Taxa de depressão pós-parto dobrou na pandemia, revela estudo da USP
Um estudo inédito realizado no Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) com 184 mulheres que deram à luz durante a pandemia da covid-19 revelou que 38,8% delas tiveram depressão pós-parto.
O índice é praticamente o dobro do período pré-pandemia no Brasil, quando girava em torno de 20%, de acordo com a literatura médica. A pesquisa também revelou que 14% das puérperas tiveram ideações suicidas no período.
A pesquisa foi feita por meio de questionários entregues a mulheres que foram atendidas no Hospital das Clínicas da FMUSP e no Hospital Universitário da USP.
Entre os principais fatores para a depressão pós-parto relatados por elas, estavam a apreensão pela possível falta de leitos hospitalares, a ausência do parceiro e ansiedade. Já a ideação suicida também esteve associada, além da ansiedade, com as formas de receber informação sobre a covid-19, como, por exemplo, através de amigos.
"Esse é um estudo de extrema importância, que revela outras consequências seríssimas da pandemia, além dos casos de covid-19 em si. Atravessar a gravidez, parto e pós-parto em um período tão difícil para toda a sociedade acabou, claramente, afetando as gestantes e puérperas. É preciso entendermos todos os fatores envolvidos para darmos a melhor assistência possível a elas nesse momento", afirma o pesquisador Marco Aurélio Galleta, professor do departamento de obstetrícia e ginecologia da FMUSP.
De acordo com a pesquisa, também se associaram com a depressão pós-parto fatores como brigas em casa, tempo de isolamento, preocupação com o parto e com as notícias.
O número de horas diárias de informações sobre a pandemia também teve impacto sobre a saúde mental das gestantes e puérperas. Pacientes que tiveram ideações suicidas procuraram, em média, 4,5 horas de informação diária sobre a pandemia, contra duas horas em média daquelas que não apresentaram esse quadro.
Sinais da depressão pós-parto
Os sintomas da depressão pós-parto são parecidos como os de qualquer quadro depressivo, a diferença é que esta doença também envolve o vínculo com um recém-nascido. São eles
- Tristeza;
- Pessimismo;
- Alterações na alimentação (falta de apetite ou excesso de fome);
- Anedonia (perda de prazer em fazer atividades diárias);
- Alterações no sono (insônia ou dormir demais);
- Visão negativa da vida, as coisas parecem "sem saída";
- Cansaço;
- Insegurança;
- Irritabilidade;
- Fadiga;
- Choro frequente;
- Inquietação;
- Ansiedade;
- Sentimentos de desvalia ou culpa inapropriada;
- Dificuldade em se concentrar;
- Em casos graves, pensamentos suicidas, delírios e alucinações;
- Falta de vontade de cuidar do bebê ou apresentar cuidado excessivo.
Como tratar a depressão pós-parto?
O tratamento da depressão pós-parto vai depender do nível da doença e orientação do médico. Pode envolver o uso de medicamentos, sempre com prescrição médica, além de psicoterapias e/ou grupos de apoio, que são benéficos para a mulher.
Hoje em dia existem medicações seguras tanto para a gestação como durante a amamentação. A ausência de tratamento, inclusive, pode ser prejudicial para o bebê.
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