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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Estudo destaca importância de biomarcadores para tratar câncer de testículo

Tumor de testículo corresponde a 5% do total de casos de câncer entre os homens - iStock
Tumor de testículo corresponde a 5% do total de casos de câncer entre os homens Imagem: iStock

Luiza Vidal

Do VivaBem, em São Paulo

09/12/2021 17h40

O tumor de testículo corresponde a 5% do total de casos de câncer entre os homens, segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer). Embora corresponda a 1% dos tumores que afeta a população masculina, a doença preocupa porque atinge em geral pessoas sexualmente ativas, causando grande impacto psicológico, emocional e social.

Se identificado precocemente, é facilmente curado e tem baixo índice de mortalidade. Para contribuir com o monitoramento da doença, pesquisadores da AFIP (Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa) realizaram um estudo nacional para investigar os biomarcadores relacionados ao câncer de testículo —que servem para auxiliar nas estratégias de tratamento, por exemplo.

O estudo, em análise para ser publicado em um periódico científico, avaliou aproximadamente 1.000 amostras de anátomo patológica de testículos, ao longo de dois anos —mas sem especificar o perfil dos participantes.

Deste total, cerca de 13% foram diagnosticados para câncer. Mais da metade teve resultado positivo para a doença apresentavam três marcadores tumorais: alfafetoproteína (AFP), gonatotrofina coriônica humana (b-HCG) e desidrogenase láctica (DHL). Os três já são amplamente conhecidos pela relação com o câncer de testículo.

"As dosagens dos biomarcadores aumentam as chances de sucesso do tratamento porque ajudam na diferenciação dos tumores e no acompanhamento pós-cirúrgico", explica o biólogo Felipe Silva de Siqueira, supervisor do setor de Inteligência Laboratorial da AFIP Medicina Diagnóstica.

Ainda de acordo com a pesquisa, que teve orientação da professora Márcia Cristina Feresa, a faixa etária com maior incidência ficou entre os 21 e 45 anos, mas também houve casos de crianças e homens idosos.

Segundo Gustavo Cardoso Guimarães, diretor do IUCR (Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Oncológica) e diretor dos departamentos cirúrgicos oncológicos da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, o nível dos marcadores são importante para o estadiamento clínico, mas não é possível analisar o achado do estudo —que 13% dos participantes diagnosticados com câncer de testículo.

"Os 13% podem dizer qualquer coisa. Não sabemos se os casos são provenientes de uma clínica de fertilidade, onde se faz biópsia para avaliar produção de espermatozóides, ou de um laboratório, para saber se é uma patologia. Ou, ainda, se é de um serviço hospitalar", explica.

Mesmo assim, a pesquisa destaca um assunto que é importante. Geralmente, as pessoas associam qualquer alteração no testículo com alguma doença venérea ou trauma recente —o que prejudica o diagnóstico precoce do câncer de testículo.

O autoexame regular, o check-up periódico e a identificação dos sintomas nos adultos jovens podem propiciar o diagnóstico precoce do câncer de testículo.

Pessoas com histórico familiar deste tumor, infertilidade, história prévia de testículo contralateral (fora do escroto), criptorquidia (não descida na infância de um ou dois testículos para a bolsa escrotal) e pessoas que trabalham em locais com desenvolvimento industrial elevado possuem risco aumentado para a enfermidade.

Os principais sintomas do câncer de testículo

  • Surgimento de um nódulo duro, que pode ser seguido de endurecimento;
  • Aumento ou redução do tamanho dos testículos;
  • Dor abaixo do abdômen;
  • Sangue na urina;
  • Sensibilidade nos mamilos;
  • Perda do desejo sexual;
  • Crescimento de pelos faciais e corporais em meninos muito jovens;
  • Dor lombar.

O aparecimento desses sinais demanda uma consulta ao urologista, que pode fazer o encaminhamento para o oncologista.

Tratamento do câncer

A abordagem terapêutica é definida caso a caso. A cirurgia, chamada de orquiectomia, é feita para remover o testículo com uma incisão na virilha. Nesse momento, amostras de tecido são examinadas para determinar o estágio do câncer.

Os tumores de testículo do tipo seminoma (o mais comum) são tratados com cirurgia, muitas vezes, associada com radioterapia ou quimioterapia a depender do estadiamento (fase de descoberta da doença).

Números no Brasil e mundo

A alta prevalência deste tipo de tumor e a ausência de câncer de próstata nesta idade é um reflexo do fato que o câncer de testículo é o mais comum no mundo entre os homens de 15 a 34 anos, superando a leucemia, que é o câncer pediátrico mais comum.

Ao contrário da faixa etária de maior incidência e prevalência, quando considerados os homens a partir de 35 anos, o câncer de testículo aparece apenas na 22ª posição, o que equivale a ser 35 vezes menos comum que o câncer de próstata.

Ao todo, são 74 mil novos casos anuais de câncer de testículo no mundo (35 mil deles entre 15 e 34 anos). Os dados são do levantamento Globocan 2020, da Agência Internacional para IARC/OMS (Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde).

Ainda de acordo com o Globocan 2020, com 3,3 mil novos casos anuais, o Brasil registra a maior incidência da América Latina de câncer de testículo. Já a maior prevalência no continente é observada na Argentina, com 8,1 casos para cada 100 mil argentinos enquanto a prevalência no Brasil é de 2,5 casos.

A maior prevalência de câncer testicular do mundo está no Norte da Europa, mais precisamente na Noruega, que apresenta 12,4 casos para cada 100 mil homens.