'O enlutado não quer sugestão do que fazer, mas presença', diz psicóloga
Maria Helena Franco, psicóloga e coordenadora do Laboratório de Estudos e Intervenções sobre Luto da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), disse hoje que é importante ajudar pessoas que passam pelo luto sem fazer julgamento e sugestões.
"A primeira atitude é estar junto, oposto a dizer 'faça isso ou faça aquilo'. Mostrar para aquela pessoa que está ali com ela e estando ali com ela, pode-se ouvir sem fazer julgamento e sem dar sugestão. Essa pessoa não quer sugestões, ela precisa de alguém que esteja ali de verdade, que de fato seja uma presença ali", afirmou durante 2ª Semana da Saúde Mental VivaBem, nesta quinta-feira (4).
Segundo Franco, é normal ter oscilações de tristeza e felicidade durante o processo de luto. "Oscilar um dia que está bem e outro que não está é necessário para se perceber vivendo situações difíceis", afirma. "O luto é um processo natural quando a gente vive uma perda, e o natural dele é que exista dor. Fingir que não, não é o natural", completa.
Rituais do luto na pandemia
Para a psicóloga, a paralisação dos rituais de luto por causa da pandemia trouxe prejuízos.
Os rituais fazem falta porque eles têm essa importância de organizar a experiência daquela família, porque a morte desorganiza. O ritual diz o que é para fazer. Na falta dele, fica mais difícil para as famílias se organizarem com aquela situação que é desorganizadora. Falta também a situação de oferecer homenagens para a pessoa que faleceu. Priva as pessoas do estar junto.
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