Espondilite anquilosante: entenda a doença dolorosa da atriz Dani Moreno
A atriz Dani Moreno, de 35 anos, conhecida por atuar em novelas da RecordTV, como "Gênesis" e "Amor Sem Igual", compartilhou com seus seguidores do Instagram que vive com espondilite anquilosante, uma doença autoimune e degenerativa.
"Tenho desprazer em conhecê-la tão intimamente, EA. Você já dava sinais de que estava por aqui desde que eu era muito pequena. Inflamações e infecções diversas e repetidas; dificuldade em me sentir bem com alguns alimentos, especialmente o glúten; cansaço avassalador sem porquê nem pra quê; dores que me travavam o pescoço a ponto de colocar colar cervical aos 7 anos etc... Como saberíamos? Como imaginaríamos que o marcador HLA B27 passaria de vó para mãe e de mãe para filha?", escreveu na rede social.
O que é e o que causa a espondilite anquilosante
A espondilite anquilosante é uma doença autoimune que pertence a um grupo de doenças chamadas de espondiloartrites.
O grupo inclui patologias como a artrite psoriásica (associada à psoríase) e a artrite enteropática (associada à doença inflamatória intestinal, como Crohn e retocolite ulcerativa).
"Essas doenças apresentam características em comum, como a inflamação em áreas como tornozelos, joelhos e calcanhar levando à dor crônica na região lombar e nas nádegas", explica Rodrigo Poubel, reumatologista na clínica Cobra Reumatologia, em São Paulo, e mestre em Ciências Médicas pela UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).
A causa das espondiloartrites é desconhecida, explica o médico, porém acredita-se que a origem desse grupo de doenças deva-se a uma interação complexa entre fatores genéticos — estudos sugerem que o risco do quadro em parentes de primeiro grau varia de 5 a 16%— ambientais, como por exemplo o tabagismo.
Descobrir a doença em estágio inicial, como a atriz afirmou que foi seu caso, faz bastante diferença. "O retardo no diagnóstico pode levar à instalação de lesões articulares mais graves, como fusão óssea das sacroilíacas (local de comunicação entre a coluna vertebral e a bacia) e a formação da coluna do tipo "bambu", com a qual os pacientes geralmente apresentam dor e perda de mobilidade na bacia e na coluna vertebral", diz Poubel.
Sintomas
Normalmente, a dor lombar persistente por mais de três meses é o primeiro sinal da doença. Depois, o incômodo pode irradiar para pernas e causar rigidez na coluna e comprometer a mobilidade.
Se não for realizado o tratamento adequado, podem ocorrer algumas complicações:
- Dores intensas na coluna e nas articulações;
- Inflamação nos olhos, chamada de uveíte;
- Inflamação do intestino, as vezes com formações de fistulas intestinais (estreitamentos);
- Deformidades articulares no quadril e nos ombros;
- Doenças de pele, principalmente casos de psoríase;
- Problemas cardíacos, como inflamação de vasos do coração, doença valvar aórtica, distúrbios de condução, cardiomiopatia e doença cardíaca isquêmica;
- Quanto à saúde mental, podem ocorrer alterações do humor e depressão.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico das espondiloartrites depende, inicialmente, da descrição detalhada dos sintomas pelo paciente. Assim, o médico consegue identificar as principais características clínicas comuns a esse grupo de doenças. "Havendo a queixa de dor na bacia e na coluna, o profissional deverá solicitar exames de imagem para ambas as regiões", afirma o reumatologista.
A ressonância magnética é utilizada principalmente nos casos em que os sintomas sejam relativamente recentes pois tem alta resolução para lesões inflamatórias agudas/ativas.
Já as radiografias, apontam o especialista, são especialmente úteis para a detecção de alterações estruturais nas articulações, sendo, portanto, mais úteis nos casos cujos sintomas sejam relativamente mais longos. "Também podem ser solicitados testes de marcadores inflamatórios no sangue como VHS e proteína C reativa, além do marcador genético conhecido para a doença, que leva o nome de HLA-B27", esclarece.
Qual é o tratamento?
Trata-se de uma doença crônica, portanto sem cura. O objetivo do tratamento é controlar os sintomas e retardar ou inibir a progressão da doença.
"O tratamento medicamentoso pode incluir anti-inflamatórios e drogas anti-reumáticas, como metotrexato, sulfassalazina e os ditos agentes imunobiológicos (medicamentos produzidos pela biologia celular de DNA humano), que revolucionaram o tratamento das espondiloartrites. Também devemos recomendar a realização de exercícios de reabilitação com profissionais experientes", informa Poubel.
O tratamento para doenças reumáticas é garantido pelo SUS (Sistema Único de Saúde), que disponibiliza tratamentos farmacológico (com o uso de medicamentos) e complementares (com a utilização de práticas integrativas e complementares, exercícios, terapia física, entre outros)
"O próximo passo, é tomar as injeções imunossupressoras. Elas custam mais de 10 mil cada. Preciso de 2 por mês. E quem vai me salvar? Ele mesmo, o SUS", disse a atriz no Instagram.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.