Paciente da Prevent relata prescrição de hidroxicloroquina para covid-19
Uma paciente do plano de saúde Prevent Senior relatou a VivaBem que recebeu a orientação de usar hidroxicloroquina e ivermectina após o diagnóstico de covid-19, há pouco mais de um mês. Até o momento, não existem evidências científicas de que esses medicamentos sejam eficazes e seguros no tratamento da doença provocada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2).
De acordo com reportagem veiculada hoje na GloboNews, que teve acesso a um dossiê da CPI da Covid envolvendo a Prevent Senior, a disseminação da cloroquina e outros medicamentos é resultado de um acordo entre o plano de saúde e o governo Jair Bolsonaro (sem partido). Desde o início da pandemia, o presidente defende o tratamento precoce, sem eficácia comprovada contra a doença.
O dossiê inclui documento de médicos e ex-médicos da Prevent. Ainda segundo a reportagem, o plano de saúde ocultou mortes de pacientes que participaram —sem conhecimento— de um estudo para testar a eficácia da hidroxicloroquina e azitromicina contra a covid-19.
Diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior deveria prestar depoimento hoje (16) à CPI da Covid, mas não compareceu. Em nota ao UOL, a seguradora afirmou que pedirá uma investigação ao Ministério Público para apurar as denúncias "infundadas e anônimas por um suposto grupo de médicos".
'Senti que médica foi obrigada a falar'
A musicista e locutora M. N., 32, foi infectada pelo novo coronavírus há pouco mais de um mês. Cliente do plano de saúde, que paga para ela e para a mãe idosa, pediu que sua identidade fosse mantida em sigilo para evitar represálias, já que faz uso com frequência dos serviços médicos da operadora.
Após realizar exames para confirmar o diagnóstico, M. N. recebeu uma ligação de uma pessoa identificada como médica sobre o que fazer. "Ela disse que o exame havia dado positivo, perguntou como estava me sentindo e que iria me ligar de novo para acompanhar meu quadro", conta ela, que estava, até então, satisfeita com a conduta do plano de saúde.
Mas as coisas começaram a mudar quando a médica explicou o tratamento para a covid-19. "Ela disse que o protocolo era o uso de hidroxicloroquina e ivermectina, mas que ficava 'a critério do paciente' usar ou não", lembra. "Na hora, fiquei muda, não sabia o que responder", relata.
M. N. continuou na ligação enquanto ouvia outras orientações e o que fazer caso seu estado piorasse. No final, a médica perguntou novamente se ela aceitava a medicação. "Respondi na hora: 'claro que não, Deus me livre', e ela não insistiu mais", conta.
A paciente acredita que aquela era uma conduta obrigatória aos profissionais que atendiam pelo plano. "Tive a impressão de que ela tinha que falar aquilo, me recomendar aquelas medicações, como se fosse uma conduta obrigatória", acredita.
A musicista diz que procurou então uma amiga cardiologista para pedir ajuda e acabou tomando apenas dipirona e acompanhando a saturação por meio de um oxímetro, mas se recuperou bem sem grandes complicações.
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