Preconceito contra obesidade é principal desafio no combate à doença
Doença crônica e que exige tratamento multidisciplinar, a obesidade ainda é muito estigmatizada. Isso faz com que as pessoas desanimem cada vez mais e descontem suas frustrações na comida. Em outras palavras, rir ou fazer qualquer tipo de deboche só piora a situação de quem sofre com a doença.
"Todo tipo de estigma acarreta diversas consequências para a saúde física e psicológica. E essa estigmatização interfere na eficácia do tratamento contra a obesidade, além de trazer mais comorbidades e mortalidade", alertou na última sexta-feira (24), Maria Del Rosário Z. Alonso, especialista em nutrologia pela Universidade de Buenos Aires e diretora e coordenadora científica da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia), durante o XXV Congresso Brasileiro de Nutrologia da Abran.
A especialista destacou que o problema, muitas vezes, começa ainda na infância, ou seja, as crianças não estão sendo ensinadas a respeitar as diferenças e acabam caçoando do colega que não se enquadra dentro do estereótipo "esperado". É o famoso bullying.
"Essa situação também se repete com pessoas adultas em diferentes situações", diz. "Todo esse estigma contra o peso contribui para uma alimentação não saudável, trazendo distúrbios psicológicos. E dentro da saúde pública isso também tem influência na desigualdade social", destaca a coordenadora científica.
De acordo com a médica, o preconceito contra a obesidade tem sido difundido até mesmo em ambientes hospitalares, entre os próprios profissionais da saúde, como médicos, enfermeiros, nutricionistas, entre outros. "Os profissionais de saúde devem liderar o caminho para a erradicação do estigma do peso", diz Alonso.
Mas para que isso aconteça, o caminho é longo. Para começar, todos os profissionais deveriam passar por um treinamento visando a saúde, não só o peso do paciente.
Esse comportamento alimentar não é um fenômeno isolado ou independente, mas sim o resultado da interação do estado fisiológico do organismo e condições ambientais. "Ou seja, temos à esquerda fatores internos através do hipotálamo e à direita fatores externos, relacionados a aspectos culturais e sociais", diz ela.
Por isso, o acolhimento e a motivação são tão importantes para esses pacientes. Eles precisam entender os riscos que estão correndo e, principalmente, acreditarem que são capazes de mudar.
Mas vale ressaltar que cada caso é um caso. A reeducação alimentar para uma pessoa não será a mesma para a outra. Além disso, os especialistas devem buscar metas realistas, isto é, possíveis de serem concretizadas pelo paciente, atreladas a exercícios físicos.
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