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Chás ajudam a aliviar cólica em bebês?

Priscila Barbosa
Imagem: Priscila Barbosa

Thamires Andrade

Colaboração para VivaBem

29/09/2021 04h00

É do tempo das vovós/bisavós a prática de oferecer chás para aliviar as cólicas dos bebês recém-nascidos. No entanto, ainda que o hábito seja popular, ele não é recomendado pelos especialistas e órgãos de saúde. A orientação da OMS (Organização Mundial da Saúde) e do Ministério da Saúde é o aleitamento materno exclusivo até os seis meses, sem oferecer nenhum outro alimento ou líquido à criança.

As cólicas deixam muitos pais —principalmente os de 1ª viagem— de cabelo em pé, mas a verdade é que todos os bebês estão sujeitos a passar por esses desconfortos nos primeiros três meses de vida até que o trato gastrointestinal esteja maduro. Alguns mais, outros menos, mas é normal e é um processo fisiológico que passa.

Bebês prematuros, crianças que nasceram de cesárea e bebês amamentados com fórmulas têm tendência a terem mais cólicas, seja porque ainda estão com os órgãos imaturos, não tiveram contato com a microbiota do canal vaginal da mãe e não têm contato com as "bactérias do bem" presentes no leito materno. Mas, se as cólicas forem muito intensas, é importante buscar ajuda de um profissional de saúde.

Sem colher de chá

Como grande parte dos chás nunca é servido sem adoçar por conta do amargor, a ideia de que a bebida acalma as cólicas pode ter surgido, na verdade, da rápida e momentânea ação calmante que o açúcar provoca nas crianças.

Ou seja, além de não auxiliar diretamente nas cólicas, o açúcar depois é fermentado pela flora intestinal, produzindo mais gases e desconforto para os bebês. Segundo a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), o ideal é esperar até os dois anos para oferecer doces às crianças.

Além disso, os próprios chás também podem fazer mal aos bebês, já que a bebida tem um composto químico chamado xantina, que diminui a absorção de ferro e zinco, que são minerais importantes para o bom funcionamento do organismo.

Então o que os pais podem fazer?

Já que esses desconfortos são mais do que naturais, há algumas medidas que podem ser tomadas. No caso das mães que estiverem amamentando exclusivamente, o ideal é reduzir ou evitar alguns alimentos que, quando digeridos, vão para o plasma que compõe o leite materno.

São eles: leite de vaca, derivados de leite e outros lácteos, bem como alimentos estimulantes, como café e refrigerante com cafeína. Também é interessante evitar o consumo de carboidratos simples, como pães e farinhas brancas, pois eles podem aumentar os gases e causar distensão abdominal no bebê.

Ainda que a redução de consumo desses alimentos possa contribuir eventualmente para reduzir as cólicas, é muito importante que as mães sigam com a amamentação conforme a orientação pediátrica.

Além disso, os pais também podem realizar compressas mornas na região abdominal, massagens circulares e até massagens nos pés dos bebês com óleos essenciais. Só lembrando de sempre diluir o óleo, pois ele é muito concentrado e pode causar alergias nas crianças, que têm uma pele mais sensível.

E após os seis meses?

Passados os seis primeiros meses do bebê, é chegada a hora da introdução alimentar e, neste caso, os chás, assim como águas e frutas, podem ser oferecidos. É importante sempre prestar atenção na origem da água, bem como não colocar açúcar ou qualquer outro tipo de adoçante na bebida.

O chá pode ser oferecido antes da hora de dormir e os pais devem evitar os que possuem cafeína e preferir folhas de camomila, erva-doce e erva-cidreira que tem propriedades calmantes que podem ajudar a embalar o sono da criança.

Fontes: Diogo Toledo, coordenador médico do Departamento de Terapia Nutricional do Hospital Israelita Albert Einstein (SP) e coordenador da pós-graduação em nutrologia do Hospital Israelita Albert Einstein; Tadeu Fernandes, presidente do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria); e Virna Costa e Silva, pediatra e professora titular adjunta da UFC (Universidade de Federal do Ceará).