Goldfarb fala de anorexia: 'Ainda não aprendi a me amar'; entenda a doença
A modelo Mariana Goldfarb, de 31 anos, compartilhou durante o fim de semana um desabafo nas redes sociais sobre o período em que sofreu com a anorexia, em 2016. Na primeira imagem, ela mostrou uma foto de quando convivia com a doença dizendo que aquilo não era bonito nem saudável.
Depois, ela fez um vídeo explicando mais sobre a situação e revelou que, apesar de não se considerar mais doente, ainda não consegue amar totalmente o próprio corpo.
"Há mais ou menos há cinco anos tive uma anorexia que durou uns 6 meses. Muita gente me pergunta se eu já consegui me livrar disso, se eu já aprendi a me amar por completo e a resposta é que não. Eu ainda não aprendi. Eu não me amo 100% do tempo. Mas eu estou em um processo muito importante e essencial de estar vivendo", começou ela.
Caracterizada por longos períodos de jejum e uma obsessão pela magreza, essa é a condição psiquiátrica que mais mata no mundo. O transtorno pode fragilizar o metabolismo, provocar problemas na pele, alterações cardíacas, aumento do colesterol, alto risco de hipotensão, desmaios e até impactos na temperatura corporal.
O que é anorexia?
Cunhado pelo médico inglês William Gull, no século 19, o termo anorexia vem do grego orexis, que quer dizer apetite. Ao pé da letra, o anoréxico é, portanto, aquele que não tem apetite.
Apesar da definição inicial, hoje já se sabe que o problema vai muito além de uma inapetência. Conforme explica a psicanalista Ana Suy Sesarino Kuss*, professora do curso de psicologia da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), para o ser humano, a alimentação ultrapassa o mero instinto de sobrevivência e é um hábito social.
Isso diz muito sobre o caráter plural de um transtorno alimentar. Há uma série de condições genéticas, mas também sociais e comportamentais que levam à anorexia.
Sabe-se, por exemplo, que uma personalidade obsessiva pode estar relacionada ao problema, como destaca a psicóloga Priscilla Leitner*, do IPCAC (Instituto de Pesquisa do Comportamento Alimentar de Curitiba). Outro fator a ser considerado é o apelo da mídia que, não raro, expõe corpos magérrimos como padrões a serem atingidos.
Até por isso, a anorexia é maior entre a população feminina, historicamente cobrada pela sua aparência devido ao machismo estrutural. De acordo com Estéfane Moura*, da SPP (Sociedade Pernambucana de Psiquiatria), a proporção aproximada de afetados hoje é de um homem para cada quatro mulheres.
Como prevenir e tratar?
O tratamento da anorexia deve ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar. A equipe mínima é composta por psiquiatra, psicólogo e nutricionista, mas há outros especialistas que podem contribuir, como educador físico e enfermeiro.
No que tange à prevenção, a psiquiatra Bruna Boaretto*, do CETA (Centro Especializado em Transtornos Alimentares), de Curitiba, reforça que todo mundo é capaz de ajudar.
Sabe aqueles comentários "fulana engordou ou emagreceu ou está feia, está bonita"? Pois bem, além de desnecessários, são verdadeiros gatilhos e devem ser evitados. Ao endossar uma perspectiva realista que valoriza as pessoas pelo que são, você ajuda a promover uma cultura de mais liberdade e autoaceitação.
Por fim, se você sofre ou conhece alguém que pode estar sofrendo de anorexia, busque ajuda especializada o quanto antes.
* fontes entrevistadas em reportagem feita por Lívia Inácio e publicada em 18/11/2021.
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