Treinar no frio ajuda a espantar o mau humor e a deixar você mais disposto
Em pleno final de outubro, moradores de alguns estados do Brasil (especialmente do Sudeste) foram surpreendidos por uma frente fria atípica, que vai fazer com que nos próximos dias tenhamos um clima de outono em plena primavera.
Com isso, muitas pessoas que estavam motivadas para fazer exercício regularmente e melhorar o condicionamento físico a tempo de curtir o verão viram a vontade de ficar nas cobertas se tornar maior do que a de fazer aquele treino na praça, de pedalar pela cidade e de correr no parque —ou até mesmo de ir à academia. Mas saiba que se exercitar no frio tem vantagens, e uma delas é espantar aquele mau humor ou tristeza que tendem a surgir sem motivo específico quando o tempo está fechado.
Ao esfriar, ficamos menos expostos aos raios solares. Isso provoca alterações hormonais em nosso organismo e há uma diminuição na produção de substâncias que geram prazer, bem-estar e diminuem o estresse. "Como consequência, podem ocorrer mudanças no humor, aumento de apetite e até de sentimentos depressivos", esclarece Páblius Staduto Braga, médico do esporte e diretor do Laboratório de Ergoespirometria e Calorimetria Indireta do Hospital Nove de Julho, em São Paulo.
Fazer exercícios ao ar livre vai aumentar sua exposição à luz natural. Mas não é só: qualquer treino (no frio ou no calor, inclusive em locais fechados) é benéfico para a saúde mental. A atividade física estimula a produção de substâncias (como endorfina, serotonina e dopamina) que geram bem-estar e euforia, melhoram o humor e reduzem a tristeza e sintomas depressivos. Também faz com que o organismo libere adrenalina, deixando você mais ligado e disposto para realizar suas tarefas do dia a dia.
Melhor performance
Quando os termômetros caem, quem faz exercícios deveria é comemorar, pois as baixas temperaturas favorecem um melhor desempenho físico. No frio, nosso organismo encontra maior facilidade para dissipar o calor produzido pelos músculos e manter a temperatura corporal controlada —processo que demanda muita energia e é um dos responsáveis pela fadiga precoce em treinos no calor, conforme explica Caio Cesar Fortuna, médico do corpo clínico do HCor (Hospital do Coração), em São Paulo, e das categorias de base do São Paulo Futebol Clube.
Resumindo, no frio a sensação de esforço é menor e você consegue fazer exercícios intensos por um tempo maior. Mas Fortuna ressalta que isso não ocorre quando o frio é rigoroso demais —algo incomum no Brasil, ainda mais nessa época do ano. "Nesse caso, ocorre uma queda de desempenho por redução da temperatura muscular e por maior ausência de substratos energéticos, principalmente de carboidratos", explica.
E o gasto calórico?
Ao ler que no frio o corpo gasta menos energia para manter a sua temperatura controlada você pode pensar: "Então vou queimar menos calorias?" Não. Acontece justamente o contrário. Cassiano Merussi Neiva, coordenador do Laboratório de Metabolismo e Fisiologia do Esforço da Faculdade de Ciências da Unesp (Universidade Estadual Paulista) explica que no frio nosso metabolismo aumenta para manter o corpo aquecido e a tendência é que a atividade física proporcione um gasto calórico maior, quando comparado a um mesmo treino feito no calor. Mas, se seu objetivo é perder peso, saiba que esse aumento no gasto calórico é pequeno e dificilmente vai favorecer o emagrecimento —o mais importante é focar na boa alimentação.
Treinar é bom para a sua imunidade
Se você ainda não ficou convencido de que vale a pena treinar no frio e um dos argumentos para ficar em casa é que ao fazer exercícios você pode pegar um friagem e correr maior risco de ficar doente, vamos dar mais uma boa notícia.
Em qualquer temperatura, a prática regular de atividade física (de três a cinco vezes por semana) ajuda a turbinar o nosso sistema imunológico. Mas, para conseguir esse reforço na imunidade, é preciso ficar de olho na intensidade e, principalmente, na duração do seu treino.
"A prioridade deve ser fazer exercícios leves a moderados e não muito longos (de até uma hora), que aumentam os níveis sanguíneos de anticorpos, células natural killer e fagócitos. Isso confere um reforço ao sistema imunológico", diz Leandro Nogueira, professor associado da Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Segundo ele, exercícios extenuantes de longa duração devem ser praticados com cautela, se possível, sob supervisão profissional, entre outros aspectos, por produzirem efeito depressor temporário no sistema imune. "Essa imunossupressão que ocorre após a prática desses exercícios deixa uma 'janela aberta', na qual micro-organismos (vírus, bactérias, fungos) oportunistas podem se instalar no organismo e causar doenças", alerta
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