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Tenho insônia e já cheguei a ficar uma semana sem dormir. Tem solução?

Daniel Navas

Colaboração para o VivaBem

07/12/2021 04h00

Resumo da notícia

  • De início, o ideal é entrar em contato com um médico do sono, que tentará identificar possíveis causas para a insônia
  • Em seguida, podem ser pedidos exames mais aprofundados, como a polissonografia
  • Em paralelo, dá para seguir algumas dicas, como evitar o uso de celular, TV ou comer na cama

O primeiro passo, claro, é buscar a ajuda de um médico do sono. Durante a consulta, o profissional fará diversas perguntas sobre o seu dia, como a dinâmica familiar, social, a rotina e rituais para dormir. Além disso, o médico irá abordar questões relacionadas a como é feito o uso do seu quarto, alimentação e os horários que são realizadas as refeições, além de outros tópicos como exercício físico, medicamentos que faz uso, entre outros aspectos.

A partir daí, pode ser indicado alguns exames laboratoriais, e outros mais específicos, como a polissonografia, aparelho que faz uma análise da qualidade do sono do paciente ao longo de uma noite inteira. Depois, com o diagnóstico em mãos, o médico indicará o melhor tratamento. Entre os procedimentos mais indicados está a terapia cognitivo-comportamental para insônia, que busca tratar exatamente os possíveis fatores causadores.

Mas, em paralelo, enquanto você aguarda a consulta com o profissional da saúde, dá para seguir algumas dicas. A começar, não utilize medicamentos ou suplementos sem prescrição médica, mesmo que sejam indicados para melhorar o sono. Estas substâncias podem causar um efeito contrário e piorar ainda mais a insônia. Além disso, a cama deve ser usada apenas para dormir. Evite trabalhar, assistir televisão, comer ou ficar no celular nela. Os estímulos luminosos interferem na liberação do hormônio melatonina, exatamente o responsável por regular o nosso sono. Portanto, quanto maior a exposição a luz, menor o sono.

Também é importante evitar cochilos durante o dia, pois isso pode reduzir a qualidade do sono no final do dia. Evite estimulantes de qualquer natureza, como café, alguns chás e energéticos. E se você pratica alguma atividade física, realize os treinos nos horários da manhã ou tarde. Durante a noite, o estímulo que os exercícios causam no corpo pode agravar a insônia.

Não ter uma boa noite de sono pode, em médio e longo prazos, afetar o organismo como um todo. A redução nas horas de dormir aumenta a ação da grelina, hormônio que gera sensação de fome, e diminui a leptina, substância que contribui na saciedade. A consequência disso é o aumento do apetite e da fome, e a maior probabilidade de desenvolver obesidade. Além disso, horas de sono comprometidas tornam o organismo mais susceptível a doenças infecciosas, como pneumonias e gripes. Isso porque o sistema imunológico acaba não trabalhando corretamente no combate à invasão de vírus e bactérias.

Por outro lado, dormir bem, ou seja, por volta de 6 a 8 horas por noite e acordar se sentindo disposto contribui para realizar uma verdadeira limpeza das toxinas produzidas no cérebro durante o período em que estamos acordados. Além disso, também ajuda a manter saudáveis os processos cognitivos de aprendizado e memória.

Fontes: Cristina Salles, médica responsável pelo Laboratório do Sono do Hupes-UFBA (Hospital Universitário Professor Edgard Santos da Universidade Federal da Bahia), que faz parte da Rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) e presidente da Associação Brasileira do Sono - Regional Bahia; Hennan Salzedas Teixeira, médico neurologista do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo e neurologista do ICNE (Instituto de Ciências Neurológicas); Yuri Busin, psicólogo, mestre e doutor em neurociência do comportamento pela Universidade Presbiteriana Mackenzi e diretor do Casme (Centro de Atenção à Saúde Mental - Equilíbrio).

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