Quem tem diabetes não precisa evitar carboidratos, mas prefira os integrais
Velho conhecido da população brasileira, o diabetes ocorre quando o corpo não produz insulina ou não consegue usá-la adequadamente —este hormônio é responsável por controlar a glicose (açúcar) no sangue. Entretanto, os riscos, inclusive de morte, da doença ainda são pouco falados. A alimentação para esses pacientes é o fator determinante para o agravamento ou o controle do distúrbio, além dos medicamentos, claro.
E aí vem um dado preocupante: 46% dos brasileiros com diabetes (8,5 milhões de pessoas) não sabem ter a doença, logo, não cuidam do quadro e correm grande risco de sofrer com suas consequências.
Integrais são importantes para esses pacientes
A ingestão de alimentos integrais está relacionada diretamente com a diminuição do risco de doenças cardíacas e, consequentemente, de morte precoce. "Isso foi baseado em 185 estudos prospectivos e 58 ensaios clínicos", disse Orsine Valente, médico endocrinologista, professor titular do Departamento de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) e diretor do Departamento de Diabetes da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia), durante o XXV Congresso Brasileiro de Nutrologia da Abran, que teve início na última quinta-feira (23).
"A cada 15 gramas de grãos integrais acrescentados você diminui a mortalidade por todas as causas, a prevalência de diabetes tipo 2 e de câncer colorretal", explica Valente, ressaltando que pão, arroz e macarrão integrais deveriam fazer parte do cardápio diário das pessoas, especialmente dos diabéticos.
Mas isso não significa que o paciente não pode ingerir carboidratos complexos —cada caso deve ser avaliado individualmente pelo médico responsável.
"Apesar de o carboidrato ser o grande influenciador da glicemia depois da refeição, os alimentos que contêm esse nutriente são também fontes importantes de energia, fibras, vitaminas, minerais, contribuindo até mesmo para a adesão da dieta", explica Verônica Laino, colunista de VivaBem.
Inclusive temos alguns estudos que mostram que adequadas concentrações de carboidratos inclusive melhoram a sensibilidade à ação da insulina, por isso não é preciso excluir este grupo. Aliás, a OMS (Organização Mundial da Saúde) não recomenda concentrações inferiores a 130 g por dia desse macronutriente.
Dieta cetogênica e diabetes
O diretor da Abran alertou ainda sobre os riscos da dieta cetogênica, que prega o consumo de pouco carboidrato ou quase nenhum. "Essa dieta foi descoberta antes mesmo de a insulina ou terapia existir, e era muito utilizada em pacientes com diabetes e em crianças que apresentavam epilepsia e crises convulsivas", lembra Orsine.
Naquela época, porém, essa dieta era utilizada para controlar o diabetes porque não havia outra maneira. Mas hoje o cenário é diferente e, quando o paciente faz uso da cetogênica, pode perder muito peso, mas saúde também.
"A pessoa que faz essa dieta pode ter câimbras, constipação, principalmente durante as duas primeiras semanas, e esse paciente diabético tem que fazer adaptações nos medicamentos", alerta o médico. Mas pondera: "[Para o caso de] diabéticos tipo 1, eu não aconselho de jeito nenhum. Diabéticos tipo 2, obesos, sem outras comorbidades e individualizando caso a caso, pode ser feita".
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