Miranda McKeon retirou mamas devido ao câncer; quando cirurgia é indicada?
A atriz Miranda McKeon, conhecida pelo papel Josie Pye na série "Anne With an E", da Netflix, foi diagnosticada com câncer de mama, em junho deste ano. Aos 19 anos, ela passou recentemente por uma cirurgia de mastectomia dupla, quando ocorre a retirada das duas mamas.
Além do procedimento, a atriz também realizou sessões de quimioterapia e esperava a cirurgia há cinco meses. "Isso diminuirá significativamente meu risco de recorrência no futuro", escreveu em seu perfil no Instagram.
Desde que descobriu o câncer, a atriz tem usado a rede social para compartilhar informações sobre o tratamento. O caso da jovem, inclusive, é considerado raríssimo. É a "exceção da exceção", conforme explica Rodrigo Guindalini, oncologista clínico e oncogeneticista da Rede D'Or de Salvador (BA) e do laboratório Igenomix Brasil.
"O caso dela é muito incomum. O câncer de mama costuma ocorrer acima dos 50 anos", diz o médico. Quando uma paciente é diagnosticada com uma idade tão precoce como Miranda, há diretrizes que recomendam uma investigação genética para saber qual a causa exata.
A retirada das duas mamas —mesmo quando o diagnóstico é realizado em apenas uma delas— é indicada somente quando a paciente tem mutações genéticas, herdadas do pai ou da mãe, que aumentam o risco de desenvolver a doença novamente. "Um dado importante é que 1 em cada 10 casos é hereditário, ou seja, apenas em 10% encontramos essas alterações", diz Guindalini. "Nessas pacientes que identificamos as mutações, a chance de acontecer um segundo ou terceiro câncer de mama na vida é muito grande. Para elas, é fortemente recomendado a mastectomia dupla", explica.
Caso a atriz, por exemplo, não tivesse o diagnóstico de câncer, mas descobrisse a mutação, a cirurgia poderia ser postergada. De acordo com Fernanda Barbosa, mastologista e médica assistente do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo), pacientes jovens, na faixa dos 20 anos, podem esperar alguns anos antes de optar (ou não) pela cirurgia.
"Se ela quiser engravidar e amamentar, é possível fazer a cirurgia depois. Tudo depende do tipo de mutação, do histórico familiar, se a mãe ou irmã tiveram câncer de mama. Mas explicamos que a cirurgia é capaz de reduzir em 95% o risco do câncer, não 100%", explica.
Vale dizer que esse não é o padrão de tratamento, é uma das alternativas. A decisão de retirar as duas mamas é muito individual. E, de novo, apenas em casos que os testes genéticos detectam a presença de mutações que favoreçam o desenvolvimento do câncer de mama.
Caso a pessoa opte por não realizar a mastectomia dupla, mesmo sabendo que herda os genes, o acompanhamento é bem intensivo. São realizados diversos exames, como ressonância e mamografia, com mais frequência, com o objetivo de diagnosticar o câncer precocemente, caso ele apareça.
Pós-cirúrgico
A cirurgia não é um procedimento simples, mas, sim, invasivo e que demanda uma recuperação lenta. É possível ainda que a paciente tenha falta de sensibilidade nas regiões —algo que a atriz até comentou em uma das publicações.
"A cirurgia não é um passeio no parque, é bem complexa, porque você precisa retirar toda a glândula mamária, com bisturi, e é possível lesionar fibras de sensibilidade das mamas. Com isso, a paciente pode ter a perda da sensibilidade na região. Mas não são todas que vão ter isso, depende muito da paciente", diz o médico da Rede D'Or.
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