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Vacinar adolescentes contra a covid-19 é seguro? Entenda

Secom São Luís
Imagem: Secom São Luís

Do VivaBem, em São Paulo

22/09/2021 16h07

A vacinação de adolescentes contra a covid-19 no país tornou-se um assunto polêmico. Apesar de ser autorizada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e considerada segura pela OMS (Organização Mundial de Saúde), a imunização de pessoas com idade entre 12 e 17 anos sem comorbidades foi suspensa pelo Ministério da Saúde, na semana passada.

Segundo nota técnica, a decisão estaria embasada na recomendação da OMS em não imunizar esse grupo, pelo número baixo de casos graves e pelos poucos estudos sobre a vacinação nessa faixa etária. Além disso, o ministro Marcelo Queiroga justificou a medida afirmando que os estados não estavam seguindo o PNI (Plano Nacional de Imunização) e aplicaram em adolescentes outras vacinas além da Pfizer —a única autorizada pela Anvisa para esse grupo—. Ainda citou que ocorreram eventos adversos nesse público que precisam ser avaliados.

Apesar da recomendação do governo federal, muitas cidades brasileiras seguiram com a vacinação de jovens com mais de 12 anos usando o imunizante da Pfizer —ontem (21), o STF (Supremo Tribunal Federal), determinou que cabe a estados e municípios a decisão sobre a imunização de adolescente. Isso gerou dúvidas em muitos pais, que não sabem se é seguro seus filhos adolescentes receberem a proteção.

A vacinação de adolescentes é segura?

Sim, diversos órgãos e sociedades médicas já reforçaram que a vacinação é, sim, segura para pessoas com 12 anos ou mais. Inclusive, diversos países estão vacinando seus adolescentes e crianças, como os EUA, a França e a Alemanha.

Em nota, a OMS (Organização Mundial de Saúde) afirmou que a vacina da Pfizer/BionTech é segura para pessoas com 12 anos ou mais e que jovens dentro dessa faixa etária e com alto risco (que têm comorbidades) devem receber a vacina junto com os outros grupos prioritários.

A OMS também esclarece que a prioridade deve ser o público mais velho, com doenças crônicas e os profissionais de saúde, pois "as crianças tendem a ter uma doença mais branda em relação aos adultos". Ou seja, a OMS nunca disse que não disse que não é seguro vacinar adolescentes sem comorbidades, a instituição apenas considera menos urgente vaciná-los.

Por fim, o órgão também afirma que mais evidências sobre outras vacinas neste público são necessárias para fazer recomendações gerais.

SBIm discorda de recuo do Ministério da Saúde

Já a SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) soltou uma nota afirmando ser contra o recuo da pasta em relação à vacinação de adolescentes sem comorbidades após o anúncio do início da vacinação desse grupo. "A medida gera receio na população e abre espaço para fake news", diz o posicionamento.

No texto, eles trouxeram diversas justificativas para mostrar que a medida não é a adequada. Uma delas é que a vacinação já foi autorizada pelo Ministério da Saúde no capítulo 3.1 da Nota Técnica no dia 02 de setembro de 2021, e no capítulo 4.3.3.2 da 10ª edição do PNO (Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a covid-19), de 15 de agosto de 2021.

A SBIm esclarece ainda que o fato de apenas um imunizante — o da Pfizer — ter sido testado em ensaios clínicos randomizados e licenciado pela Anvisa para uso em pessoas a partir dos 12 anos, e ocorrências pontuais de administração equivocada de vacinas de outros fabricantes (erros de imunização) não justificam a interrupção.

Erro na vacinação não é motivo para interrupção

De acordo com o Ministério da Saúde, foram registrados 1.545 eventos adversos entre os 3.538.052 adolescentes vacinados no Brasil até o momento (0,043%). Erros de imunização respondem pela maioria (93%).

Na semana passada, a pasta disse que foram aplicadas mais de 26 mil doses de vacinas que não foram autorizadas para adolescentes no Brasil. Em São Paulo, o secretário de Saúde Jean Gorinchteyn afirmou que o governo está investigando. Mesmo que seja um erro grave, especialistas explicam que os riscos à saúde são mínimos.

A sociedade também reforça que casos de óbito de adolescentes que receberam vacina da Pfizer, ou qualquer outro caso, devem ser investigados com rigor. "Até o momento, no entanto, não foi estabelecida relação causal com a vacina. É necessário cautela para evitar a adoção de medidas precipitadas", afirmam.

Casos de miocardite são raros

Ainda na nota da SBIm, eles explicam que a incidência de eventos adversos graves como miocardite (16/1.000.000 de pessoas que recebem duas doses da vacina) é extremamente baixa e inferior ao risco da própria covid-19

Os casos, portanto, não são apenas raros como praticamente todos eles são leves —o que não justificaria a pausa na vacinação para esse grupo.

Dados muito recentes mostram o seguinte: observando os meninos e meninas entre 12 e 17 anos que sempre foram saudáveis, mas que vão parar no hospital, precisar de UTI e eventualmente morrer por causa da infecção pelo Sars-CoV-2, esse número é muito maior do que o de casos de miocardite pós-vacina entre eles.