'É exaustivo', diz psicóloga sobre o efeito do racismo na saúde mental
No quarto painel da 2ª Semana da Saúde Mental VivaBem, que aconteceu hoje (14), a psicóloga Roberta Federico, mestre pela UFRJ e estudiosa do impacto do racismo na saúde mental da população negra, falou sobre como o preconceito gera estresse e ansiedade no corpo e levam o indivíduo a um estado de hipervigilância, que é a sensação de estar sempre com a "antena ligada".
Federico, que atende majoritariamente pessoas negras na clínica em que trabalha, afirma que os pacientes relatam constantemente a sensação de não relaxar. "É um efeito de uma ansiedade que liga o sistema de alerta do corpo, dá taquicardia, a pessoa prende a respiração, fica ansiosa, suando frio".
A especialista também cita os efeitos do estresse a que estão submetidas essas pessoas. "Quão estressante é não poder viver com espontaneidade, não poder demonstrar afeto por quem você ama, não poder entrar nos estabelecimentos e receber um atendimento sem ter que imaginar o que a outra pessoa vai pensar e por isso você tem que agir antes. Isso é perturbador, exaustivo", afirma a psicóloga, que participou do painel "Como o preconceito afeta a saúde mental".
Marcela McGowan, médica ginecologista, apresentadora e autora do livro "Senta que nem moça", também participou da conversa e contou que ficou em pânico e preocupada quando falou abertamente sobre sua bissexualidade em rede nacional, mas que o acolhimento foi muito importante para o processo de aceitação. "Quando você tem acolhimento, com certeza é muito mais fácil. Quando você não tem, principalmente, dentro de quem deveria te acolher, que é a sua família, isso torna o processo ainda mais difícil psicologicamente", contou ela, que ainda citou ter vários privilégios, como ser mulher cis e branca e de ter um contexto familiar em que não foi rejeitada, o que fez uma grande diferença na sua saúde mental.
Um outro ponto debatido no painel, mediado por Samuel Gomes, escritor e consultor de diversidade, foram os efeitos que a pandemia causou às pessoas LGBTs que ainda não saíram do armário e que tiveram que conviver com seus familiares que nem sabiam da sua orientação sexual ou que sabiam, mas não aceitavam.
De acordo com Bruno Branquinho, psiquiatra pela USP, psicanalista e professor do curso de Saúde LGBT da Faculdade de Medicina do Hospital Albert Einstein, a situação pode ter um efeito devastador. "Não só você não tem mais esse carinho, afeto, esse grupo que te apoia, como você está preso dentro de um ambiente que você ou não pode ser quem você é, ou recebe muita violência por conta disso. Esse ambiente doméstico é um retrato da nossa sociedade", diz.
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