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Entenda o que é a fisioterapia para o pênis, feita pelo peão Tiago

O cantor Tiago Silva realizou uma faloplastia, que consiste numa cirurgia para aumentar o pênis  - Reprodução/PlayPlus
O cantor Tiago Silva realizou uma faloplastia, que consiste numa cirurgia para aumentar o pênis Imagem: Reprodução/PlayPlus

Colaboração para VivaBem*

22/10/2021 13h59

O cantor sertanejo Tiago Silva, que participa de "A Fazenda 13" (RecordTV), disse ontem que faz exercícios para a reabilitação peniana. "Eu faço todo dia minha fisioterapia, venho, tiro a roupa de fora e tomo o meu banho".

Silva, que faz dupla com Hugo, realizou uma faloplastia — que consiste no aumento do órgão genital — e desde que passou a falar publicamente sobre o assunto não saiu mais da mídia. O procedimento aconteceu no meio do ano e ele disse que não corre o risco de deformar o seu pênis.

A fala do peão gerou polêmica nas redes: afinal, como funciona a fisioterapia peniana? Segundo o urologista Fernando Facio, chefe do Departamento de Andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a fisioterapia peniana é um procedimento para reabilitar o pênis e fazê-lo voltar ao estado natural.

Ela é realizada, geralmente, após alguma agressão ao pênis em virtude de sequelas vindas do tratamento de câncer de próstata, traumatismo por laceração ou outros tipos de traumas. "A reabilitação se faz com bombas de vácuo que faz com haja uma sucção do sangue para dentro do pênis, para criar um ingurgitamento, uma ereção artificial. Há também o tratamento medicamentoso que é com uso de remédios que induzem a ereção", explica Facio.

Aumento do pênis

A cirurgia de aumento do pênis é polêmica. A SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), por meio de nota oficial, já afirmou que a contraindica e reforça que não há estudos ou dados científicos que confiram credibilidade, eficácia ou segurança de qualquer técnica de aumento das dimensões penianas. O Conselho Federal de Medicina define como experimentais os procedimentos cirúrgicos de aumento peniano e neurotripsia (D.O.U.; 12 agosto de 1997. Seção 1, p. 17.338.).

Quais as técnicas usadas?

De acordo com Antonio Carlos Pompeo, presidente da SBU, existem várias técnicas usadas. "A maioria delas com insucesso significativo", diz o médico. Veja algumas a seguir:

Secções de ligamentos

Ela consiste em cortar o ligamento que conecta o pênis ao osso púbico. Isso faz o pênis flácido parecer mais longo, mas apenas visualmente. Embora possa fazê-lo pender ainda mais para baixo, na verdade não aumenta seu tamanho. O cirurgião também pode recomendar outros procedimentos, como remover a gordura da área ao redor do pênis. Isso pode fazer com que o pênis pareça maior, mas, novamente, isso não muda realmente seu comprimento.

Enxertos de tecido biológicos ou sintéticos

O mais comum é a aplicação de gordura retirada do próprio paciente entre a pele e o corpo cavernoso (estruturas do tecido erétil parecidas com esponjas), o que engrossaria o pênis. Mas estudos mostraram que o corpo pode reabsorver ou "quebrar" cerca de 30% da gordura injetada nos primeiros dois meses. Outra revisão de 2017 disse que o enxerto pode diminuir de volume (20 a 80%) em um ano.

Outra opção, dessa vez sintética, é a inserção de uma peça de silicone. O cirurgião primeiro faz uma incisão acima do pênis e depois insere uma tira de silicone em forma de meia-lua no corpo do pênis, para torná-lo mais comprido e largo. Alguns estudos mostraram resultados positivos, mas havia conflito de interesse, ou seja, os pesquisadores tinham relação com fabricantes de implantes.

Próteses

As próteses penianas são estruturas que são implantadas no pênis para preencher os espaços antes ocupados pelo sangue nos corpos cavernosos. Elas garantem a ereção e permitem que o usuário tenha relações sexuais sempre que desejar. Mas nenhuma deixa o pênis maior.

Quais os riscos?

Pompeo diz que a cirurgia tem potencial de complicações como infecções, deformidades e inclusive alterações de sexualidade.

Buscar esse tipo de procedimento ainda pode levar o homem a um quadro de depressão e redução da autoestima, pois a pessoa, que já estava descontente com as dimensões do pênis, fica ainda mais insatisfeita se houver uma piora.

De acordo com Alexander Bez, psicólogo especialista em relacionamentos pela Universidade de Miami e especialista em ansiedade e síndrome do pânico pela UCLA (Universidade da Califórnia), antes de decidir fazer uma cirurgia do tipo é preciso uma investigação psicológica para apurar as razões mentais que o levaram a esse procedimento.

"A grande maioria dos homens, que têm essa questão com o tamanho, estão focados fundamentalmente numa 'visão fantasiosa', tanto no que tange à própria dimensão genital, como também no que tange à expectativa de resultado, pois sem um adequado equilibro mental, a cirurgia pode não oferecer a tal da performance esperada", diz ele.

Um estudo publicado em abril de 2019 no periódico Scientific Reports avaliou 355 casos de cirurgias estéticas de aumento peniano e concluiu que "a faloplastia cosmética requer um conhecimento profundo da anatomia e da técnica cirúrgica e que a seleção dos candidatos é um elemento fundamental". Segundo os autores, os médicos deveriam excluir pacientes com transtornos psiquiátricos, como o transtorno dismórfico corporal, ou quem já fez a cirurgia e não teve resultados satisfatórios.

Os pesquisadores ainda disseram que o procedimento "muito raramente produz resultados espetaculares, mas como último recurso para melhorar o desconforto do paciente, pode melhorar consideravelmente sua autoestima e a qualidade de sua vida sexual e, por sua vez, de seus relacionamentos".

Quando a cirurgia é indicada?

Segundo o presidente da SBU, o procedimento é apenas indicado em casos de más-formações congênitas, como micropênis, e também em casos traumatismos penianos, como amputações.

* Com informações de reportagem de 03/07/2021