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Taxa de depressão pós-parto dobrou na pandemia, revela estudo da USP

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Imagem: globalmoments/iStock

Do VivaBem, em São Paulo

10/12/2021 12h38

Um estudo inédito realizado no Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) com 184 mulheres que deram à luz durante a pandemia da covid-19 revelou que 38,8% delas tiveram depressão pós-parto.

O índice é praticamente o dobro do período pré-pandemia no Brasil, quando girava em torno de 20%, de acordo com a literatura médica. A pesquisa também revelou que 14% das puérperas tiveram ideações suicidas no período.

A pesquisa foi feita por meio de questionários entregues a mulheres que foram atendidas no Hospital das Clínicas da FMUSP e no Hospital Universitário da USP.

Entre os principais fatores para a depressão pós-parto relatados por elas, estavam a apreensão pela possível falta de leitos hospitalares, a ausência do parceiro e ansiedade. Já a ideação suicida também esteve associada, além da ansiedade, com as formas de receber informação sobre a covid-19, como, por exemplo, através de amigos.

"Esse é um estudo de extrema importância, que revela outras consequências seríssimas da pandemia, além dos casos de covid-19 em si. Atravessar a gravidez, parto e pós-parto em um período tão difícil para toda a sociedade acabou, claramente, afetando as gestantes e puérperas. É preciso entendermos todos os fatores envolvidos para darmos a melhor assistência possível a elas nesse momento", afirma o pesquisador Marco Aurélio Galleta, professor do departamento de obstetrícia e ginecologia da FMUSP.

De acordo com a pesquisa, também se associaram com a depressão pós-parto fatores como brigas em casa, tempo de isolamento, preocupação com o parto e com as notícias.

O número de horas diárias de informações sobre a pandemia também teve impacto sobre a saúde mental das gestantes e puérperas. Pacientes que tiveram ideações suicidas procuraram, em média, 4,5 horas de informação diária sobre a pandemia, contra duas horas em média daquelas que não apresentaram esse quadro.

Sinais da depressão pós-parto

Os sintomas da depressão pós-parto são parecidos como os de qualquer quadro depressivo, a diferença é que esta doença também envolve o vínculo com um recém-nascido. São eles

  • Tristeza;
  • Pessimismo;
  • Alterações na alimentação (falta de apetite ou excesso de fome);
  • Anedonia (perda de prazer em fazer atividades diárias);
  • Alterações no sono (insônia ou dormir demais);
  • Visão negativa da vida, as coisas parecem "sem saída";
  • Cansaço;
  • Insegurança;
  • Irritabilidade;
  • Fadiga;
  • Choro frequente;
  • Inquietação;
  • Ansiedade;
  • Sentimentos de desvalia ou culpa inapropriada;
  • Dificuldade em se concentrar;
  • Em casos graves, pensamentos suicidas, delírios e alucinações;
  • Falta de vontade de cuidar do bebê ou apresentar cuidado excessivo.

Como tratar a depressão pós-parto?

O tratamento da depressão pós-parto vai depender do nível da doença e orientação do médico. Pode envolver o uso de medicamentos, sempre com prescrição médica, além de psicoterapias e/ou grupos de apoio, que são benéficos para a mulher.

Hoje em dia existem medicações seguras tanto para a gestação como durante a amamentação. A ausência de tratamento, inclusive, pode ser prejudicial para o bebê.