Criança engole pingente e vai à UTI; saiba como agir em casos como esse
Uma menina de três anos foi encaminhada ao HMC (Hospital Municipal de Cuiabá) há algumas semanas, após engolir um pingente do tamanho de uma moeda que estava preso em sua blusa. Ela precisou passar por duas cirurgias para retirar o objeto, que ficou vários dias preso entre a laringe e o esôfago.
A criança chegou a ser encaminhada para uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva), pois já não conseguia mais respirar. A mãe fez o certo ao levá-la ao posto de saúde mais próximo imediatamente. Nesses casos, a agilidade no atendimento médico é essencial para salvar a vida da criança.
Em entrevista ao HG (Hospital Geral de Cuiabá), a mãe, Eronildes da Silva, 33, disse que comprou uma blusa com alguns enfeites e, dentre eles, havia um pingente de coração grudado na roupa.
"Estava limpando a casa, quando a minha filha chegou e falou que tinha engolido o coração, na hora corri com ela para o posto, mas como não tinha médicos e nem enfermeiros, fui encaminhada para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Morada do Ouro", conta.
Porém, ao observarem que o objeto estava próximo da laringe, os médicos a transferiram para o HMC, onde foi realizada a primeira cirurgia, que não obteve sucesso. Os médicos então pediram apoio do HG (Hospital Geral e Maternidade de Cuiabá) para que o procedimento fosse feito por um especialista. A menina então foi submetida a uma nova cirurgia e, dessa vez, o objeto foi retirado.
Dergan Baracat, otorrinolaringologista do HG, explica que esse tipo de acidente é constante em crianças de até quatro anos de idade, já que elas exploram o mundo pela boca. "A gravidade neste caso foi que o objeto engolido pela criança não foi expulso pelo organismo, pois ficou alojado no esôfago, o que poderia ter levado a óbito", alertou o médico.
Depois da cirurgia, a criança voltou ao HMC, onde permanece em recuperação e deve receber alta na próxima semana.
O que fazer em casos como esse?
Primeiro: não provoque vômitos. Esse método não é recomendado, pois a criança pode aspirar o vômito, engasgar e não conseguir respirar.
Nesse tipo de acidente, primeiro verifique se a criança continua respirando normalmente. Se estiver, os pais devem levá-la para um atendimento médico.
No entanto, se ela estiver respirando com dificuldade leve-a imediatamente ao hospital. Se a criança parou de respirar e não consegue falar ou chorar, trata-se de um caso grave de obstrução da via respiratória, que é uma emergência em que os próprios pais ou quem estiver com a criança terão que agir rapidamente.
"Quando a criança tem mais de um a dois anos, a manobra de Heimlich é a mais indicada. A gente abraça a criança pelas costas, e dá um aperto súbito por baixo das costelas que os braços estão, deslocando a via aérea para cima. E daí, provavelmente, o objeto vai ser expelido nessa manobra", ensina Fernanda Minafra, professora do departamento de pediatria da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
Em menores de um ano a manobra é diferente: "Deve-se apoiar a criança na nossa perna e colocar a cabecinha um pouco mais para baixo da altura da perna, com a barriga virada para baixo, e fazer cinco compressões nas costas da criança. E daí, logo em seguida, vire a criança e a coloque de frente e faça cinco compressões no externo, que é esse osso da frente do tórax. E vai alternando isso até que a criança reaja", completa Minafra.
Segundo os especialistas, é muito comum as crianças engolirem objetos estranhos sem que os pais percebam e a única forma de saber o que houve é a manifestação dos sintomas que, geralmente, são salivação excessiva ou com sangue, tosse, febre, recusa alimentar, irritabilidade, vômitos e por aí vai.
Nesses casos, a criança deve ser levada ao hospital para que o objeto seja identificado e os médicos definam qual melhor procedimento. "Baterias e pilhas têm substâncias corrosivas e podem ser altamente lesivas para o organismo de uma criança. Então tem que procurar um atendimento", alerta a professora da UFMG.
Caso não é isolado
De acordo com dados do Ministério da Saúde e do DataSUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil), a principal causa de mortes por acidentes em crianças menores de um ano é a asfixia, uma vez que o material engolido pode comprimir e pressionar a laringe.
Além disso, acidentes ou lesões não intencionais são responsáveis, em média, pela internação de mais de 111 mil crianças no Brasil, levando 3,6 mil a óbito todos os anos, segundo os dados mais recentes disponíveis do Ministério da Saúde (2019).
*Com informações de reportagem publicada em 17/09/2020.
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