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Gustavo Cabral: Novo prazo para dose de reforço é decisão 'nada científica'

03/12/2021 09h44

O governo de São Paulo decidiu reduzir o prazo para que a população tome a dose de reforço da vacina contra covid-19. De acordo com Gustavo Cabral, colunista de Viva Bem e imunologista, a decisão, contudo, não foi tomada com base científica.

"É uma decisão política, nada científica. Não tem necessidade. Ideia era que fosse em 6 meses. Aí vem o Ministério da Saúde falar que precisamos levar em consideração 5 meses pelo possível decréscimo da imunidade. A gente até compreende, embora não seja preciso", afirmou. "Não vai fazer diferença. Agora tem resposta do governo do estado. Vamos para 4 meses. Fica bem claro que é briga política. Não está levando em consideração análises científicas."

Ele também alertou que essa decisão afeta a equidade do PNI (Programa Nacional de Imunização): "A gente está destruindo o PNI, que busca equidade. São Paulo está com 75% da população vacinada, enquanto vemos Amapá na casa dos 30%."

Segundo Gustavo Cabral, acelerar a aplicação da terceira dose pode causar efeitos colaterais leves: "Sempre pode ter efeitos colaterais, mas não efeitos colaterais graves. Às vezes, surgem dados, inclusive de médicos, mas que não tem 'feeling' científico. Eles trazem dados de que a vacinação causou miocardite, mas são estudos retroativos, que não levam em consideração a multiplicidade de fatores que podem gerar miocardite. Então, pode ter efeitos, sim, mas minha preocupação maior é mesmo com PNI."

Passaporte vacinal

O colunista também criticou a decisão do governo federal de manter o bloqueio aéreo a países africanos, em vez de exigir o passaporte vacinal contra o coronavírus para todos os estrangeiros.

"Enquanto a variante ômicron é encontrada em vários países, fechamos só para a Africa. Isso demonstra preconceito e limitação intelectual", afirmou Cabral.

Ele criticou ainda o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, por seguir as orientações do presidente Jair Bolsonaro (PL) nesse assunto.

"Queiroga é o Pazuello [general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro] de jaleco. É o pau mandado do verdadeiro ministro, Bolsonaro, e tem medo de exigir vacinação do Bolsonaro e ele não poder voltar, que seria um grande sonho nosso. Ele sai e não volta, e seria maravilhoso", completou Cabral.