Exame detecta o risco de insuficiência cardíaca em pacientes diabéticos
No último dia 22 de outubro, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou a indicação de um exame que detecta o risco elevado de pessoas com diabetes tipo 2 desenvolverem insuficiência cardíaca. Essa condição grave que afeta 32,2% desses pacientes é responsável por, pelo menos, 50% das mortes na população diabética.
O exame é feito a partir de uma simples coleta de sangue e já é realizado por laboratórios no Brasil para outras indicações há 15 anos, tanto para avaliações eletivas quanto no ambiente de pronto-socorro, mas sem patologias prévias específicas, como é o caso agora.
De acordo com um dos principais estudos que embasaram a aprovação pelo órgão regulador, houve um aumento acentuado nos níveis do marcador cardíaco, chamado NT-proBNP, que pôde ser detectado em pacientes com diabetes tipo 2, seis meses antes de ocorrer a hospitalização por insuficiência cardíaca.
Os acompanhamentos clínicos entre pacientes com e sem diabetes tipo 2 demonstraram que os diabéticos apresentaram um risco 112% maior de desenvolver insuficiência cardíaca.
No caso de pacientes diabéticos classificados como de alto risco para desenvolver insuficiência cardíaca, e sem histórico da doença, foi comprovado que, ao longo de dois anos de acompanhamento intensificado, a taxa de hospitalização ou morte devido à doença cardíaca pôde ser reduzida em 65% em comparação com os pacientes que não receberam a mesma atenção médica.
Disponível pelo SUS apenas com a antiga indicação
Embora o exame NT-proBNP já tenha sido autorizado pelo SUS (Sistema Único de Saúde) para diagnosticar a insuficiência cardíaca (sem a nova indicação para pacientes diabéticos), na prática, ele não está disponível em todo o país.
De acordo com Humberto Villacorta, médico cardiologista e professor associado da Universidade Federal Fluminense, a Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde) e a consulta pública deram um parecer favorável para a incorporação do exame NT-proBNP no SUS, inclusive, a decisão foi publicada no Diário Oficial. "Mas falta acontecer. Teoricamente, [o exame] teria 180 dias para estar disponível no SUS, mas ainda não temos isso", diz.
Segundo ele, os hospitais que são centros de referências, como os universitários, têm o exame, e já tinham mesmo antes da incorporação.
Lembrando que já existe uma diretriz de utilização que direciona o seu uso apenas para o diagnóstico de insuficiência cardíaca, que não contempla a nova indicação.
Ainda não há nenhuma diretriz sobre o uso do exame no setor privado de saúde. O valor do exame para o paciente final, que porventura queira realizá-lo de forma particular, depende de cada laboratório.
Por que essa aprovação é importante?
Os especialistas poderão ter uma conduta clínica mais assertiva, a partir da avaliação de risco personalizada da população diabética, o que permitirá a realização de tratamentos cardioprotetores preventivos e, consequentemente, a obtenção de melhora nos resultados gerais dos pacientes.
"Estudos já mostraram que é possível prevenir e tem um grande estudo que está em andamento com mais de 2.000 pacientes, que estamos aguardando para comprovar que essa estratégia realmente previne", conclui o médico cardiologista.
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