beck

Colaboração para o VivaBem

14/09/2021 04h00

Ter uma rotina de atividade física é um hábito importante que precisa ser cultivado desde o começo da vida. Os exercícios promovem saúde física e mental, prevenindo e contribuindo para o tratamento de diversas doenças crônicas.

Quando praticadas entre pais e filhos, atividades físicas reforçam laços familiares, ajudam no desenvolvimento físico e mental da criança e contribuem para a manutenção do condicionamento físico da família toda.

Independentemente da idade, mover o corpo também é uma forma de limitar a quantidade de tempo sedentário, particularmente em frente às telas.

O que é atividade física e quais seus benefícios na infância

Pai e filho andando de bicicleta - iStock - iStock
Imagem: iStock

Atividade física é qualquer atividade que envolva movimentos voluntários corporais, com gasto de energia significativo e que promova interações sociais e com o ambiente. E não se trata só de esportes: ela pode acontecer no seu tempo livre, deslocamento, no trabalho, estudando ou executando tarefas domésticas.

Caminhar, correr, pedalar, brincar, subir escadas, carregar objetos, dançar, praticar esportes, lutas, ginásticas e ioga são atividades físicas. Limpar a casa, passear com animais de estimação, cultivar a terra e cuidar do quintal também são exemplos.

Para as crianças, os benefícios de manter uma vida ativa incluem o auxílio na manutenção do peso ideal, mais qualidade do sono, melhora no desenvolvimento motor, nas funções cognitivas e no aprendizado, fortalecimento da integração e das habilidades psicológicas e sociais, além da contribuição para o crescimento saudável de músculos e ossos.

Através das experiências motoras e sensoriais, as crianças constroem a base do funcionamento cognitivo, como atenção, pensamento lógico, solução de problemas e tomada de decisões.

Quando feitas em família, as atividades físicas também têm o poder de fortalecer o vínculo afetivo por proporcionarem uma experiência em conjunto, muitas vezes divertida. Autoconfiança e sensação de segurança, já que os adultos responsáveis estão sempre próximos, são igualmente trabalhadas.

Atividades físicas recomendadas para serem praticadas em família

A escolha da atividade física depende da faixa etária dos participantes. Jogos e brincadeiras que envolvam movimentação do corpo, atividades rítmicas e danças são sempre bem-vindos. Existem muitos esportes que também podem ser praticados por crianças, primeiro em caráter lúdico, e posteriormente em caráter competitivo ou de lazer.

  • 0 a 6 anos
brincadeira; crianças; amarelinha - iStock - iStock
Imagem: iStock

Nesta fase, é importante que os adultos tentem entrar no universo lúdico da criança. Crianças gostam de desafios, desde que adequados ao seu desenvolvimento motor. Atividades simples contemplam esta faixa etária: colocar uma música para dançar, caminhar por praças ou parques e propor pequenos desafios, como ver quem chega primeiro até determinado ponto, quem consegue saltar um pequeno obstáculo, ou quem consegue lançar uma pedrinha mais longe ou em um alvo. Brincadeiras tradicionais como amarelinha, pega-pega e esconde-esconde também são boas pedidas.

Crianças desta idade atuam muito pela imitação. Assim, quando os pais incluem seus filhos em suas atividades, aumentam a chance daquela atividade se tornar uma atividade em família, principalmente quando ela vem associada a impressões prazerosas e agradáveis.

  • 7 a 12 anos

Crianças desta faixa etária podem praticar atividades como andar de bicicleta, nadar pequenas distâncias, realizar corridas por percursos curtos e participar de práticas esportivas ou de artes marciais simplificadas, além de continuar explorando os jogos, as brincadeiras, as atividades rítmicas e as danças.

É importante evitar a competitividade em excesso, processos de treinamento muito sistematizados e grandes cobranças, pois a criança não tem maturidade física nem emocional para isto. O adulto que realiza a atividade física com a criança tem que respeitar estas limitações. O mais importante é a diversão, para que a atividade física seja entendida como agradável e se torne um hábito.

  • Adolescência

A partir da adolescência, quase todas as atividades físicas do universo adulto podem ser praticadas, desde que se respeite o corpo em desenvolvimento, de preferência com supervisão profissional. É um momento em que o jovem já pode participar de práticas esportivas mais organizadas e processos de treinamento mais sistematizados.

Pais e filhos nessa faixa etária podem frequentar as mesmas aulas nas academias, como danças, lutas, ginásticas ou musculação, desde que com adaptações das cargas de treino. Também podem sair para pedalar no final de semana, caminhar ou correr por trilhas ou participarem juntos de jogos informais de modalidades como futebol, vôlei ou basquete.

Família correndo - Geber86/iStock - Geber86/iStock
Imagem: Geber86/iStock

O que levar em consideração

Além da idade da criança, as atividades físicas em família devem ser divertidas, prazerosas e seguras. O principal é encontrar algo que seja do interesse de ambas as partes, pois nem sempre aquilo que o pai ou a mãe gostam é o que os filhos gostam e vice-versa.

É importante que a criança esteja disposta e tenha vontade de participar. A imposição pode tornar aquele momento desagradável para a criança e afastá-la da prática de atividade física. Outro ponto importante é pensar em atividades físicas e esportes que possam ser praticados ao ar livre e na natureza, ambiente que traz muitos benefícios emocionais e cognitivos.

Vale o cuidado com modalidades que envolvam movimentos muito especializados, principalmente na primeira infância. Musculação e crossfit, por exemplo, exigem um certo grau de desenvolvimento motor e maturidade biológica para serem praticados.

Atividades extremamente competitivas também não são adequadas, pois podem interferir no relacionamento familiar devido a cobranças e expectativas por resultados.

Atividades competitivas x jogos lúdicos

Pai e filho brincando, jogando bola, futebol - iStock - iStock
Imagem: iStock

É essencial que a atividade física infantil tenha sempre um aspecto lúdico, principalmente na primeira infância. Conforme a criança vai se desenvolvendo, a competição pode ser inserida aos poucos. Ensinar os pequenos a lidar com atividades com certo nível de rivalidade —desde seja saudável, sem grandes pressões— desenvolve habilidades emocionais como saber perder e lidar com as frustrações.

É importante observar como a criança responde à competição, pois nem todas gostam, e obrigar a criança a competir pode afastá-la da atividade física ou esportiva. Criar um ambiente acolhedor e estimulante contribui para que essa criança mantenha o prazer ao praticar atividade física, o que ajuda a diminuir a chance de sedentarismo.

As atividades cooperativas, como gincanas ou vôlei infinito (sem pontuação), também são muito valiosas na infância. As crianças têm a oportunidade de experimentar e vivenciar novas maneiras de jogar, sem a preocupação de ganhar ou perder, valorizando a cooperação, solidariedade, comunicação e empatia.

Atividades sem necessidade de quadra ou equipamento especial

Com crianças de até seis anos, jogos e brincadeiras como queimada são boas ideias. Caminhadas com desafios ou por trilhas são boas em todas as faixas etárias. Muitos parques também oferecem equipamentos de ginástica simples que podem ser utilizados em conjunto por pais e filhos, para desafios e brincadeiras entre ambos.

O ideal é usar a criatividade e também deixar que a criança proponha atividades. Estar em meio à natureza aumenta as possibilidades associadas a corridas e à exploração do ambiente, como procurar por plantas específicas, pássaros ou outros animais.

Fontes: Eduardo Mota, professor do curso de educação física do IEFES (Instituto de Educação Física e Esportes) da UFC (Universidade Federal do Ceará); Barbara de Paula Pires Franco Guimarães, profissional de educação física, mestre em fisiologia pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro); Bruna Velasques Brandão, psicóloga, mestre em saúde mental e professora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e Jeferson Luís da Silva, profissional de educação física especialista em musculação e fisiologia do exercício na saúde, na doença e no envelhecimento pela FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).