Ana Maria sofre queda em casa; por que cair é mais perigoso para um idoso?
A apresentadora Ana Maria Braga, de 72 anos, foi hospitalizada na noite de domingo (24) após sofrer uma queda em sua casa, em São Paulo. Ela foi encaminhada para o hospital Beneficência Portuguesa. Procurada pelo UOL, a assessoria de Braga tranquilizou quanto a seu estado de saúde, sem dar mais detalhes: "Ana Maria sofreu uma queda e foi para o hospital para tomar as devidas as providências. Está bem!"
Na idade da apresentadora, é mais comum cair com frequência. Estima-se que há uma queda para um em cada três indivíduos com mais de 65 anos, e que um em 20 daqueles que sofreram uma queda sofram uma fratura ou necessitem de internação. Dentre os mais idosos, com 80 anos ou mais, 40% cai a cada ano. Dos que moram em asilos e casas de repouso, a frequência de quedas é de 50%. Os dados são do Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia).
As quedas costumam estar mais presente em dois momentos da vida —quando aprendemos a caminhar e quando somos idosos. No início, estamos aprendendo a controlar nossos movimentos, experimentando. Já para quem ultrapassou os 60 anos, idade que é considerada, no Brasil, o divisor de águas para a popularmente chamada "terceira idade", as causas são outras.
O que faz cair?
Os idosos caem por vários motivos, mas os principais são a fraqueza da musculatura, a perda de sensibilidade por distúrbio neurológico —como consequência de doenças crônicas, por exemplo—, a diminuição da qualidade da visão e da audição ou até mesmo o efeito colateral de alguns remédios.
"Os idosos acabam perdendo um pouco o controle neurossensorial que adquirimos com o crescimento. Quando criança, desenvolvemos o equilíbrio. Com o passar da idade, o perdemos. Há também um atraso da conexão cerebral com o músculo (controle neuromuscular). Por isso, os idosos caem mais", explica Nemi Sabeh Jr., ortopedista e traumatologista do núcleo de especialidades do Hospital Sírio-Libanês (SP).
Por que é perigoso?
A queda para um idoso pode ocasionar quadros graves, como perda da funcionalidade, necessidade do uso de órteses, como bengala ou andador e, em casos extremos, deixar o paciente acamado e levar a quadros de tromboembolismo venoso, lesões por pressão (as chamadas "escaras"), infecções e até a morte.
Também existe um lado psicológico importante envolvendo o problema. "Após uma queda é muito comum que os idosos sintam medo de cair novamente. Desenvolvendo esse pânico ou medo, ele acaba se limitando cada vez mais e se isola", diz Elisangela Neto Ribeiro Chaves, geriatra da Home Doctor.
Perda óssea
As mulheres caem mais do que os homens, porém a queda masculina costuma ser mais grave, trazendo desfechos piores. "Uma explicação plausível é a de que as mulheres, por terem menor nível de estrógenos em comparação às mulheres jovens, têm mais osteoporose do que os homens, que mantém a proteção da testosterona ao longo da vida. Porém, quando os homens têm osteoporose denota-se maior gravidade e, portanto, as quedas nesses pacientes costumam ter piores desfechos", diz Natan Chehter, geriatra da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
O acompanhamento da saúde dos ossos é muito importante na fase mais avançada da idade adulta, uma vez que ossos mais fracos resultam em mais quedas e consequências mais graves. As fraturas mais graves que o idoso pode apresentar são a de fêmur e o traumatismo cranioencefálico.
Sobre o fêmur, existe uma elevada mortalidade do idoso depois de fraturá-lo. Como é uma condição bastante delicada, o risco de mortalidade também envolve o período pós-operatório do quadro.
Como prevenir?
Para evitar quedas em casa, a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, do Ministério da Saúde, lista 11 medidas de prevenção:
- Evitar tapetes soltos
- Escadas e corredores devem ter corrimão nos dois lados
- Usar sapatos fechados com solado de borracha
- Colocar tapete antiderrapante no banheiro
- Evitar andar em áreas com piso úmido
- Evitar encerar a casa
- Evitar móveis e objetos espalhados pela casa
- Deixar uma luz acesa à noite, para o caso de precisar se levantar
- Esperar que o ônibus pare completamente para você subir ou descer
- Utilizar sempre a faixa de pedestre
- Se necessário, usar bengalas, muletas ou outros instrumentos de apoio
* Com informações de reportagem de 21/08/2020
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